OS CAMINHOS DE JULIA GAMA ATÉ SER ELEITA MISS BRASIL 2020
GAÚCHA ASSUME POSTO EM CONCURSO FEITO VIRTUALMENTE E MIRA A VITÓRIA NO DESEJADO MISS UNIVERSO
Odestino de alguém não pode ser controlado pela razão. Esta é a frase que mais ecoa na mente de Julia Gama (27) desde que foi coroada como a Miss Brasil 2020, em agosto. Após um processo atípico, por conta da pandemia, com uma análise sigilosa das can- didatas, a também atriz ainda reflete sobre como a saída da faculdade de Engenharia Quí- mica, na Universidade Federal do Rio Grande do Sul, com três anos de curso, e a “brincadeira” de entrar em um concurso de beleza convergiram para o título. “Sou uma pessoa aberta para a vida, que observa as mensagens que ela dá ao longo de sua trajetória. O primeiro concurso, A
Mais Bela Gaúcha, que era a etapa estadual do concurso Miss Mundo Brasil, foi uma espécie de brincadeira, pois nunca me imaginei em um evento assim, muito mais sair vitoriosa. Mas daí percebi que algo diferente existia...”, reflete ela, que viu diversas portas se abrindo depois de colocar a coroa regional, em 2012. “Racionalmente, uma carreira dentro da engenharia parecia ser muito mais estável do que a de miss. Porém, hoje, como atriz e como Miss Brasil, estou muito feliz e grata por ter tido essa percepção. Aliás, quando estamos felizes, nós estamos mais próximos da nossa essência”, analisa.
Por conta do isolamento social, a tradicional escolha da representante brasileira no Miss Universo, que deve acontecer no primeiro
“Observo as chances que a vida prepara e ser Miss Brasil foi uma delas. Sou grata.”
trimestre de 2021, nos Estados Unidos, foi feita de forma virtual, por uma comissão formada por integrantes da Organização Miss Brasil, formada por Winston Ling, Ricardo Godoy, Roberto Macedo, Débora Gobitta e Messina Neto. “A gente não sabia que estava sendo avaliada e isso trouxe um gosto muito especial para essa vitória. A comissão avaliou a minha história, trajetória, minhas habilidades e competências, até decidir que eu era a mais qualificada para assumir o título neste ano, sem precisar convencer no palco, sabe? Assim, fiquei mais confiante para trazer o título de Miss Universo para o Brasil”, explica ela, que se mudou para São Paulo em julho. A capital paulista, aliás, tem acolhido a gaúcha, nascida em Porto Alegre, com muito carinho, e ela também tem retribuído o cuidado. “Estamos em uma pandemia, mas, bem aos poucos, eu estou descobrindo São Paulo. O meu apartamento é um começo, pois tem um terraço lindo com a piscina, onde eu consigo ver a cidade e o pôr do sol, algo impressionante e lindo”, conta.
A arquitetura da residência, aliás, também ajuda Julia a mentalizar e, quem sabe, trazer o título de um dos mais antigos e importantes concursos de beleza do mundo. “Aqui parece um loft meio nova-iorquino e eu aproveito para visualizar minha morada em Nova York. A vencedora do Miss Universo precisa morar na cidade americana e é um sonho. Passei a quarentena fazendo uma imersão em mim e
“Estou mentalizando a coroa do Miss Universo e treinando para esta vitória.”
“A comissão do concurso avaliou minha história e habilidades.”
aprofundando meu autoconhecimento e a meditação. E isso, sem dúvida, tem me ajudado a ficar calma e focar na preparação para o próximo concurso”, revela a também Miss Mundo Brasil 2014 — na competição internacional, ela ficou entre as top 11 —, cuja rotina está intensa com aulas e adaptações para seguir as medidas de segurança para o coronavírus. Somadas a isso, a leitura e as idas ao Parque do Ibirapuera para meditar e correr têm sido seus passatempos preferidos.
Julia vivenciou a pandemia como poucas, pois estava tra- balhando como modelo na China exatamente quando tudo começou. “Fiquei muito assustada com tudo, sem contar a solidão. No entanto, quando o vírus chegou ao Brasil, essa angústia aumentou, pois não estava perto da minha família, que tinha visto só em fevereiro, quando vim de férias. Então, como forma de ajudar, passei a fazer conteúdos da minha casa chinesa, de como se cuidar, medidas de proteção e tal”, relembra ela, que revela nunca ter trabalhado tanto no país oriental quanto no período da pandemia. “Muitas modelos não conseguiram voltar e eu tive a oportunidade de continuar os trabalhos que estavam em andamento e de pegar vários trabalhos novos, principalmente os que pediam um corpo mais curvilíneo, pois estava 12 kg acima do meu peso atual. Foi um processo especial, pois passei pela aceitação e amor-próprio de uma forma nova na minha vida.”
Para seu legado, Julia enfatiza que quer ser lembrada pela empatia e inclusão, sempre celebrando seu País e a diversidade dele. “Existe um grande preconceito ainda aqui, com concursos de beleza. Tive muito medo no começo, mas aprendi a ‘desarmar’ as pessoas, para conhecê-las e me apresentar”, recorda. “Quero que as pessoas possam receber o outro com mais abertura, sem tantos julgamentos. Um rótulo não define uma pessoa e, se você acredita nisso, perde muitas coisas legais da vivência dela”, finaliza. O
“Um rótulo não define uma pessoa e, se você acredita nisso, perde muita coisa legal.”