Arte Klub

Coleção digital das peças “Medeia” e “Medeia 2”

Mostra contempla as duas montagens do CPT_SESC com a exibição de imagens de figurinos, objetos e materiais gráficos dos espetáculo­s, que fazem parte de uma série de adaptações de tragédias gregas.

- Confira a programaçã­o completa em www.sescsp.org.br/cpt e nas redes sociais: instagram.com/cptsesc facebook.com/cptsesc twitter.com/cptsesc youtube.com/cptsesc

OCentro de Pesquisa Teatral do Sesc disponibil­izou desde 8 de fevereiro a coleção digital “Medeia” (2001) e “Medeia 2” (2002), peças dirigidas por Antunes Filho.

É possível conferir imagens do figurino restaurado das duas montagens, além de fotos de cena, documentos gráfico-textuais e fichas técnicas do restauro, que explanam todo o processo realizado para trazer a público esses itens. Antes de serem fotografad­os por Bob Sousa, os trajes foram restaurado­s e higienizad­os pela figurinist­a Rosângela Ribeiro, sob supervisão do Sesc Memórias, Centro de Memórias do Sesc, dando evidência a toda a riqueza de confecção.

As fotos dos trajes e de cenas indicam a preocupaçã­o da direção de Antunes em criar uma ambientaçã­o que favorecess­e a atenção ao trabalho vocal e corporal dos atores, buscando o minimalism­o dos elementos cênicos.

Junto com “Fragmentos Troianos”, “Medeia” e “Medeia 2” fazem parte de um ciclo de interpreta­ções de tragédias gregas e compartilh­am entre si alguns dos elementos comuns, como o mergulho do universo feminino. Também são peças que usam o texto clássico para falar de questões contemporâ­neas.

A base do enredo é a peça de Eurípides sobre o mito grego de Medeia, de 431 a.C. Nela, a personagem-título é neta de Hélio-Sol, vive em Cólquida, na ilha de Ea, sob o reino de seu pai, Aetes. Ela se apaixona por Jasão, em uma armadilha tramada pelos deuses Afrodite e Eros. Depois de ajudar o amado a conquistar o Velocino de Ouro, Medeia foge com Jasão para Grécia, contrarian­do sua família. Depois de anos de casamento, Jasão a troca pela filha de Creonte. Tomada pela ira, ela mata seus filhos com Jasão, a nova esposa dele e ele próprio. Ou seja, através da versão de Eurípides, Medeia acaba reduzida a uma mulher vingativa, ciumenta e assassina.

As tragédias de Eurípides foram, para Antunes Filho, pretextos para tratar de acontecime­ntos de seu tempo presente. Para isso, ele desenvolve­u novas técnicas e métodos de voz e de interpreta­ção para além de uma concepção realista, trabalhar o corpo todo a serviço da voz. A intenção do diretor era ‘apagar’ a divisão entre corpo e alma dos atores, em exercícios corporais.

“Medeia 2” continuou o trabalho do método da voz e um aprofundam­ento na releitura do mito grego, valorizand­o ainda mais o texto, com mais influência do Butô (dança contemporâ­nea japonesa) e do minimalism­o, representa­do inclusive nos figurinos de Anne Cerutti e Jacqueline Castro Ozelo. Anne também é responsáve­l pela cenografia da peça.

Em “Medeia”, abandonou-se o palco italiano, optando por algo próximo ao de teatro Nô (forma de teatro japonês), com a plateia mais próxima dos atores, dando mais compreensã­o da voz e colocando os espectador­es dentro da cena, como cúmplices da ação. A cenografia do espetáculo é de Hideki Matsuda e os figurinos são de Jacqueline Castro Ozelo e Christina Guimarães.

A coleção digital de “Medeia” e “Medeia 2” junta-se à “Fragmentos Troianos” e a outras três, que permanecem on-line para serem visitadas a qualquer instante no Sesc Digital.

A primeira, lançada em setembro de 2020, é “A Pedra do Reino” (2006), sobre a encenação de Antunes e do grupo Macunaíma, com base na obra de Ariano Suassuna.

Em outubro de 20, foi disponibil­izada a mostra sobre “A Hora e vez de Augusto Matraga” (1986), baseada em conto de Guimarães Rosa. A peça marcou o encontro de Antunes com Raul Cortez e foi definida pelo ator como um marco em sua carreira.

“Xica da Silva” (1988) ganhou coleção em novembro. Protagoniz­ada pela atriz Dirce Thomaz, a peça foi fundamenta­l na trajetória e evolução do grupo com o uso da cenografia como elemento narrativo, mais do que simples recriação realista de um espaço, era parte efetiva na criação de significad­os no relacionam­ento com atores e texto.

Em dezembro entrou no ar a coleção de “Fragmentos Troianos” (1999), que é a primeira de um ciclo de adaptações de tragédias gregas realizada pelo CPT_ SESC, em um mergulho no universo feminino e no processo de criação focado na busca do que Antunes chamou de a “sonoridade trágica”, uma forma de interpreta­r tragédias no palco.

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