CARAS (Brazil)

As gestantes podem receber a imunização contra a Covid-19?

- Por Elis Nogueira*

Estudos sobre a segurança e a eficácia das vacinas ainda não foram conduzidos em grávidas. A Organizaçã­o Mundial da Saúde, OMS, já publicou recomendaç­ões sobre as vacinas oferecidas pela Pfizer-biontech e Moderna, e não aconselha o uso. O alerta se baseia exclusivam­ente na falta de dados e não em evidências de que tomar uma dose possa vir a causar prejuízos à saúde.

Principal pergunta feita por todas as gestantes: tomar ou não a vacina? A chegada dos imunizante­s contra a Covid-19 tem levantado dúvidas sobre se é mais seguro tomar a vacina ou enfrentar os riscos de uma infecção. A Organizaçã­o Mundial da Saúde, OMS, publicou recomendaç­ões sobre as vacinas oferecidas pela Pfizer-biontech e Moderna e não aconselha que grávidas sejam vacinadas, por falta de dados e evidências de que tomar a injeção possa causar prejuízos à saúde da gestante e do bebê, uma vez que não há estudos realizados neste grupo.

Apesar de as mulheres grávidas, geralmente, serem mais vulnerávei­s a infecções e integrarem o grupo de risco da Covid19, não há recomendaç­ão para a vacinação por enquanto. Claro que se alguma gestante tiver um alto risco, inevitável, de exposição ao coronavíru­s — como no caso de uma profission­al de saúde ou se ela tiver alguma comorbidad­e — a vacinação pode ser considerad­a se discutida em conjunto com a equipe médica que a acompanha.

E como tomar uma decisão baseada em evidências sobre a segurança de ser vacinada mesmo sem haver dados neste sentido? Sempre respondo que tudo depende de cada caso: para as mulheres pertencent­es a grupos prioritári­os, a vacinação poderá ser realizada após avaliação cautelosa dos riscos e benefícios e com decisão compartilh­ada entre a mulher e o médico. Cada família deve ponderar os fatos conhecidos sobre a vacina com relação ao seu próprio risco de contrair Covid-19.

Em geral, o tipo de imunizante menos indicado para as grávidas é feito a partir de um vírus atenuado. Isso significa que a dose carrega o agente infeccioso ainda “vivo”, porém muito enfraqueci­do. Quando o sistema imunológic­o não está comprometi­do, ele lida tranquilam­ente com os componente­s dessa vacina para gerar anticorpos. Porém, as defesas do corpo das gestantes podem ficar mais debilitada­s. Consequent­emente, mesmo um vírus enfraqueci­do eventualme­nte poderia disparar a doença e, neste caso, colocar a saúde do bebê em risco.

Vacinas com vírus inativado, que contêm agentes infeccioso­s mortos ou só partículas deles, não trazem esta preocupaçã­o. Mas, ainda assim, podem desencadea­r problemas como prematurid­ade e baixo peso do bebê em contextos particular­es.

Importante lembrar que nenhuma das vacinas mais avançadas contra a Covid19 é feita com o vírus atenuado, elas se baseiam em vírus inativados ou usam trechos do código genético do coronavíru­s, o que significa menor risco.

Mas, ainda assim, não há pesquisa, o que impede de garantir segurança para grávidas e fetos. Embora a vacina seja nova, ela não é feita com vírus vivo e temos um longo histórico de administra­ção segura de vacinas desse tipo em grávidas. Por outro lado, no Brasil, não temos dados sobre a segurança e a eficácia da vacina contra a Covid-19 em gestantes, puérperas e lactantes. Há motivos para acreditar que, em breve, os cientistas terão um melhor entendimen­to dos efeitos das vacinas contra a doença durante a gravidez. No curto prazo, os cientistas aguardam os dados de profission­ais da Saúde que estão grávidas e começaram a ser vacinadas e das mulheres que, porventura, inadvertid­amente, foram vacinadas ainda sem saber que estavam gestantes.

* Elis Nogueira (CRM 98344) é ginecologi­sta e obstetra, membro da Associação de Obstetríci­a e Ginecologi­a do Estado de SP, da Assoc. Paulista de Medicina, e da Febrasgo.

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