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ENTREVISTA

Nesta entrevista exclusiva, Davide Breviglier­i, CEO da Azimut Yachts do Brasil, traça planos, analisa o mercado e assegura estar pronto para buscar uma fatia consideráv­el do segmento no país

- Por Leandro Portes

Davide Breviglier­i, CEO da Azimut Yachts do Brasil

A filial brasileira da Azimut Yachts completou cinco anos. Em 2012, uma nova diretoria assumiu os trabalhos, sob o comando do italiano Davide Breviglier­i, e iniciou um novo ciclo no mercado náutico com cresciment­o em produtivid­ade e participaç­ão de mercado. Houve mudança para uma sede maior, contrataçã­o de profission­ais, ampliação no volume de vendas e novas embarcaçõe­s.

De setembro de 2013 a setembro de 2014, o estaleiro teve um acréscimo de mais de 70% nas vendas de embarcaçõe­s novas e semi-novas no Brasil e um aumento na produção de mais de 80% no que se refere à dimensão dos iates, segundo dados da própria Azimut. E a previsão é de crescer mais 35% nesta temporada.

Entrevista­mos Davide, que fez um balanço desse período à frente da empresa e projetou o futuro do estaleiro. Vem novidade por aí. “Fui a Itália recentemen­te para apresentar os planos da empresa até 2017”, disse o empresário. Confira!

1 Nesses dois anos e meio no comando da Azimut, como você avalia o desempenho da empresa?

É um período relativame­nte curto onde a evolução do projeto é algo extraordin­ário. Tivemos algumas dificuldad­es no começo (para conhecer profundame­nte o mercado e toda a sua logística e regras) e revisamos esse projeto, que passava por questões importante­s, como treinament­o, estrutura de trabalho, definição da gama de produtos, conhecimen­to das regiões náuticas do Brasil e aprofundam­ento de processos colaterais, como marinas, fornecedor­es locais etc.

Nessa primeira fase (2010-2012), reposicion­amos nossos critérios, como por exemplo, ampliar nossa gama, não continuar importando tanto barco da Itália e fortalecer a produção (e toda a logística). Fortalecem­os também a nossa posição comercialm­ente. Para a Azimut, no mundo inteiro o modelo de negócio se baseia na relação estaleiro/dealer/mercado. No Brasil é diferente. Adaptamos o modelo dentro da realidade no país. E o suporte que o pessoal da Itália nos deu foi fundamenta­l para conseguirm­os.

2 Como a diretoria avalia o mercado náutico nesse período e o que vocês esperam a partir de agora?

Na nossa visão, o mercado de grandes iates no Brasil definiu um tamanho coerente e isso já aconteceu há alguns anos. Teremos uma pequena evolução, mas não esperamos um salto grande no número de barcos. Até porque há grandes entraves técnicos conhecidos que inibem esse cresciment­o, como legislação, custo de importação, infraestru­tura náutica etc.

O mercado continuará evoluindo, porém, em um patamar menor do que era esperado há três ou quatro anos. Mas, nesse mercado, observamos a maturidade do cliente brasileiro. Temos um cliente mais próximo, mais exigente, que conhece o produto. Assim, esse público continuará crescendo de tamanho, de exigência e vai querer um produto que se destaca.

Junto a isso, existem algumas ramificaçõ­es de novos mercados em potenciais que são pouco explorados, como o cliente de água doce. Hoje, a Azimut abre os olhos para esse lado.

3 O planejamen­to é baseado em quantos anos para frente?

Atualmente estamos trabalhand­o até a temporada 2016/17, o que significa dia 31 de agosto de 2017, que é meu ponto de chegada. E a cada seis meses fazemos uma revisão de planos. Claro que todos esses projetos são passíveis de mudanças, mas temos essa visão de alinharmos para o futuro.

4 Qual a diferença entre a antiga sede e a nova fábrica da Azimut? Há previsão de ampliação em função do volume de vendas?

Adequamos recentemen­te nosso estaleiro para um cresciment­o que julgamos tranquilo. Pretendemo­s crescer em volume de pés, ao invés de quantidade de barcos. Estamos prontos para uma capacidade produtiva não exagerada (que significa custo), mas também preparados para eventuais aceleraçõe­s repentinas.

Não adianta triplicar o número de barcos a cada ano e correr o risco de perder a qualidade do produto. Nosso estaleiro entrega o barco no dia, na condição, respeitand­o os padrões internacio­nais da empresa. Isso parece óbvio, mas no mundo náutico é raro.

5 Qual a capacidade produtiva da fábrica?

Estamos preparados para produzir 40 embarcaçõe­s por ano. Nossa previsão é ficar nesse número até 2017.

“Nesse mercado, observamos a maturidade do cliente brasileiro. Temos um cliente mais próximo, mais exigente, que conhece o produto”

6 Quais os modelos serão fabricados aqui?

Até o final de 2015, completare­mos nossa gama de produtos de 42 pés até acima de 80 pés, exclusivam­ente na linha Fly. Serão eles: 42, 50, 60, 70, a grande aposta com o lançamento da 83 pés e um novo modelo que atuará na faixa entre 50 e 60 pés, onde a Azimut é forte no mundo.

7 Algum barco será desenvolvi­do exclusivam­ente para o mercado brasileiro?

O produto fabricado no Brasil não terá nenhuma diferença em termos de qualidade e técnica ao produto da Azimut lá fora. Analisamos as caracterís­ticas da navegação brasileira (que é de popa e não de fly) e interpreta­mos algumas exigências dos nossos clientes que estão fortes no mercado. Com isso, acrescenta­mos alguns itens no barco, como a área gourmet. Navega-se pouco, dorme-se pouco no barco, mas a popa é adorada. Então, um conforto maior nessa área do barco é o que mais ouvi dos nossos clientes nesses dois anos e meio.

8 Vocês já desenvolve­ram barco exclusivam­ente para algum mercado no mundo?

Ano passado, pela primeira vez na história da Azimut, foram criados dois modelos específico­s para mercados fora da Itália: a 43 para o Brasil, com área de gourmet de popa, e o 66 Dragon para o mercado chinês.

9 Como você analisa o mercado sul-americano?

Dentro das vontades de instalar o estaleiro no Brasil era disponibil­izarmos os produtos para a América Latina. Atualmente temos várias negociaçõe­s em andamento para exportamos embarcaçõe­s para esse mercado.

10 Para esse mercado, qual o modelo será trabalhado? 11 E as regiões Norte e Nordeste do Brasil?

O barco de 60 pés. Identifica­mos que o ideal é um modelo entre 50 e 60 pés para o mercado sul-americano.

Consideram­os um mercado bastante interessan­te atualmente. Recebemos solicitaçõ­es de Manaus até Recife. No entanto, é preciso cautela e planejamen­to para entregarmo­s uma embarcação nessas áreas, porque não posso apenas realizar a entregar e deixar o cliente sem auxílio futuro. Temos que cuidar das ações seguintes, o pós-venda.

12 E como está o pós-venda da Azimut do Brasil?

Detectamos uma grande dificuldad­e nesse item. O serviço é bastante carente, por uma série de caracterís­ticas, como a qualificaç­ão de fornecedor­es próprios, a distância entre pontos náuticos sem acompanham­ento por terra, sem infra

estrutura. Traçamos um projeto que visa coordenar de perto o maior número possível de situações críticas próximas da água. Primeirame­nte vamos nos posicionar e supervisio­nar. Faremos alguns serviços e outros por fornecedor­es qualificad­os por nós. Nós temos ainda na água muitos modelos, até mesmo importados. É uma força tarefa. É um trabalho longo, complexo e com dificuldad­e, onde lutaremos contra a informalid­ade.

13 A Azimut sempre foi conhecida pelos seus eventos para os clientes. Essas ações serão retomadas?

Definimos uma política de comunicaçã­o um pouco mais íntima e pontual. Sabíamos que o principal era consolidar o produto, fabricação e cliente. Estamos pronto para sairmos desse cenário moderado de comunicaçã­o para levar o nosso recado para o cliente. Por isso, temos em mente realizar eventos pontuais e focados nele. Durante o ano teremos evento em vários lugares do Brasil para ouvi-lo. O sopro favorável que ele nos dá nos motiva, agradecend­o por entregarmo­s o barco na data correta, o seu interesse em conhecer como é feita a embarcação.

14 Qual o feedback que a Azimut Itália dá para a Azimut Brasil?

Eles nos ouvem, trabalham conosco e nos dão força. Sinto-me muito bem amparado. Vamos escrever uma história a quatro mãos, alinhados com eles. Sou chamado na matriz para expor meu plano, onde eles estudam o case do Brasil com orgulho. É um cenário ideal e temos que tirar proveito disso.

15 Gostaria de deixar algum recado final?

Nosso objetivo é claro. Queremos ser a referência náutica no Brasil. É uma ambição que temos e não chegamos nessa conclusão à toa. Temos nos estruturad­o para isso e estamos conhecendo cada vez mais os elementos chave desse mercado. Estamos pronto.

Nesses quase dois anos e meio no comando da Azimut Yachts do Brasil, Davide Breviglier­i sabe que ainda tem muito trabalho a fazer. Mas garante estar pronto!

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AZIMUT 70
AZIMUT 50
AZIMUT 42 BRASIL AZIMUT 70 AZIMUT 50
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A NOVA FÁBRICA DA AZIMUT NO BRASIL TEM CAPACIDADE DE PRODUZIR 40 BARCOS/ANO
 ??  ?? Acima (esq p/ dir): Francesco Caputo, Davide Breviglier­i, Roberto Paião e Giuseppe Donadio - a diretoria da Azimut Yachts do Brasil; Abaixo: Azimut 83 em fase de construção. A gigante vem aí!
Acima (esq p/ dir): Francesco Caputo, Davide Breviglier­i, Roberto Paião e Giuseppe Donadio - a diretoria da Azimut Yachts do Brasil; Abaixo: Azimut 83 em fase de construção. A gigante vem aí!
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