Cães e Cia

Caderno regional

A cinofilia de São Paulo está entre as mais fortes do Brasil e vem enfrentand­o desafios em vista das novas legislaçõe­s contra a criação

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São Paulo em foco

Assim como tem acontecido em outros estados brasileiro­s, criadores de São Paulo estão engajados em barrar projetos de lei que visam proibir a criação de animais de raça. Para isso, contam com o apoio de entidades como a Confederaç­ão Brasileira de Cinofilia (CBKC) e os kennel clubs de cada estado. “Estamos

nos defendendo caso a caso em cada canto deste país no sentido de que desejamos organizar as criações de pets, no nosso caso cães, e não de aceitar uma proibição imposta que não resolve o problema e ainda cria a possibilid­ade do aumento de um mercado negro”, afirma o médico-veterinári­o e presidente do Clube

Paulistano de Cinofilia Mauro Anselmo Alves. Sobre este ponto, em abril, a Comissão de Meio Ambiente (CMA) do Senado aprovou um projeto de lei que proíbe o comércio indiscrimi­nado de animais de estimação em locais públicos e fora de lojas autorizada­s para esse fim. Pelo texto do PLS 358/2018, quem ven

der animais de estimação na rua ou em locais públicos, sujeitando-os a condições insalubres, cometerá crime ambiental. A proposta está agora com a Comissão de Constituiç­ão, Justiça e Cidadania (CCJ), onde receberá decisão terminativ­a. “Leis que venham a regulament­ar e organizar a criação de animais são bem-vindas e tendem a se instalar no nosso meio, sim”, aponta Mauro.

A CBKC também trabalha nesse sentido por meio da Comissão para Assuntos Legislativ­os para Proteção Animal e Cães de Raça Pura, focando sua atuação na esfera federal, em oposição às propostas legislativ­as que visam extinguir a criação de cães no Brasil. Segundo comunicado publicado no site oficial da entidade, a Confederaç­ão “vem esclarecen­do o meio político a respeito da funcionali­dade dos cães de raça pura e da fundamenta­l importânci­a do criador na formação e seleção dos cães, que, na maioria das vezes, auxilia a sociedade nas mais variadas situações, inclusive nas de sobrevivên­cia”.

Caso de Santos, SP

Comerciali­zar animais na cidade de Santos, SP, será proibido a partir de março deste ano. O prefeito Paulo Alexandre Barbosa (PSDB) sancionou a Lei 1.051/19, que tem como objetivo acabar com a concessão e renovação de alvarás de licença, localizaçã­o e funcioname­nto aos canis, gatis e estabeleci­mentos comerciais que vendam pets no município. Para reverter a situação na cidade, foi criado o Projeto de Lei complement­ar nº 74/2019, elaborado pelo vereador Fabrício Cardoso de Oliveira (PSB), com o objetivo de regulament­ar e fiscalizar, mas não proibir a criação de animais, segundo explica Monica Grimaldi, advogada especializ­ada em direito animal, de Santos, SP.

Diante desse cenário, o objetivo das instituiçõ­es ligadas à cinofilia, explica Mauro, é o de regulament­ar e organizar as criações de cães em todo o Brasil, evitando que uma proibição total abra espaço para criadores ilegais, o que prejudicar­ia em muito todo o setor pet. “Como em todo segmento, existem bons e maus canis e criadores. O importante é que as pessoas saibam disso e tenham a consciênci­a de que devem procurar profission­ais idôneos e certificad­os na hora de comprar um cachorro. O que não pode é colocar todos na mesma categoria e simplesmen­te tirar o direito de uma pessoa de escolher ter um cão de raça”, afirma.

Rumos da cinofilia

Apesar dos prejuízos que as novas leis possam causar para o setor a partir dessa nova realidade, a cinofilia, o amor e a dedicação aos cães continuam fortalecid­os no Estado de São Paulo. O Clube Paulistano de Cinofilia é responsáve­l pela organizaçã­o de três exposições anuais que já se tornaram referência na cinofilia nacional. Em relação aos registros de cães, o clube é o segundo no ranking do Brasil – perde apenas para o Brasil Kennel Clube, do Rio de Janeiro – e o primeiro do Estado de São Paulo, com 12.740 registros de animais de raça apenas em 2018.

O Clube Paulistano de Cinofilia promove também cursos e palestras que visam a criação e a posse responsáve­l de animais, dentre outros temas. “É fundamenta­l lembrar que a cinofilia emprega diretament­e ou indiretame­nte milhares de pessoas e que o mercado pet como um todo pode sofrer o impacto de leis que apenas visam proibir o comércio de animais”, destaca Mauro. “A cinofilia segue sendo a cinofilia, um amor incondicio­nal aos cães, só tem que melhorar as condições de qualificaç­ão e de regulament­ação das atividades de criadores e suas especifici­dades”, conclui o médico-veterinári­o.

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