NELSON RODRIGUES
Autor de frases impactantes e controversas como “Toda oração é linda. Duas mãos postas são sempre tocantes, ainda que rezem pelo vampiro de Dusseldorf” ou ainda “Na vida, o importante é fracassar”, redigiu 17 peças teatrais que são tidas como clássicas.
Frases “Sou reacionário. Minha reação é contra tudo que não presta.” “Não se apresse em perdoar. A misericórdia também corrompe.”
Nelson Rodrigues
Com certeza uma de suas maiores proezas foi a peça “Vestido de Noiva”, até hoje viva no imaginário popular brasileiro.
Nelson Falcão Rodrigues (Recife - PE 1912 - Rio de Janeiro RJ - 1980). Autor. Ao longo de sua trajetória artística, Nelson Rodrigues é alvo de uma polêmica que o faz conhecer tanto o sucesso absoluto, como em “Vestido de Noiva”, 1943, cuja encenação por Ziembinski marca o surgimento do teatro moderno no Brasil, quanto a total execração, como em “Anjo Negro”, 1948, ousada montagem para a época pelo Teatro Popular de Arte. Distante de qualquer modismo, tendência ou movimento, cria um estilo próprio e é hoje considerado um dos maiores dramaturgos brasileiros.
Aprimeira peça de Nelson já traz uma evidente carga psicológica, em que o jogo neurótico invade e transforma as relações. O que move a ação de “A Mulher sem Pecado” é o ciúme, doença aceita nos extratos mais recatados da sociedade. A narrativa se mantém dentro do comportamento social, só permitindo ao espectador acesso ao mundo interior das personagens através desse filtro. Na encenação do texto pela bem comportada companhia Comédia Brasileira, em 1942, o que é o latente estilo rodriguiano passa despercebido.
Em “Vestido de Noiva”, Nelson cria um artifício dividindo a ação em três planos - da memória, alucinação e realidade - permitindo ao espectador acessar toda a complexidade da psique da personagem central. O texto sugere insuspeitas perversões psicológicas, mas a temática não ultrapassa a traição entre irmãs e o apelo da vida mundana sobre a fantasia feminina. A encenação realizada por Ziembinski com o grupo Os Comediantes, em 1943, torna-se um marco histórico. A peça passa por várias montagens no decorrer das próximas décadas.
Em “Álbum de Família”, texto seguinte, escrito em 1945, Nelson elabora um mergulho radical na inconsciência primitiva de suas personagens, que se tornam arquétipos, trabalhando sua narrativa sobre as verdades profundas e inimagináveis do ser humano a
SERVIÇO:
PpeartniroditaescépluolraDdaanfiaemlLílaian.nAequi o tema se aloLjaoecmal:uGmaldeorsiamKaoiograenstAambuasrosociais - o incesto em todas as direções, entre irmãos, mãe e fidlheon, Período expositivo: até 29 poavieemfbilrhoa. O autor nomeia seu estilo de E“tneadterroeçdoe:saRguradGáuvmele”recinredconhece que este Saraiva, teatro, que se inicia a partir de “Álbum de Famcoímlia”a,giennvidaabmilizeantaorperpéevtioção Horário: das 11h às 15h, do sucesso de “InVfeosrtimdoaçdõeesN: oiva”, porque “são obras pestilentas, (11) 3045-0755/0944 fétidas, capazes, por si só, de produzir oInsttiafograema/GmalaerláiarKiaognanaApmlartoeia”. Facebook.com/galeriakoganamaro/ httEpm://w1w9w5.g3a,le“rAiakoFgaalneacmidaaro”.,copmrimeira tragédia carioca de Nelson retratando a peculiaridade da Zona Norte do Rio de Janeiro, é encenada por José Maria Monteiro, com a Companhia Dramática Nacional - CDN, tendo Sônia Oiticica e Sergio Cardoso como protagonistas. Na sequência, surge “Senhora dos Afogados”. A montagem que, inicialmente estrearia no Teatro Brasileiro de Comédia - TBC -, tem seu curso interrompido após meses de ensaios, sendo retomada em 1954 pela CDN, com direção de Bibi Ferreira. Ao final da estreia, ao subir, em uma extremidade do palco, o autor, e, na outra, a diretora, o público vira-se na direção dele e vaia, volta-se para ela e aplaude, exaltando o espetáculo para repudiar o texto. A causa do horror do público é outra vez a relação incestuosa, o amor da filha pelo pai, que faz com que a mãe se vingue traindo o marido com o noivo da filha, motivando assassinatos entre os membros da família.
“O Beijo no Asfalto” é escrita sob encomenda de Fernanda Montenegro a Nelson. Em 21 dias, o autor apresenta mais uma de suas tragédias cariocas, agora abordando a sordidez não só da imprensa, mas também da polícia, numa trama forjada que destrói a reputação de um homem, acusado de homicida e homossexual. O Teatro dos Sete estreia o espetáculo em 1961, sob a direção de Fernando Torres, com cenografia de Gianni Ratto, contando com Fernanda, Sergio Britto, Oswaldo Loureiro, Ítalo Rossi, entre outros.
Em 1965, Ziembinski retoma a parceria com Nelson, para lançar “Toda Nudez Será Castigada”, a história de um homem conservador que se apaixona por uma prostituta, que acaba por traí-lo com o próprio filho. Ela suicida-se após a fuga do rapaz com um outro homem, e deixa uma gravação revelando toda a verdade ao marido. Para incorporar a protagonista Geni, muitas atrizes são consultadas, mas recusam o papel, que é tomado com paixão por Cleyde Yáconis.
Sobre a assimilação e receptividade da obra rodriguiana na cena nacional, escreve seu maior estudioso, o crítico Sábato Magaldi: “Nelson Rodrigues tornou-se desde a sua morte, em 21/12/1980, aos 68 anos de idade, o dramaturgo brasileiro mais representado - não só o clássico da nossa literatura teatral moderna, hoje unanimidade nacional. Enquanto a maioria dos autores passa por uma espécie de purgatório, para renascer uma ou duas gerações mais tarde, Nelson Rodrigues conheceu de imediato a glória do paraíso, e como por milagre desapareceram as reservas que, às vezes, teimavam em circunscrever sua obra no território do sensacionalismo, da melodramaticidade, da morbidez ou da exploração sexual”. “Parece que, superado o ardor polêmico, restava apenas a adesão irrestrita. As propostas vanguardistas, que a princípio chocaram, finalmente eram assimiláveis por um público maduro para acolhê-las. Ninguém, antes de Nelson, havia apreendido tão profundamente o caráter do país. E desvendado, sem nenhum véu mistificador, a essência da própria natureza do homem”.
Nelson Rodrigues tem vinte de suas histórias transpostas para a tela do cinema, algumas em duas versões, como “Boca de Ouro”, de Nelson Pereira dos Santos, 1962, e de Walter Avancini, 1990, e “Bonitinha, mas Ordinária”, de R. P. de Carvalho, 1963, e de Braz Chediak, 1980. Algumas das realizações mais bem-sucedidas são “A Falecida”, de Leon Hirszman, 1965, e “O Casamento”, de Arnaldo Jabor, 1975. Suas crônicas para O Jornal, sob o pseudônimo de Suzana Flag, são publicadas em livros, como “Meu Destino é Pecar”, “As Escravas do Amor” e “O Homem Proibido”. Assinando artigos sobre esporte, não priva o leitor de seu estilo dramático.
A consagração, com vários sucessos, transformou-o no maior dramaturgo brasileiro do século XX, apesar de suas obras terem sido, quando lançadas, tachadas por críticos como “obscenas”, “imorais” e “vulgares”. Em 1962, começou a escrever crônicas esportivas, deixando transparecer toda a sua paixão pelo futebol.
“Sou um menino que vê o amor pelo buraco da fechadura. Nunca fui outra coisa. Nasci menino, hei de morrer menino. E o buraco da fechadura é, realmente, a minha ótica de ficcionista. Sou (e sempre fui) um anjo pornográfico (desde menino).“