TABULEIRO OUIJA
WHATSAPP COM OS MORTOS? HÁ QUASE MIL ANOS, ESTA PEÇA GANHOU FAMA DE FAZER CONEXÕES SOBRENATURAIS
Uma superfície plana com letras, números e alguns símbolos. Para os menos crédulos, um mero instrumento para brincadeira de criança. Mas não falta quem atribua ao tabuleiro Ouija poderes sobrenaturais. Seria uma ferramenta de necromancia: a arte de se comunicar com os mortos. No caso, uma arte que não é destes tempos.
A primeira evidência de uma variante do tabuleiro foi encontrada na China: documentos da Dinastia Song, de algo em torno do ano 1100, mencionam a peça mística. Mas usá-la não era para qualquer um. A comunicação com os mortos, conhecida como fuji (“escrita espiritual”), era usada em rituais apenas sob supervisão de membros autorizados.
Mas a prática só foi se popularizar séculos depois, nos anos 1800. A expectativa de vida, então, era inferior a 50 anos, e as pessoas eram atraídas pela promessa de trocar mensagens com seus fantasmas queridos.
Contribuiu para isso o fato de, na Europa e nos Estados Unidos, no meio do século 19, o espiritualismo estar decolando em grande escala. Uma nova religião, o espiritismo, afirmaria
que a morte do corpo físico não significa o fim também do espírito. Com isso, muita gente séria se dedicou a estudar e praticar essa fé. Mas a ideia de que os mortos estariam aceitando ligações em outra dimensão foi um prato cheio também para charlatões – ou empreendedores com bom olho para novas oportunidades.
Percebendo o segmento que se formara, o empresário Charles Kennard inventou uma forma prática de receber as mensagens do plano espiritual: uma “mesa falante”, versão ainda rústica da Ouija atual. Durante a divulgação do produto, Kennard alegou que, ao perguntar aos espíritos como sua invenção deveria ser chamada, a prancheta teria soletrado a palavra “Ouija”. E ainda explicou o significado: “boa sorte”.
Em 1891, o americano Elijah J. Bond conseguiu a patente do Ouija, e então o tabuleiro fez sucesso comercial, sendo vendido como brinquedo. Não tem como comprar? Sem problema. Um plano B é começar o bate-papo entre vivos e mortos com a tradicionalíssima “brincadeira do copo” – outra opção sobrenatural responsável por deixar crianças e adolescentes dormindo de luz acesa por noites e noites.