A ROMA ASIÁTICA
Os cerca de 20 reis khmer foram os mecenas de uma arte e arquitetura que impressionam o mundo há pelo menos sete séculos, quando os primeiros visitantes estrangeiros cruzaram os portões de ouro do antigo império asiático. “A construção é tão extraordinária que não é possível descrevê-la, particularmente porque não é como nenhum outro edifício no mundo”, escreveu em seu diário do século 16 o padre português Antônio de Madalena, referindo-se ao templo de Angkor Wat. Por muito tempo, as magníficas obras de arte foram creditadas aos romanos ou a alguma outra grande civilização. “Era difícil acreditar que um povo desvalido como os cambojanos tivesse construído algo tão monumental”, disse o arqueólogo Charles Higham, autor de The Civilization of Angkor
(“A civilização de Angkor”). O império tem 94 templos, baixos-relevos, estátuas e galerias. Angkor Wat é o grande marco. Planejado no século 12 para servir de mausoléu ao rei Suryavarman II, é o maior do mundo. Baixos-relevos cobrem quase todas as paredes do templo, que era protegido por um grande fosso, com 190 metros de largura e 30 metros de profundidade. “Isso ajudou para que ele ficasse bastante preservado”, comentou Higham. Tempos depois, entre o fim do século 12 e o início do 13, o rei Jayavarman VII ergueu mais uma obra-prima da arquitetura mundial, o templo Bayon, em Angkor Thom. Dedicado a Buda, tem cerca de 200 enormes faces humanas de pedra decorando as torres. Baixos-relevos representam acontecimentos históricos e do dia a dia. “Grande parte da história do Khmer está contada lá”, afirmou o historiador e arqueólogo francês George Coedès, que morreu em 1969.