RECONSTRUÍDO Museu da Língua Portuguesa
Com investimento total de mais de R$ 85 milhões, espaço reabre ao público após incêndio em 2015.
A reconstrução do Museu da Língua Portuguesa foi estabelecida como prioridade pelo Governo de São Paulo. As obras começaram em 2017 e foram divididas em três fases: restauro do interior e das fachadas; reconstrução da cobertura destruída no incêndio; e intervenções de ampliação e melhoria. A partir de 2019, foi realizada a implantação do conteúdo e das experiências, assim como a iluminação externa e a contratação da equipe.
Para devolver este patrimônio cultural à população no menor tempo possível, o Governo de São Paulo, em conjunto com a Fundação Roberto Marinho, recebeu o suporte de dezenas de parceiros e apoiadores. O investimento total foi de mais de R$ 85 milhões, incluindo a indenização do seguro e o patrocínio de diversas empresas, além do aporte do Governo do Estado e do apoio da Fundação Calouste Gulbenkian, do Camões - Instituto da Cooperação e da Língua, do ID Brasil e do Governo Federal, por meio da Lei Rouanet.
“A cena cultural de São Paulo e do Brasil está em júbilo com a reabertura do Museu, esta que é a segunda maior obra cultural hoje no Brasil. A primeira também está em SP, o restauro e ampliação do Museu do Ipiranga”, destacou Sérgio Sá Leitão, Secretário de Cultura e Economia Criativa do Estado.
O Museu apresentará nesta nova fase experiências inéditas, como as novas instalações “Línguas do Mundo”, “Falares” e “Nós da Língua Portuguesa”. No térreo, a edificação foi aberta à estação, com o objetivo de estreitar a comunicação entre o espaço cultural e o público. Nos andares superiores, os visitantes encontrarão mais salas. No terceiro piso, foi construído um terraço aos pés da Torre do Relógio, que proporciona uma das mais bonitas vistas da cidade. Este mezanino será dedicado ao arquiteto Paulo Mendes da Rocha, que morreu em maio deste ano. Por fim, a concepção de um Centro de Referência da Língua Portuguesa, com a proposta de funcionar como um fórum de estudos e pesquisas e um território de aproximação entre os países lusófonos.
A instalação “Nós da Língua Portuguesa”, novidade na exposição e que amplia a presença da Comunidade
Em sua exposição de longa duração, o Museu terá experiências inéditas e outras anteriormente existentes que marcaram o público em seus 10 anos de funcionamento (2006-2015). Entre as novas instalações estão “Línguas do Mundo”, destacando 23 das mais de 7 mil línguas faladas hoje no mundo; “Falares”, apresentando os diferentes sotaques e expressões do idioma no Brasil; e “Nós da Língua Portuguesa”, um caminho pela presença do idioma no mundo, com os laços, embaraços e a diversidade cultural da Comunidade de Países de Língua Portuguesa (CPLP).
dos Países de Língua Portuguesa (CPLP) no Museu, tem duplo objetivo. De uma parte, mostrar a presença estabelecida da língua portuguesa no mundo: o idioma é falado hoje em cinco continentes por 261 milhões de pessoas. De outra, mapear suas novas movimentações.
“Falares” é como a língua se expressa nas falas do Brasil, nos territórios, nos corpos - nas gírias, na fala dos mais velhos, na linguagem das ruas, nas rezas, nas brincadeiras das crianças. Uma das novas experiências audiovisuais do Museu - com consultoria de Marcelino Freire e Roberta Estrela D’Alva, roteiro e direção de Tatiana Lohman -, forma o mosaico de um Brasil diverso.
Nove grandes telas verticais - que retratam anônimos e famosos, como a cartunista Laerte - formam uma espécie de “bosque” de falares, mostrando a diversidade do português brasileiro, suas variações geográficas e socioculturais. O visitante passeia por entre as telas, percebendo diferentes aspectos da língua portuguesa viva. Os depoimentos se desenvolvem em loop, com alguma conexão entre palavras, expressões e assuntos. Uma estação multimídia permite aos visitantes aprofundar a pesquisa sobre variação linguística, com o acervo de falares do país, depoimentos sobre a língua e explicações de especialistas.
Uma das experiências originais do Museu, a Praça da Língua, espécie de ‘planetário do idioma’, mantém parte do seu conteúdo, homenageando a língua portuguesa escrita, falada e cantada em um espetáculo imersivo de som e luz.
Concebida por José Miguel Wisnik e Arthur Nestrovski, traz um mosaico de músicas, poesias, trechos literários e depoimentos em língua portuguesa - de Carlos Drummond de Andrade a Dorival Caymmi, passando por Fernando Pessoa, Nelson Rodrigues e Lamartine Babo -, interpretados por nomes como Maria Bethânia e Matheus Nachtergaele.
As principais experiências seguem no acervo, como a instalação “Palavras Cruzadas”, que mostra línguas que influenciaram o português no Brasil; e a “Praça da Língua”, espécie de ‘planetário do idioma’, que homenageia a língua portuguesa escrita, falada e cantada em espetáculo imersivo de som e luz. Já a exposição temporária de reabertura do Museu, “Língua Solta”, traz a língua portuguesa em seus amplos e diversos desdobramentos na arte e no cotidiano. Com curadoria de Fabiana Moraes e Moacir dos Anjos, a mostra conecta a arte à política, à vida em sociedade, às práticas do cotidiano, às formas de protesto e de religião, em objetos sempre ancorados no uso da língua portuguesa.