Quais as manifestações oculares que o coronavírus pode causar?
Estudo publicado no Journal of the American Medical Association (JAMA) informa que de 38 pacientes hospitalizados, 32% deles apresentaram sinais oculares compatíveis com diagnóstico de conjuntivite, sendo que estes pacientes também apresentavam quadro respiratório mais grave. Apesar das análises clínicas citadas em diversos estudos, o assunto ainda é incerto no País.
No final de 2019, o mundo se deparou com o surgimento da Covid-19, uma doença desconhecida, de alto contágio, que se manifestava por meio de dores de cabeça, febre alta, coriza, tosse, podendo transformar-se até em uma pneumonia. Posteriormente, descobriu-se que esta nova doença era causada por um vírus. A Organização Mundial da Saúde declarou a existência de uma pandemia em março de 2020 e, desde então, o mundo defronta-se com um novo cenário, como o uso obrigatório de máscaras, higienização das mãos com álcool em gel, medidas de isolamento social, entre outras precauções com foco em tentar paralisar o avanço do contágio, inclusive no Brasil. Porém, com o aumento dos casos, surgiram pacientes com alterações oculares associadas à Covid-19.
A principal manifestação oftalmológica descrita é a conjuntivite com reação folicular leve, uma apresentação muito semelhante a outros quadros de conjuntivite viral. Também foram encontrados quadros como: quemose (edema da região conjuntival dos olhos), hiperemia conjuntival (olho vermelho), secreção, epífora (lacrimejamento excessivo) e edema palpebral leve (acúmulo de líquido nos tecidos situados na face interna da pálpebra).
Não existem relatos de pacientes com piora da acuidade visual em decorrência da infecção pelo novo coronavírus. Apesar de a conjuntivite ser citada em vários estudos, a sua prevalência ainda é incerta, variando a porcentagem de pacientes acometidos conforme os estudos. Há uma tendência em correlacionar a ocorrência da conjuntivite a quadros mais graves de Covid-19. Em um estudo publicado no Journal of the American Medical Association (JAMA), foi demonstrado que de 38 pacientes hospitalizados, 32% dos casos apresentaram sinais oculares compatíveis com o diagnóstico de conjuntivite, sendo que esses pacientes também apresentavam quadro respiratório mais grave.
Um outro estudo inédito, veiculado no jornal inglês The Lancet, fez com que o Departamento de Oftalmologia da Universidade Federal de São Paulo, a Unifesp, em conjunto com o Instituto da Visão, identificasse que o novo coronavírus também pode provocar lesões anatômicas na retina. Até a publicação desse estudo foram descritas possíveis alterações causadas pelo Sars-cov-2 na retina. Neste trabalho foram avaliados 12 pacientes hospitalizados, com testes positivos para Covid-19. Os casos apresentaram lesões hiper-reflexivas ao nível das camadas de células ganglionares e plexiforme interna, mais proeminentes na região do feixe papilo-macular ao exame de OCT (Tomografia de Coerência Óptica). Em quatro pacientes, foram encontradas manchas algodonosas discretas e micro-hemorragias ao longo da arcada retiniana. Apesar dos achados, nenhum dos pacientes apresentou alteração na acuidade visual durante o seguimento do estudo.
Assim, durante esta difícil fase, necessitamos estar atentos com a nossa saúde. Importante que os pacientes que tenham alterações oculares procurem o oftalmologista para o correto diagnóstico e acompanhamento individualizado.