Mais da metade das mulheres vai formar tumores pélvicos benignos
Os miomas, ou tumores pélvicos benignos, localizados na parede do útero costumam ocorrer em mulheres em idade reprodutiva, na faixa dos 30 a 50 anos. Estima-se que mais da metade das mulheres desenvolverão este problema ao longo da vida, ainda que apenas 10 a 20% destas pacientes apresentem sintomas. E muitas farão cirurgias agressivas possivelmente desnecessárias.
Os tumores pélvicos benignos (miomas) localizados na parede do útero costumam ocorrer em mulheres em idade reprodutiva, na faixa dos 30 a 50 anos. Estimase que mais da metade das mulheres desenvolverão este problema ao longo da vida, ainda que apenas 10 a 20% destas pacientes apresentem sintomas.
A maioria das mulheres tem pouca informação sobre as opções menos invasivas para o tratamento dos miomas uterinos, especialmente a embolização, e acabam se submetendo a cirurgias mais agressivas, possivelmente desnecessárias. Nos Estados Unidos, 600 000 pacientes são submetidas anualmente à retirada cirúrgica do útero, e 30% dos casos têm como causa os miomas.
Os miomas uterinos nem sempre apresentam sintomas. Estudos indicam que cerca de 30 a 50% das mulheres têm o problema e desenvolvem quadros mais complicados. O sintoma mais frequente é o sangramento vaginal intenso (durante ou fora do período menstrual), seguido de outros, como dor ou pressão pélvica, aumento da frequência urinária e dor durante a relação sexual. Em casos mais extremos, os miomas podem estar relacionados a dificuldades para engravidar. A medicina possui um amplo arsenal de recursos para amenizar ou eliminar completamente estes sintomas.
Segundo pesquisa feita pela Sociedade de Radiologia Intervencionista dos Estados Unidos em 2017 envolvendo 1176 mulheres com mais de 18 anos, 44% das mulheres com o problema não sabiam nada a respeito da embolização de miomas. Entre as mulheres que conheciam o procedimento, 32% souberam da técnica por amigos e familiares, 9% por pesquisas e 38% descobriram o método por meio de publicidade.
A embolização dos miomas uterinos é um exemplo de terapia guiada por imagem que melhorou o padrão de cuidados e a qualidade de vida de muitas mulheres.
Além de evitar a retirada do útero e ser menos dolorosa, a técnica oferece um período de recuperação mais curto do que as opções cirúrgicas convencionais.
O procedimento consiste na obstrução das artérias que levam sangue aos miomas por meio da injeção de micropartículas de resina acrílica ou de polivinilálcool, substâncias com efeito permanente e inofensivas ao organismo. A técnica é realizada sob anestesia peridural ou raquidiana e é tratamento definitivo para a miomatose uterina sintomática. Não necessita de anestesia geral ou cortes, e o tempo de internação hospitalar é de 1 dia.
Este tratamento é indicado como alternativa às mulheres que necessitam retirar os miomas ou o útero em decorrência de sangramento acentuado (que pode levar à anemia), e de sintomas relacionados à compressão de outras estruturas pélvicas (sensação de urgência para urinar etc).
O procedimento é muito eficaz para o tratamento dos sintomas relacionados aos miomas, sem grandes impedimentos relacionados ao tamanho ou número de tumores. A redução do tamanho dos miomas pode chegar a 70% no período de acompanhamento, e a redução do volume uterino varia em torno de 40 a 60%. De acordo com pesquisas realizadas, a satisfação das pacientes submetidas à embolização é elevada, variando de 88 a 94%.
* Dr. André Moreira de Assis (CRM 134.076) é especialista em Radiologia Intervencionista e Angiorradiologia pelo Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP, radiologia intervencionista do HC-FMUSP e do Hospital Sírio-libanês e membro titular do Colégio Brasileiro de Radiologia, CBR, e da Sociedade Brasileira de Radiologia Intervencionista e Cirurgia Endovascular, Sobrice.