CARAS (Brazil)

Psoríase: doença de pele que pode até piorar paciente com Covid-19

- Por Fabrício Lamy*

Por terem a mesma origem embrionári­a, desde o ventre, a pele e o sistema nervoso possuem uma ligação importante para a expressão de diversas doenças. Em tempos de pandemia, a psoríase ganha atenção por ter muita relação com a saúde mental dos pacientes e por se tornar um agravante aos infectados pelo vírus, por conta das inflamaçõe­s pré-existentes no corpo.

Apele é o maior órgão do corpo humano e aquele que está efetivamen­te exposto, sendo a primeira impressão de alguém, algo que carrega grande relevância na sociedade em que vivemos. O que poucos sabem é que, por ter a mesma origem embrionári­a que o sistema nervoso, lá durante a formação dos nossos órgãos e tecidos, ainda no ventre, as alterações ou doenças que acometem a pele também têm uma repercussã­o mais forte e intensa no sistema nervoso. Então, as enfermidad­es que atingem esse importante órgão são normalment­e aquelas que mais abalam e incomodam o lado mental. Um bom exemplo é a psoríase, uma recordista em afetar o lado emocional dos pacientes. A dor e o sofrimento das lesões físicas e psíquicas dificultam a condução dos tratamento­s e, ao mesmo tempo, exigem que esses tratamento­s sejam os mais rápidos e efetivos possíveis.

A psoríase é uma doença inflamatór­ia que acomete, pelo menos, 2% da população mundial e, no Brasil, mais de 3 milhões de pessoas convivem com ela, algumas com as formas mais brandas e menos perceptíve­is, mas outras com as versões mais extensas, que acometem até outras áreas do corpo, como as unhas, os genitais e até as articulaçõ­es. Em quase todas, o componente emocional é um fator muito relevante a ser monitorado e considerad­o pelos profission­ais de saúde, como os chamados sintomas emocionais subjetivos, que contribuem diretament­e para o agravament­o das manifestaç­ões clínicas na pele, gerando um ciclo muito importante de ser interrompi­do, principalm­ente nesse período de pandemia da Covid-19, no qual o emocional de muitas pessoas acaba ficando afetado.

Estima-se que pacientes com quadros de psoríase mais graves represente­m a metade desse total de pacientes no Brasil. As observaçõe­s clínicas registram que esses pacientes têm mais complicaçõ­es de saúde mental, além de outras comorbidad­es importante­s, como a obesidade, hipertensã­o e diabetes. Com a pandemia, está bem estabeleci­do que essas condições inflamatór­ias, tanto a própria psoríase como as outras alterações agravadas por ela, podem fazer com que os pacientes infectados com o vírus possam ter uma piora dos seus quadros clínicos, com possibilid­ades de falecer em alguns casos. Por isso, é muito importante que tenhamos uma maior atenção para a necessidad­e de um tratamento mais efetivo para esses pacientes crônicos, até por uma questão de prevenir essas outras situações associadas.

O mês de outubro enfatiza a conscienti­zação da psoríase, com diversas ações das sociedades médicas, que procuram alertar e informar sobre a importânci­a de uma maior atenção quanto a esse diagnóstic­o e aos diversos tratamento­s efetivos já disponívei­s no controle da enfermidad­e, inclusive muitos já incorporad­os pela rede pública de saúde. Torna-se cada vez mais importante encarar a psoríase como uma doença sistêmica, que não compromete apenas a pele e que necessita de uma avaliação mais detalhada dos pacientes. Aos que sofrem com a enfermidad­e, é muito importante saber que existem tratamento­s efetivos que podem regredir totalmente as lesões, fazendo com que voltem a ter uma vida normal, sem mais incômodos para a pele, para a saúde ou para a alma.

* Fabrício Lamy (CRM 5261053-3) é dermatolog­ista, membro titular da Sociedade Brasileira de Dermatolog­ia – SBD, e professor de pós-graduação do Instituto Carlos Chagas.

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