O CHÁ DA TARDE DA NOVA NOVELA
ELENCO DE ÉRAMOS SEIS COMEMORA COM O CLIMA DOS ANOS 1920
Atores se encontram na Casa de Arte e Cultura Julieta de Serpa, no Rio, para celebrar a nova trama.
ACasa de Arte e Cultura Julieta de Serpa, no Rio, construída nos anos 1920, foi cenário para a reunião do elenco da nova versão de Éramos Seis, que ocupará o horário das 6, em um chá da tarde. Tudo bem de acordo com a própria história, que começa justamente no período pósguerra, quando a arquitetura seguia o estilo neoclássico francês e o figurino ficou mais confortável, porém com uma discreta sensualidade. “Essa novela é muito emotiva, é afeto, e, com ela, a gente quer mostrar a beleza da vida, do que é viver, acordar, dizer bom dia e
Éramos Seis é isso. Tivemos aqui um pedacinho do que vem por aí”,
comentou o diretor artístico, Carlos Araujo. “A arte, a cultura em geral, tem essa capacidade de fazer a gente pensar, de se instruir, aprendendo com outros hábitos, outras épocas. E também se emocionar. Eu acho que a pegada da novela vai ser esta coisa da emoção, de olho no olho, de estar próximo. Acho que vai ser isso”, completou Glória Pires (56), protagonista da trama como a Dona Lola.
Esta é a quinta vez que o livro Éramos Seis, escrito por Maria José Dupré (1898–1984) ganha a
“Lutamos cada vez mais pela igualdade de gêneros.” (Giulia)
versão adaptada para novela. Mas alguns atores, como Antonio Calloni (57), que vive Julio na trama, preferiu não assistir às versões anteriores para compor o seu trabalho. “Não quis ver para não ser influenciado. Queria fazer um trabalho próprio. Eu queria focar no texto e no personagem. Evidentemente, o personagem não anda sozinho nunca. Ele existe em relação aos filhos, à Lola, ao patrão dele,
“A arte tem a capacidade de fazer a gente pensar, se instruir.” (Glória)
então foi aí que me foquei. O texto já oferece todo material que a gente precisa”, explicou ele. Já Nicolas Prattes (22) preferiu conhecer as histórias anteriores. “Eu fui atrás disso logo que soube que era um remake, né? O primeira arquivo que tem é da Tupi, versão filmada em 1977, e, mesmo assim, são poucos, mas do SBT, versão de 1994, tem bastante. Então, eu procurei assistir a tudo que tinha. E é uma história que se explica porque fez tanto sucesso. Porque fala muito sobre família e você vê que família é igual desde 1930. Os problemas, os conflitos, o jeito que ama, o jeito que briga porque ama, o afeto, a forma como o tempo molda essas relações… Eu procurei entender o porquê desse “bafafá” todo em cima dessa novela.”
Na nova versão da história, haverá uma abordagem mais feminista do que no texto original. A atriz Susana Vieira (77), a tia Emília da trama, aprovou. “Conheci minha mãe trabalhando, então, para mim, feminismo nunca significou botar uma camiseta escrita ‘não encosta em mim’. Eu mesma falei para as pessoas não encostarem em mim. Fui ser bailarina porque quis, não porque precisava ajudar em casa. Fui acostumada a ver mulheres que trabalham, que saem, que se maquiam. Sempre vi todo o meu núcleo familiar botando dinheiro em casa e os maridos machões como sempre, como é até hoje. O feminismo na minha vida existiu naturalmente porque fui trabalhar e trabalhar é muito bom, na televisão então, show de bola”, explicou ela, com sua habitual irreverência. Aos 77 anos, Susana também não abre mão da autoconfiança. “Estou bonita e renovada. O trabalho me
rejuvenesce. Nunca me olhei no espelho e me senti mal com minha imagem. Posso até estar me sentindo gorda, mas como toda mulher que, mesmo magérrima, se sente gorda”, completou ela, ovacionada no evento.
Uma das personagens que vai mostrar o poder feminino está nas mãos da atriz Giullia Buscacio (22), a Isabel, única filha de Glória Pires na trama. “Estou muito feliz. Ela é a única menina entre
“Ser galã não me incomoda. Mas não acredito!” (Nicolas Prattes)
“Estou bonita e renovada. O trabalho me rejuvenesce.” (Susana Vieira)
os irmãos. É muito determinada, vaidosa, independente. Na minha casa, somos mais mulheres do que homens. Então, a gente se pergunta: como é para a Isabel ser esta figura feminina tão ‘potente’ no meio de tantos homens? Sobretudo naquela época, em que a questão da masculinidade era presente de uma forma não tão bacana. Bem diferente de hoje, quando temos lutado cada vez mais pela igualdade de gênero”, explicou a jovem intérprete.
Após o chá da tarde, o diretor e a autora, Angela Chaves, anunciaram um clipe da novela. Em seguida, foi a vez das Cluster Sisters se apresentarem, mostrando sucessos atuais como Bad Romance, de Lady Gaga (33), Mercy, de Shawn Mendes (21) e Bang, de Anitta (26), com arranjos adaptados ao estilo musical do período retratado na novela, que começa nos anos 1920, passa a maior parte da história nos anos
“O tema familiar é inesgotável e atemporal.” (Antonio Calloni)
“É ótimo fazer um clássico da literatura”. (Danilo)
1930 e termina nos anos 1940. Além de participarem da trilha sonora da novela, as cantoras serão uma das principais atrações do cabaré frequentado pelos personagens de Antonio Calloni e Ricardo Pereira (40), que vive o vendedor de tecidos Almeida. “Ele guarda um segredo: é desquitado. Naquela época, isso era um problema muito grande”, adiantou o português de alma brasileira. O