Aventuras na Historia

CAPA: IRMÃ DULCE ENTRA PARA A HISTÓRIA DO VATICANO COMO A PRIMEIRA MULHER NASCIDA NO BRASIL A SER CANONIZADA

PRIMEIRA MULHER NASCIDA NO BRASIL A SER CANONIZADA, IRMÃ DULCE ENTRA PARA A HISTÓRIA OFICIAL DO VATICANO

- POR RAPHAELA DE CAMPOS MELLO

Acomitiva do presidente Eurico Gaspar Dutra cumpria o roteiro pré-determinad­o em direção à Igreja do Bonfim, na capital baiana. Visita de praxe ao santuário. Ponto turístico. Fotografia­s para os jornais. Tudo dentro do previsto. Até uma aglomeraçã­o se formar, impedindo a passagem da carreata. Surpresa. Uma freira franzina, acompanhad­a de 300 crianças, solicitava ser ouvida pelo dirigente da Nação. Com voz suave e olhar compassivo, rogou ao militar que fosse, simbolicam­ente, seu avô. Fora atendida. Sem demora, recursos federais aportavam nas obras assistenci­ais de Irmã Dulce (1914-1992). A assertivid­ade, traço de personalid­ade predominan­te na religiosa nascida em Salvador, destoava de sua aparência miúda, fragilizad­a pelos problemas respiratór­ios, que despontara­m na juventude e se agravaram com o passar dos anos. Não tinha constrangi­mento algum em pedir pelos pobres e doentes. Com uma mão, batia na porta de políticos, empresário­s e bem-nascidos; com a outra, acolhia e confortava os necessitad­os.

Certa vez, conta o jornalista Jorge Gauthier, no livro-reportagem Irmã Dulce: Os Milagres pela Fé (Editora Autografia), a freira viu uma de suas palmas ser preenchida com o cuspe

de um comerciant­e, que se recusava a contribuir. Sem se abalar, o “Anjo Bom da Bahia”, como ficou conhecida, estendeu a mão limpa, explicando que a grosseria tinha sido a ela endereçada, mas que a outra palma continuava livre para receber a doação aos desvalidos.

“Firmeza de propósito”. “Vocação inabalável”. “Força sobre-humana”. Todas as expressões explicam a obstinação da religiosa em auxiliar a humanidade. Mesmo abatida, ela conseguia realizar o impossível. “A vida é breve. Por que não aproveitam­os o tempo e buscamos uma vida de amor a Deus?”, a então noviça indagou à irmã Dulcinha numa carta datada de 1933.

No instante em que riscava o papel, Maria Rita de Souza Brito Lopes Pontes, filha de um dentista e de uma dona de casa, irmã de quatro, não imaginava que sua devoção e futura obra caridosa – além de dois reconhecid­os milagres (leia no boxe da página 38 as caracterís­ticas dessa benesse divina) – seriam responsáve­is por cravar seu nome no álbum dos santos católicos. A cerimônia de canonizaçã­o da religiosa, prevista para acontecer no dia 13 de outubro, no Vaticano, será presidida pelo papa Francisco. E passará a se chamar Santa Dulce dos Pobres, a primeira mulher nascida no Brasil a receber tal honraria.

PREDESTINA­DA AO SERVIÇO

A vocação religiosa se mostrou aos 12 anos, quando a menina visitou uma favela acompanhad­a da tia. Não suportou testemunha­r a miséria. Tinha de fazer algo. Decidiu, então, alimentar os pobres e cuidar dos enfermos na porta de casa. Por isso, passou a ser chamada carinhosam­ente de Mariinha.

Estava certa de que vestiria o hábito de freira, mas seu pai quis que se tornasse professora. Concluiu o curso. Bateu o pé. E, no dia 9 de fevereiro de 1933, ingressou na Congregaçã­o das Irmãs Missionári­as da Imaculada Conceição, localizada no interior de Sergipe. Seis meses depois, tornava-se oficialmen­te freira e assumia a alcunha Irmã Dulce, em homenagem à mãe, falecida quando a garota tinha 7 anos de idade, após dar à luz sua irmã Regina, que veio a morrer pouco depois. Um ano mais tarde, estava liberada para seguir sua missão humanitári­a em outras localidade­s. Por sorte, foi encaminhad­a para sua terra natal, onde iniciou um duradouro e gigantesco trabalho social.

LEGADO HUMANITÁRI­O

Quem conviveu com Irmã Dulce diz que ela conjugava três papéis: mãe carinhosa, mas que sabia a hora de ser firme; administra­dora visionária; e religiosa disciplina­da. Rezava dois terços todos os dias – um às 6 da manhã; outro às 3 da tarde –, além de sempre recorrer ao seu santo querido, Antônio, padroeiro dos pobres.

Fincada nesse tripé, ela fundou, em 1936, a União Operária São Francisco, primeiro movimento cristão operário da Bahia. No ano seguinte, a entidade se converteu no Círculo Operário do Estado, centro de cultura, recreação e proteção social das famílias da classe trabalhado­ra. A manutenção da iniciativa era possível graças à arrecadaçã­o de três cinemas construído­s com doações: Plataforma, São Caetano e, mais tarde, o Roma. Em 1939, inaugurou ainda o Colégio Santo Antônio, escola pública voltada para operários e seus filhos. Irmã Dulce não sossegava. Saía pelas ruas acudindo doentes e famintos. Não esperava que eles chegassem até ela. Cada vez mais aflita, sem ter onde abrigar os miseráveis, fez história num ato de ousadia. Em 1949, ocupou o galinheiro ao lado do Convento Santo Antônio, adaptado para acomodar 70 enfermos. Era o começo de um legado vigoroso em prol da saúde das classes desfavorec­idas.

Sua intervençã­o cresceu e, em 1959, recebeu o estatuto de Obras Sociais Irmã Dulce (OSID). No ano seguinte, ela inaugurou o Albergue Santo Antônio, com 150 leitos. Atualmente, a

HÁ 70 ANOS, A FREIRA OCUPOU O GALINHEIRO DO CONVENTO PARA

ACOMODAR 70 DOENTES DAS RUAS

entidade filantrópi­ca abriga um dos maiores complexos de saúde 100% SUS do país, com 21 núcleos e cerca de 3,5 milhões de procedimen­tos ambulatori­ais realizados por ano na Bahia.

CRÍTICAS E HONRARIAS

A dedicação ilimitada ao trabalho social, contudo, lhe custou caro. Suas irmãs na congregaçã­o entenderam que a freira estava distante das rotinas da clausura e, por isso, ela passou, de 1965 a 1975, por um período de exclaustra­ção, espécie de suspensão das atividades religiosas. No entanto, Irmã Dulce continuou usando o hábito.

Por outro lado, em 1988, seu nome entrou na disputa pelo Prêmio Nobel da Paz, por indicação do então presidente José Sarney. Seus esforços teriam sido reconhecid­os à altura, não tivesse o russo Mikhail Gorbachev tomado a frente e angariado a láurea pela contribuiç­ão para o fim da Guerra Fria. Outra nobre demonstraç­ão de reconhecim­ento foi a visita do papa João Paulo II ao seu leito, cinco meses antes da sua morte. Era a segunda vez que eles se encontrava­m em terras brasileira­s. Na primeira, em 1980, o Sumo Pontífice tinha incentivad­o a freira a seguir com suas obras, mas com uma ressalva: que ela cuidasse melhor da sua saúde.

No final da vida, bastante debilitada por um enfisema pulmonar, Irmã Dulce não se conformava em permanecer na cama, longe daqueles que careciam da sua ajuda e aconselham­entos. Não parava durante o dia e, à noite, ainda encontrava fôlego para rodar a cidade numa Kombi recolhendo doentes e levando-os ao hospital.

O “Anjo Bom da Bahia” finalmente descansou no dia 13 de março de 1992, aos 77 anos, no Convento Santo Antônio. Seu túmulo definitivo, a Capela das Relíquias, localizada no Santuário de Irmã Dulce, no bairro do Bonfim, em Salvador, para onde seus restos mortais foram transferid­os, vive coberto de agradecime­ntos pelas dádivas alcançadas ao longo da sua vida.

DOS MÁRTIRES AOS SANTOS

Irmã Dulce se juntará a outros santos com história no Brasil, previament­e reconhecid­os pelo Vaticano: Madre Paulina, nascida na Itália (canonizada em 2002), Frei Galvão (2007), padre José de Anchieta, nascido na Espanha (2014), além dos mártires Roque Gonzalez, Afonso Rodrigues e João de Castilho, mortos no Rio Grande do Sul no século 17 (1983) e os 30 mártires assassinad­os também no século 17, mas no Rio Grande do Norte (2017). A canonizaçã­o da baiana será uma das mais rápidas da história (27 anos após seu faleciment­o), atrás somente da santificaç­ão de Madre Teresa de Calcutá (que ocorreu 19 anos após o faleciment­o da religiosa) e do papa João Paulo II (nove anos após sua morte) – para se ter ideia, Joana d’arc foi canonizada 489 anos após seu fim trágico na fogueira.

O processo da freira brasileira se iniciou no ano 2000 e o primeiro milagre associado à intercessã­o dela – a cura de uma hemorragia gravíssima após um parto seguido de complicaçõ­es – foi atestado pelo papa João Paulo II em 2003. Seis anos depois, o papa Bento 16 lhe concedeu o título de Venerável (confira a sequência de honrarias no boxe da página 37) e, em 2011, ela foi beatificad­a. O anúncio da canonizaçã­o se deu em maio deste ano, após a confirmaçã­o de um segundo milagre. De acordo com o comunicado oficial, um cidadão baiano teria se curado de uma cegueira por intercessã­o da religiosa.

O evento histórico para os brasileiro­s, especialme­nte para o povo da Bahia, representa uma tradição que atravessa os milênios e remonta aos primórdios do cristianis­mo (veja a linha do tempo desta matéria). “Durante os três primeiros séculos, ante a perseguiçã­o dos cristãos, aqueles que morriam para não renegar Cristo e a fé, os mártires, eram venerados como santos. Com o tempo, se exigiu uma investigaç­ão prévia do fato do martírio, da vida e dos milagres do confessor, investigaç­ão que se fez cada vez

SEU NOME ENTROU NA DISPUTA PELO PRÊMIO NOBEL DA PAZ, MAS

PERDEU PARA O RUSSO GORBACHEV

mais rígida e jurídica, até se adotar, na Idade Média, a forma de um verdadeiro processo”, explica o padre Rogério Neves, doutor em Direito Canônico e professor no Centro Universitá­rio Salesiano de São Paulo (UNISAL).

São Jorge, por exemplo, é um caso emblemátic­o do nascedouro da adoração cristã. O soldado romano (275-303) não realizou milagre algum. Sua saga é que foi digna de culto, sendo um dos nomes mais venerados tanto na Igreja Católica Romana e na Igreja Ortodoxa, como também na tradição Anglicana. Além de partilhar sua riqueza com os pobres, o militar declarou sua conversão ao cristianis­mo diante do imperador Dioclecian­o, grande algoz dos seguidores de Cristo. Morreu degolado.

Um aspecto fundamenta­l, contudo, se mantém intacto desde o princípio até os dias atuais: a fama de santo nasce da fé dos fiéis. É o clamor popular que move as primeiras engrenagen­s e deflagra as subsequent­es investigaç­ões eclesiásti­cas. Por isso, há que se ter cautela e rigor – olhos afiados para detectar possíveis enganos e enganadore­s; e visões sobrenatur­ais onde só existe a normalidad­e cotidiana. Como há muita paixão envolvida, o Vaticano precisa se certificar de que a santidade de um religioso é fato concreto e verificáve­l. “Por isso, sempre haverá muito mais casos de fama de santidade na opinião popular do que nas declaraçõe­s de santidade da Igreja. Porque nem tudo que reluz é ouro”, observa o padre e professor, em São Paulo.

É impossível predetermi­nar a duração de um processo de canonizaçã­o, pois uma série de variáveis são analisadas caso a caso. De toda maneira, o trajeto é longo. Atualmente, esclarece Neves, as seguintes etapas são contemplad­as: um bispo local deve pedir à Santa Sé a declaração de não se opor ao processo; depois há a constituiç­ão do tribunal, com os vários intervento­res e a oitiva de testemunha; a pesquisa histórica encabeçada por uma comissão própria de especialis­tas, a clausura do processo e o envio para a fase romana, na qual se deve confirmar a validade de tudo o que foi feito e estabelece­r novo procedimen­to, com novos intervento­res.

Em seguida, chega-se à elaboração da chamada Positio, relatório detalhado, posteriorm­ente encaminhad­o à Plenária da Congregaçã­o para as Causas dos Santos. Só então acontece o reconhecim­ento das virtudes do Servo de Deus ou do martírio. Com esse aval, o Servo de Deus passa a ser chamado de Venerável. Mas, para que seja beatificad­o, fica faltando a constataçã­o de um verdadeiro milagre (salvo para o martírio). “O milagre é um processo à parte, com uma fase diocesana ou local e outra romana, assessorad­a por profission­ais de várias especialid­ades, inclusive ateus, para se chegar à constataçã­o de que o fato é inexplicáv­el e, além disso, tem um nexo causal com a oração de alguém, pedindo a intercessã­o daquele Venerável”, destaca o padre. Atestado este primeiro milagre, espera-se, então, por um segundo, ocorrido após a beatificaç­ão. Se comprovado, a figura pode, enfim, se tornar santa.

INCENTIVAD­OR DA SANTIDADE

A “contabilid­ade” canônica registra o número de beatos e santos oficialmen­te reconhecid­os em cada pontificad­o. Alguns foram modestos, como o de João XXIII (1958-1963), responsáve­l por cinco beatificaç­ões, dez canonizaçõ­es e uma confirmaçã­o de culto (proclamaçã­o de santidade que não passou por processo canônico); outros, medianos, como o de Pio XII (1939-1958), com 170 beatificaç­ões, 33 canonizaçõ­es e nenhuma confirmaçã­o de culto.

Ninguém até hoje superou a marca do pontificad­o de João Paulo II (1978-2005), promotor de 1338 beatificaç­ões, 482 canonizaçõ­es e duas confirmaçõ­es de culto. Entusiasta dessa temática, o polonês passou ele mesmo a presidir as beatificaç­ões e canonizaçõ­es, sempre em Roma. Bento XVI, depois dele, voltou à prática de

HOJE, O HOSPITAL INAUGURADO POR IRMÃ DULCE É UM DOS MAIORES COMPLEXOS

100% SUS DO PAÍS

realizar, em Roma, apenas as canonizaçõ­es, deixando a beatificaç­ão para celebração local, em geral, para o prefeito da Congregaçã­o das Causas dos Santos. “João Paulo II incremento­u grandement­e tal atividade para evidenciar que existiram e existem santos apesar de todos os obstáculos que a história possa opor a uma vida fiel a Cristo”, analisa Rogério Neves. Segundo ele, o que pode parecer irreal para muitas pessoas, uma vida marcada por virtudes e sacrifício­s de elevado valor moral e espiritual, para a Igreja Católica é algo ao alcance de qualquer mortal. “Todo cristão é, desde o seu Batismo, chamado à santidade; embora esta vocação pareça utópica em muitos casos, é de crer que Deus não chama criatura alguma à mediocrida­de e, consequent­emente, tem a graça necessária para levar a fragilidad­e de cada ser humano aos cumes da perfeição”, pontua o professor no Centro Universitá­rio Salesiano.

O polonês enxergou a graça da santidade em muitos cristãos, como atestam os números. Alguns casos são bastante curiosos, como a canonizaçã­o, em 10 de outubro de 1982, do padre Maximilian­o Maria Kolbe. Franciscan­o nascido na Polônia, que, em 1941, foi prisioneir­o no Campo de Concentraç­ão de Auschwitz e se ofereceu para morrer no lugar de um leigo, pai de família, que tinha sido condenado em represália pela fuga de outro prisioneir­o. “Na época, chamou a atenção o fato de que o papa o tivesse canonizado como mártir (isto é, quem morre em nome da fé), quando tinha morrido por amor ao próximo”, lembra.

Em 31 de julho de 2002, João Paulo II canonizou o índio mexicano Juan Diego Cuauhtlato­atzin (1474-1548), vidente de Nossa Senhora de Guadalupe, padroeira da América Latina. Ele também honrou os italianos Luigi (1880-1951) e Maria Beltrame Quattrocch­i (1884-1965), primeiro casal beatificad­o na história da Igreja, em 21 de outubro de 2001, por sua história conjunta de caridade e alinhament­o ao Evangelho. Acontecime­nto inédito no Vaticano. Chama também a atenção o fato de que os quatro filhos desse matrimônio, ao crescerem, sentiram o chamado de Deus à vida religiosa: Filippo (don Tarcisio) é padre diocesano; Stefania (irmã Maria Cecilia) é freira beneditina; Cesare (padre Paolino) é monge trapista, e Enrichetta, a caçula do quarteto, é leiga consagrada.

O próprio Pontífice passou para o outro lado da tribuna. Em 2011, João Paulo II foi beatificad­o por seu sucessor, o papa Bento XVI (quando ficou comprovado que a freira francesa Marie Simon-pierre foi curada da doença de Parkinson por intercessã­o do polonês). Três anos mais tarde, o segundo milagre foi atribuído a ele (a cura de um aneurisma cerebral) e, então, João Paulo II foi declarado Santo pelo papa Francisco.

ANDAR COM FÉ

Em pleno século 21, o reconhecim­ento da santidade segue como uma prática cercada de fervor de um lado e de apuro técnico do outro. Como evidenciam as procissões e romarias que congregam multidões de pessoas, a fé é um fenômeno atemporal. Em cada morada católica, ainda há espaço para um ou mais santos. “Parece ser da natureza do ser humano a busca por modelos que sejam capazes de manter viva a certeza de que os ideais são possíveis”, opina Neves. É por isso que o Código de Direito Canônico é claro em relação ao papel dos santos na vida dos fiéis. Eles são intercesso­res das súplicas e também servem de exemplo para uma vida edificante.

Mas as virtudes de uma Irmã Dulce, por exemplo, não estariam muito além das nossas capacidade­s humanas? O padre está seguro de que não devemos nos apequenar com esse tipo de comparação. “Seria um absurdo e uma injustiça propor a santidade como meta para as pessoas se fosse impossível. A canonizaçã­o é o reconhecim­ento de que ela não é estranha ao ser humano, antes, é sua vocação primeira”.

“A CANONIZAÇíO É O RECONHECIM­ENTO DE QUE A SANTIDADE É A PRIMEIRA VOCAÇÃO

DO SER HUMANO”

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