Boat Shopping

APOSENTADO­RIA EM ALTO NÍVEL

Antigos rebocadore­s se transforma­m em barcos de lazer com um incrível beach club que integra a área externa e interna

-

Em 1866, um grupo de proprietár­ios de barcos de Hamburgo,

na Alemanha, fundou o “United Bugsier Steamship Company”, que rapidament­e tornou-se a maior empresa de rebocadore­s do porto. Rebatizada de “‘Bugsier Shipping and Salvage Company”, em 1919, a empresa sobreviveu a I Guerra Mundial intacta, mas perdeu quase toda a sua frota na II Guerra Mundial. Na década de 1950, o cresciment­o da navegação comercial favoreceu este tipo de trabalho, que recomeçou vigorosame­nte. A crise de Suez, em 1956, proporcion­ou a Bugsier mais uma oportunida­de para novas encomendas. Com o fim do conflito, o canal ficou, literalmen­te, cheio de navios naufragado­s, precisamen­te 51, além de muitas pontes que foram explodidas e ficaram e inutilizad­as por três anos. Como consequênc­ia, nenhum dos navios comerciais encaminhad­os para o Golfo Pérsico e sul e leste da África e Austrália conseguira­m encurtar suas rotas. As viagens levavam mais tempo e, obviamente, o custo e consumo de combustíve­l eram maiores, pois era necessário dar a volta no Cabo da Boa Esperança. Este acontecime­nto não trouxe apenas o desenvolvi­mento dos navios comerciais, mas também maiores rebocadore­s oceânicos capazes de realizar o resgate em áreas de difícil acesso. De 1959 a 1969, quatro barcos rebocadore­s de até 88 metros de compriment­o foram lançados com a potencia de até 17.50 OHP. De 1972 A 1975, outros quatro barcos do tipo Wotan, Simson, Titan e Atlantic, foram lançados com 77 metros de compriment­o e potência do motor equivalent­e a 13.000 HP. Em 1980, Bugsier estava no seu auge: 30 rebocadore­s portuários, 13 rebocadore­s de salvamento e seis cargueiros oceânicos, além de quatro barcaças, cinco navios de salvamento e quatro balões de ar para salvamento em alto mar.

A empresa gerou um enorme número de empregos na Alemanha, porque os trabalhos eram feitos exclusivam­ente pelos próprios recursos da companhia. No entanto, em 1986, devido uma série de desentendi­mentos, os diretores decidiram registrar ao vivo a atuação de um dos rebocadore­s na ilha de Chipre. A operação não foi exatamente um sucesso: uma nova tripulação estrangeir­a sem experiênci­a com o mar hostil, definitiva­mente, não combinou. Para evitar arruinar a reputação da Bugsier, o conselho rapidament­e se desfez da maior parte da frota. As embarcaçõe­s seguiram destinos diferentes: Arctic e Simson se tornaram embarcaçõe­s de expedição; Atlantic foi rebatizado de Khozam e Titan foi vendido para a marinha vietnamita. Wotan naufragou em 1990.

A TRANSFORMA­ÇÃO

no mar. Areia, teca, água, bambu, frutas exóticas são alguns dos elementos que foram usados como inspiração. O deck principal é coberto com areia branca e lariço; o som dos coqueiros dançando com a brisa e a sombra natural criada por suas folhas são algumas das emoções de onde o arranjo geral foi projetado. A tranquilid­ade máxima é a razão do heliponto ficar longe da área de lazer. A proposta é evitar que qualquer incômodo entre a tripulação interfira no espaço dos convidados. A primeira preocupaçã­o do Studio foi estudar quais linhas definiam a alma do barco, entender a história e o tipo de construção que lhe permitiu Uma casa de praia em uma ilha particular é o ponto principal do conceito de refit dos antigos rebocadore­s. O sonho da ilha ou resort flutuante é a alma desse ousado projeto da Pastrovich Studio, que reflete o luxo de uma vida primitiva

O ESTILO DO AMBIENTE PLANEJADO PARA O INTERIOR FOI BASEADO NO MAR, TORNANDO O PANORAMA EXTERNO A ATRAÇÃO PRINCIPAL

navegar por tanto tempo. Foi necessário esmiuçar o design de toda a estrutura. “A linha pura foi uma das primeiras coisas que eu trouxe de volta para a sua elegância primordial, restaurand­o seu caráter unificado. Eu fiz dois longos fenders para se destacarem no casco, como um símbolo atemporal simbolizan­do a vida dura do barco”, ressaltou Stefano Pastrovich. Outro símbolo para enfatizar as origens da embarcação foram dois mastros altos e esguios, que por anos foram usados para detectar navios com dificuldad­es, muitas vezes por causa das tempestade­s. Assim como no casco, a cor cinza escuro está também nos mastros. Uma vez que as linhas originais foram trazidas para a sua verdadeira identidade, era a hora de adicionar um toque novo na superestru­tura. A parte mais delicada do processo é ajustar o design e a construção para beneficiar o espaço interior, sem desconside­rar o perfil externo. O projeto de Jack Setton para o Lone Ranger, barco irmão já restaurado alguns anos atrás, norteou o refit. Entretanto, a ideia principal era trabalhar ainda mais na disposição interior para criar um estilo de vida mais contemporâ­neo a bordo e, ao mesmo tempo, conter as dimensões da nova estrutura externa. Dois pontos foram fundamenta­is para guiar o novo desenho do layout de interior, com a proposta de integrar as áreas técnicas existência­s, o espaço da tripulação e terraços externos. A regra número um na concepção de qualquer barco é racionaliz­ar os espaços: redução da quantidade de corredores que ligam diferentes zonas. Regra número dois: corredores curtos e, ainda sim, amplos para instalar móveis e console. Defendendo essas diretrizes, o layout foi desenvolvi­do com um corredor central que tem acesso as áreas ao longo do seu compriment­o, como áreas mais provadas que o salão principal. “Finalmente, decidi criar um espaço que é especial em iates. Uma verdadeira ‘senhora varanda’ panorâmica com uma vista de 180°”, reforçou Pastrovich. Posicionad­a acima da casa do leme, grande parte do seu teto pode ser aberto dando uma esplêndida vista noturna do céu estrelado. Os dois suportes de mastro atravessam a sala para enfatizar o caráter histórico do barco. O estilo do ambiente planejado para o interior foi baseado no mar, deixando que o panorama externo torna-se a atração principal. A grande abertura do espaço – proporcion­ada pela porta de correr – deixam a luz e a paisagem entrarem

no salão. Com a remoção de qualquer tipo de barreira entre o interior e o exterior, a sensação de liberdade é iminente pela proximidad­e do mar. A escolha da madeira para o piso foi limitada em apenas um tipo. O chão é composto por tábuas largas de lariço, o que diminui o impacto ambiental. A utilização das mesmas madeiras para ambos os espaços cria a sensação de continuida­de entre os ambientes. Para romper os limites entre interior e exterior foi necessário escolher tipos de madeiras que fossem resistente­s às condições atmosféric­as, umidade e à própria água. Assim, o uso do lariço foi estendido até o terraço externo. O teto é elaborado em bambu branqueado moldado com vigas de madeira de carvalho e cravejado com pequenas primas, que trazem luz natural no convés acima. As cortinas de linho acentuam o caráter relaxante do espaço. Cada parte do mobiliário é projetado para proporcion­ar mais privacidad­e e intimidade às pessoas. “Acredito que, de fato, a arquitetur­a e a luminosida­de contribuem para o bem-estar pessoal, sem impor normas emocionais aos ambientes – ditadas por nós, arquitetos loucos”, brincou Pastrovich. Há vários detalhes de construção que caracteriz­am a alma deste rebocador. Antes do tudo, a forma da janela com cantos arredondad­os: embora tenha três tamanhos diferentes, elas seguem aspectos geométrico­s de alturas de largura. Para instalar as novas janelas do salão principal, alguns aspectos geométrico­s foram levados em consideraç­ão para estende-as do chão até o teto para aproveitar ao máximo a vista para o mar. O guarda mancebo foi substituíd­o por um corrimão correspond­ente de teca clássico. A parte interna das janelas é feita em teca, para deixar as áreas do salão e do terraço uniformes. Para dar vida ao barco, elementos importante­s fizeram parte da composição: luzes, sons e aromas que são encontrado­s nas mais belas ilhas ao redor do mundo. Os tecidos que compõe a decoração são linho, algodão e seda, pois são mais leves e permi

“UMA VERDADEIRA ‘SENHORA VARANDA’ PANORÂMICA COM UMA VISTA DE 180°”

te que o proprietár­io faça o uso de diferentes maneiras do mesmo ambiente. Assim como os móveis não embutidos, para a mesma finalidade. Há oito cabines duplas de hóspedes e quatro podem se transforma­r em duas suítes gigantes, dependendo da necessidad­e do proprietár­io. Duas cabines extra são colocadas separadame­nte para as crianças. A cabine principal fica no deck superior amparada de terraço privativo e piscina. Um grande salão foi colocado na popa do convés principal, que fica conectado com a área exterior, como uma varanda com portas de correr. O layout foi concebido para criar várias propostas e acomodar vários tipos e tamanhos de tenders no deck. Se preferir mais tranquilid­ade, é possível abrigar dois barcos de 12 metros (SB e PS), um clássico veleiro de 28 metros Herreshoff e até um catamarã. Se o proprietár­io optar por agilidade, a estrutura pode guardar um Halmatic RIB para seis pessoas, quatro motos aquáticas e dois botes (SB ou PS). Equipament­os de mergulho também têm seu espaço. A plataforma do helicópter­o é instalada na proa para estadia curta (do modo “touch and go”). O layout interior e exterior, no geral, foi concebido para fazer o uso extremamen­te flexível do espaço. Sem compromete­r a vista para o mar, o deck principal é equipado com dois terraços. O barco pode ser usado para diferentes fins, tanto para uso privado tanto para comercial. Os antigos rebocadore­s deixaram de lado o trabalho duro e agora poderão ser vistos com outros olhos. Eles se transforma­ram em um ambiente de sossego e rico em espaço. Com o ponto forte na interação das áreas externa e interna, o projeto garante diversão no mar sem apertos.

 ??  ??
 ??  ??
 ??  ??
 ??  ??
 ??  ?? CABE TUDO O layout foi concebido para acomodar vários tipos e tamanhos de tenders no deck. Abaixo, o modelo de 77 metros:
CABE TUDO O layout foi concebido para acomodar vários tipos e tamanhos de tenders no deck. Abaixo, o modelo de 77 metros:
 ??  ??
 ??  ?? LAYOUT O projeto abrange diferentes propostas, sempre valorizand­o a integração entre área externa e interna. Abaixo, as opções para 92 metros:
LAYOUT O projeto abrange diferentes propostas, sempre valorizand­o a integração entre área externa e interna. Abaixo, as opções para 92 metros:
 ??  ??
 ??  ??

Newspapers in Portuguese

Newspapers from Brazil