SIR BOND, MAS PODE CHAMÁ-LO
AOS 90 ANOS, LENDA ABANDONOU O ESPIÃO 007 EM
My name is Connery. Sean Connery. A frase clássica de James Bond, criado pelo escritor Ian Fleming (1908–1964), poderia ser trocada pelo nome do primeiro ator a interpretar o espião, pois foi quem realmente deu o tom e vida ao personagem. Não à toa, atores que interpretaram 007 depois do escocês prestaram homenagens a ele, que morreu no sábado, 31, em sua casa, nas Bahamas, aos 90 anos, durante o sono, segundo sua mulher, a pintora francesa Micheline Roquebrune (91). Seus últimos momentos foram de reclusão, como ele mesmo queria, pois foi diagnosticado com demência. A última foto conhecida foi no aniversário de 89 anos, postada pela cunhada, Fiona Ufton, casada com o filho do ator, Jason (57).
“O título de Sir foi um dos melhores dias de minha vida.”
“Sou um ator, não é cirurgia cerebral. Faço direito e não pedem o dinheiro de volta.”
“Não era vida para ele, que não conseguia mais se expressar”, disse Micheline sobre o marido.
A jornada como Bond começou em 1962. Sua beleza era meio fora dos padrões para a época, era musculoso, tinha sobrancelhas grossas e um jeito bruto. Mas seu charme e sedução estavam justamente aí, mesmo não sendo a escolha inicial para o papel como queria Fleming, que sugeriu Roger Moore (1927– 2017), que viveria o personagem anos depois. “Não vou fazer nenhum teste de cena!”, bateu na mesa Connery na primeira reunião com os produtores de 007. “Vamos precisar lapidar o rapaz, mas é ele!”, disse Albert Broccoli (1909– 1996)nomomentodaescolhadoantiherói, que transformava mulheres em objeto e usava sua licença para matar sem remorso algum.
Connery veio de uma família simples, com mãe faxineira e pai operário de fábrica. Foi entregador de leite, polidor de caixões, caminhoneiro, até que sua aparência lhe rendeu trabalhos como modelo para artistas em uma escola de arte. Quase foi jogador de futebol.