O Destino é o Caminho
O escritor carioca mistura informação e observação, paisagens e pessoas, ideias, lembranças, risos e reflexão em uma deliciosa viagem pelo celebrado Caminho de Santiago.
Ricardo iniciou o trajeto pelo Caminho Francês, o mais tradicional de muitos que levam a Santiago de Compostela e, por isso mesmo, um paraíso de peregrinos. Para ele - e os companheiros de viagem -, foram 42 dias de caminhada. Em alguns, chegou a percorrer 27 quilômetros; em outros dias, o cansaço e os calos nos pés exigiram uma pausa maior.
Apartir de fragmentos da história particular do autor, o leitor passa a compreender o que leva milhares de pessoas a se deslocarem, todos os anos, para seguir um percurso de quase 800 quilômetros a pé. Para o autor Ricardo Rangel, a resposta, imprecisa antes da partida, estava na busca pela “desconexão total de tudo e de todos”.
“O Caminho de Santiago de Compostela era uma hipótese distinta. Para começar, era diferente de tudo o que eu já havia feito; uma experiência intensa de muitas maneiras, não apenas no sentido físico. Também me atraía o fato de ser um lugar onde não há, em absoluto, decisões para tomar: você acorda de manhã e anda sem nem sequer precisar pensar para onde, pois existem setas amarelas por todo lado apontando a direção a seguir. Basta colocar um pé adiante do outro e deixar (ou não) o pensamento fluir. Além disso, dizia-se que as paisagens são belíssimas. Como se isso tudo fosse pouco, sempre há muita gente fazendo o Caminho, de modo que cada um tem a oportunidade de decidir — minuto a minuto — se quer solidão ou socialização.“(O Destino é o Caminho, p.19)