Aventuras na Historia

ARTE NA ESTRADA

NO PAQUISTÃO E NA ÍNDIA, A CENTENÁRIA ARTE POPULAR NÃO ESTÁ SÓ NAS CASAS E MUSEUS, MAS TAMBÉM NAS RODOVIAS

- POR ALEXANDRE CARVALHO

HERANÇA INGLESA

A criativida­de das frases espirituos­as nos para-choques de caminhão – uma tradição das rodovias brasileira­s – fica no chinelo perto do que se vê nas rodovias do sul da Ásia. A arte popular de decorar caminhões é mais que um costume: é uma expressão cultural centenária. No Paquistão (ilustrado nestas duas páginas), suas origens remontam à década de 1920, quando caminhões importados da Inglaterra invadiram as ruas do país com grandes proas de madeira na parte superior e parachoque­s decorativo­s.

AMORPRÓPRI­O

No livro On Wings of Diesel, o paquistanê­s Jamal J. Elias, professor de estudos religiosos, explica que a arte de caminhão é uma poderosa ferramenta de comunicaçã­o em seu país, uma projeção externa das tensões locais. Suas inscrições religiosas, símbolos e o mosaico de fitas reflexivas, pinturas, metais, espelhos, madeira, contam histórias – individuai­s e coletivas. Expressões de uma identidade que torna cada veículo um motivo de orgulho.

BELEZA QUE LUCRA

Há quem decore seus caminhões só pela satisfação pessoal.

Mas também existem os motoristas profission­ais asiáticos que veem nos ornamentos uma forma de investimen­to. Acreditam que quanto mais reluzente o veículo, mais atrai clientes. Tanto que alguns chegam a investir dois anos de salário para ter sua própria instalação artística sobre rodas. Em Karachi, cidade mais populosa do Paquistão, a decoração de caminhões é um negócio que emprega 50 mil pessoas.

PODE BUZINAR

Na Índia (ilustrada nestas outras páginas), os ornamentos incluem imagens de uma religião: hindu, muçulmana, sikh e cristã.

Mas a fé não é a única inspiração no país. Estrelas de Bollywood – a indústria do cinema indiano –, iconografi­a política e símbolos de boa sorte também fazem parte da decoração. Na traseira, uma tradição bem-humorada: a mensagem “Horn please”, em inglês mesmo, incentiva que os demais motoristas buzinem ao passar o caminhão. Como numa festa móvel.

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