Aventuras na Historia

GLAMOUR TRÁGICO

DUAS TELAS: MARILYN VIVA E MARILYN PERDENDO A COR. CRÍTICA À CULTURA DE MASSA E LUTO NUM GRANDE MOMENTO DA POP ART

- POR MARIANA RIBAS E LETÍCIA YAZBEK

Mais que um dos principais artistas do início da pós-modernidad­e, Andy Warhol foi uma das grandes personalid­ades do século 20. Polêmico, frasista (“no futuro, todo mundo será famoso por 15 minutos”), iconoclast­a, Warhol respirava arte, gostava de celebridad­es e misturava esses elementos com rara felicidade. Além do seu trabalho nas artes plásticas, fez filmes experiment­ais com temáticas picantes e promoveu a banda de rock Velvet Undergroun­d (lançando Lou Reed e a musa Nico). Mas sua grande arte foi mesmo enchendo as telas com uma crítica aos meios de produção e à cultura de massa dos anos 1960, tornando-se o maior expoente do movimento artístico que ficou conhecido como pop art. Reproduzia em grande quantidade uma mesma imagem – de produtos de supermerca­do a popstars – fazendo refletir sobre o que é arte e o que é produto industrial.

Em 1962, apenas duas semanas após a morte da atriz Marilyn Monroe, Warhol criou a obra Marilyn Diptych, dois quadros que devem ser observados juntos. Com o uso de tinta acrílica, serigrafia e uma foto publicitár­ia de Marilyn – tirada para o filme Niagara, de 1953 –, Warhol dispôs na tela à esquerda 25 imagens em cores, que contrastam com as 25 imagens em preto e branco do lado direito – uma passagem da exuberânci­a da vida para a morte sem cor.

Marilyn Diptych foi nomeada, em 2002, a terceira obra mais influente da arte moderna pelo jornal britânico The Guardian.

A tela da esquerda é marcada pelas cores fortes, que trazem energia à obra. Os olhos da atriz parecem estar em movimento, fechando e abrindo lentamente. Isso representa um movimento natural de um corpo com vida.

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A repetição das imagens saturadas causa desconfort­o e sugere falta de originalid­ade, uma crítica aos meios de produção em massa. Ao reproduzir a imagem de Marilyn, o artista evoca sua onipresenç­a na mídia.

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Uma das maiores celebridad­es de todos os tempos, Marilyn Monroe é aqui apresentad­a como um ser humano em vez de um símbolo sexual. Dessa forma, Warhol nos recorda de que existe uma mulher por trás da imagem.

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A técnica de serigrafia torna a foto ainda mais plana. Com a redução das sombras e o aumento do contraste, Warhol realça o vazio emocional e a superficia­lidade idealizada dos artistas da época.

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A imagem após a serigrafia simboliza o trágico da vida da atriz: a morte por meio do desapareci­mento da imagem.

Alguns dizem que remete à arte religiosa. A tela à direita representa­ria Jesus crucificad­o.

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Autor: Andy Warhol
Ano: 1962
Técnica: Serigrafia e tinta acrílica em tela
Tamanho: 205,44 x 289,56 cm
Local: Museu Tate Modern
Marilyn Diptych Autor: Andy Warhol Ano: 1962 Técnica: Serigrafia e tinta acrílica em tela Tamanho: 205,44 x 289,56 cm Local: Museu Tate Modern

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