Com maior incidência em idosos, as micoses são tratadas com laser
Mais de 20% da população brasileira sofre desta anomalia, que tende a causar unhas mais grossas, esbranquiçadas ou amareladas. O tratamento com supervisão é fundamental, pois a unha doente pode servir de ‘porta de entrada’ para outros germes e bactérias, com risco de causar até mesmo a tão temida erisipela. E a segunda fase é evitar a reinfecção das mesmas.
Uma pesquisa norteamericana aponta que a micose afeta de 2% a 8% da população geral, com incidência maior nos idosos. O fungo pode se manifestar por um espessamento da unha afetada, como depósito de material úmido embaixo dela ou com descolamento do leito. A unha doente fica grossa, esbranquiçada ou amarelada.
Primeiro, o ideal é procurar um especialista adequado para a realização de exame, pois existem outras causas de descolamento e engrossamento das unhas, como psoríase e líquen ungueal, que devem ser diferenciados das micoses. É frequente também a associação com bactérias, que pode dar a coloração esverdeada e o tratamento é diferente.
Infelizmente, a terceira idade e os diabéticos são os principais acometidos. Esta parcela da sociedade apresenta um tratamento mais difícil devido aos problemas circulatórios e a própria idade, que dificulta o crescimento das unhas e compromete a imunidade local, além do grande número de medicações que costumam usar, geralmente uma interferindo no trabalho da outra.
O tratamento com supervisão é fundamental, pois a unha doente pode servir de ‘porta de entrada’ para outros germes e bactérias, com risco de causar até mesmo a tão temida erisipela. Isso, sem falar do mau aspecto que a doença causa.
Considero que o método usual não é nada fácil, pois leva de seis meses até um ano, já que são locais que, pelas suas características anatômicas, tem difícil acesso das medicações, necessitando de associação de cápsulas com esmaltes, além de cuidados locais com os pés, sapatos, meias e local de banho.
Já o procedimento a laser é bem mais simples. O laser penetra na lâmina da unha e atinge também o seu leito resultando em aquecimento do material fúngico, levando a temperaturas entre 42 e 45 graus. A exposição do fungo a altas temperaturas inibe o seu crescimento, causando dano e morte celular. Neste método de tratamento que uso, não há contato da ponteira do equipamento com a cutícula e pele, o que resulta num procedimento limpo, simples e com sessões de intervalos quinzenais ou mensais, seguido de acompanhamento médico para observar o crescimento da unha.
A tecnologia que mais utilizo é o laser de Ndyag1064 nm, porém outros como o laser de CO2, que também provoca aquecimento da lâmina ungueal, podem ser usados.
Casos resistentes ao tratamento, como aqueles com camadas muito grossas, várias delas acometidas, mais de
50% das unhas dos “dedões” dos pés doentes, tratamentos mal-sucedidos prévios, ou idosos, que já usam várias medicações e que tem os riscos inerentes às interações medicamentosas, são candidatos valiosos ao tratamento a laser.
Além disso, o laser proporciona o rejuvenescimento das unhas, pois melhora a microcirculação sanguínea do seu leito, o que favorece um melhor crescimento e fortalecimento, além do aspecto mais saudável.
Para todos os quadros, não pode deixar de lado os cuidados para evitar a reinfecção, que é muito frequente nesses casos, como usar o produto de limpeza “Lisofórmio”, que os elimina dos sapatos, área de banho e meias.
* Natasha Crepaldi (CRM MT 4695) é médica especialista e mestre em Dermatologia, membro efetivo da Sociedade Brasileira de Dermatologia (SBD), da Sociedade Brasileira de Cirurgia Dermatológica (SBCD), da American Academy of Dermatology (AAD) e da Academia Europeia de Dermatologia e Venereologia (EADV).