APARELHO ORTODÔNTICO
O ACESSÓRIO JÁ FOI PARECIDO COM INSTRUMENTO DE TORTURA. MAS GANHOU SUAVIDADE INSPIRADO NOS PIANOS
Como manter um sorriso alinhado, saudável e lindão, daqueles de comercial de pasta de dentes? Essa preocupação não nasceu anteontem. A questão é tão importante que os gregos da Antiguidade já usavam um modelo primitivo de aparelho ortodôntico: uma espátula de madeira pressionada contra os dentes.
Nesse mesmo intuito de arrumar o sorriso, os antigos egípcios encontraram uma solução parecida: em vez de exercer pressão, como os gregos, eles fixavam a madeira nos dentes, amarrando-a na boca. Hum... devia doer.
O primeiro aparelho ortodôntico de verdade surgiria muuuuito tempo depois dessas tentativas lancinantes. Foi já na Idade Moderna, em 1728, que um dentista francês de nome Pierre Fauchard inventou o bandeau (bandô). Mas o paciente continuou sofrendo: a geringonça parecia um instrumento de tortura medieval. Era uma tira de couro duro que envolvia os dentes por meio de cordas amarradas com força, para modelar a arcada dentária.
Os aparelhos de metal só apareceram em 1841 e, já que o assunto é tortura, funcionavam como pregos. As bandas de metal eram inseridas, ou melhor, “parafusadas” nos dentes. Até que sorrisos tortos do mundo inteiro puderam respirar mais aliviados 18 anos depois, quando o artista e dentista americano Norman William Kingsley se tornou o pai dos aparelhos que conhecemos hoje. Ele inventou uma placa que envolvia o céu da boca, acessório que seria aprimorado posteriormente para o que hoje chamamos de aparelho móvel – uma peça capaz de melhorar o efeito sobre a mordida profunda.
Então, há exatamente 70 anos, o inglês Charles Reuel Coffin desenvolveu o fio do aparelho que é usado até hoje. E a inspiração veio da música. Ele analisou a flexibilidade das cordas dos pianos e decidiu fazer igual com os fios dos aparelhos. Voilà: o mundo ganhava aparelhos mais flexíveis e confortáveis. Ficamos com essa mesma tecnologia basicamente até os anos 1980, quando os aparelhos começaram a diminuir de tamanho e até ganhar cores chamativas. Hoje, muitos jovens usam peças improvisadas e personalizadas nos dentes, sem necessidade (o que é contraindicado pelos odontologistas). E não é por masoquismo. Por mais surpreendente que pareça, o aparelho que já fez tanta gente sofrer acabou virando moda. Há quem ache que dá destaque ao sorriso. Enfim...