HELENA BORK SAAD APOSTA NO ENGAJAMENTO FASHION
HERDEIRA DO GRUPO BANDEIRANTES EMPODERA MULHERES DE SÃO LUIZ DO PARAITINGA
Para Helena Bork Saad (23) é impossível pensar em empreendedorismo sem incluir responsabilidade social. Filha do presidente do Grupo Bandeirantes de Comunicação, Johnny Saad (69), e de Claudia Saad (56), a jovem é a responsável pelo nascimento da Aparaitinga, marca formada por um coletivo de mulheres de São Luiz do Paraitinga, no Vale do Paraíba, em SP, que transforma a arte do crochê em peças cheias de estilo, conforto e carinho. “A ideia surgiu de forma muito orgânica. Sempre passei minhas férias em São Luiz do Paraitinga e, em uma dessas férias, pedi para a Vanessa e para a Sebastiana, que são duas mulheres de lá, me ensinarem a fazer um top de crochê para ir ao carnaval. Peguei gosto pela coisa e comecei a fazer peças para mim, para dar de presente para a minha mãe, para as minhas amigas...”, lembrou Helena. Além de aprender a nova arte, a jovem também começou a compreender como era a rotina das mulheres da região. “Elas me contavam como era difícil ter a própria renda e isso limitava a autonomia delas. Como eu sempre quis trabalhar com mulheres, resolvi unir o artesanato como uma forma de emancipação financeira para elas, ou seja, surgiu de forma bem natural”, explicou a empresária, que hoje conta com 22 parceiras no projeto. “Se eu fosse empreender por empreender não sei se eu funcionaria no mesmo gás que funciono hoje em dia. É uma responsabilidade maior, afinal, são 22 mulheres que estão ali te esperando e eu não conseguiria fazer tudo sem elas.”
Charmosa por sua arquitetura, tradições culturais e festejos, a bucólica São Luiz do Paraitinga tem lugar especial no coração de Helena. Além de ser palco do
“Se fosse empreender por empreender não sei se eu funcionaria no mesmo gás.”
projeto, é na pequena cidade que ela guarda as suas melhores e mais doces lembranças de infância. “Meus pais têm fazenda aqui. Eu era uma criança muito bagunceira! Eu me sujava, brincava, parece até que os dias eram mais longos. Uma vida simples, não ficávamos no celular, todos brincavam juntos e eu andava muito a cavalo. É onde me sinto em casa. São Luiz é muito musical e cultural, é um lugar único e vale a pena todos conhecerem. A gente, às vezes, valoriza lugares tão longe e não valorizamos o que está tão perto”, destacou Helena, dividindo seu tempo entre a capital paulista e a fazenda. “Já nem sei se moro em São Paulo ou em São Luiz do Paraitinga. Além do trabalho, como as minhas aulas da faculdade estão a distância por conta da pandemia, acabo passando mais tempo aqui”, comemorou a estudante de Direito.
Mãe de Helena, Claudia tem contribuição significativa nos passos da filha. Além de estar sempre envolvida em projetos sociais, ela também já se enveredou pelo universo da moda. “Ela sempre me
“Minha mãe me inspira, dá sua opinião e seus conselhos.”
inspirou e também me ajuda muito, me dando opiniões e conselhos”, falou a jovem, desde pequena habituada com os bastidores do mundo fashion. “Minha mãe é publicitária e teve a marca dela. Eu acompanhava o processo de criação. Ficava em casa vendo a criação das coleções, mas confesso que nunca pensei em trabalhar com moda, tanto que estudo Direito. Isso surgiu com o tempo”, disse. A herança da veia social também é de família. “Meus pais buscaram me criar com esse apelo mais social e boa parte disso vem do fato de termos sido criados na fazenda, com zero frescura”, frisou.
Os laços de Helena com as colaboradoras da grife não se limitam ao campo profissional. Mais do que uma relação de trabalho, elas construíram uma forte amizade.
“Nós somos próximas. Vou na casa delas, tomamos café, batemos papo e fofocamos”, confessou ela, buscando nas viagens pelo mundo inspiração para criar novas coleções.
“Minha primeira coleção, por exemplo, foi inspirada na Argentina, em uma viagem que eu fiz para a Patagônia. Visitei tribos de mulheres que tingem a lã e que fazem, basicamente, o mesmo projeto que a gente, que é dar autonomia para grupos de mulheres”, explicou a empresária, cuja mais recente coleção, a Colors of Peru, tem referências no país andino. “Foi inspirada em uma viagem que fiz com minha família no começo deste ano. Lá, elas trabalham
“Meus pais buscaram me criar com esse apelo mais social. Zero frescura.”
muito com lã e com tingimento, com cores vibrantes e fortes. Quis trazer isso para as peças, mas de maneira mais sutil, para que possam ser usadas independente se as cores estão na moda ou não, peças atemporais com estilo e conforto”, detalhou ela, cuja linha conta com malhas, bíblias com capas bordadas, além de itens de decoração infantil.
Dedicada, Helena faz questão de
envolver as mulheres nas tomadas de decisão, inclusive, investindo em cursos de capacitação para o grupo. “Desde o começo, a ideia era focar nelas. Eu desenho, escolho as peças, mas quem executa são elas. Até o processo financeiro é conversado com elas, não determino o preço das peças, pois aquilo é o tempo, o trabalho e o carinho delas”, explicou a jovem, feliz por levar consciência e empoderamento para as meninas. “Elas não tinham noção do valor que tem o trabalho e o carinho que elas colocam nessas peças. Ao ver que outras mulheres estão valorizando o trabalho delas, elas se sentem úteis e conseguem sonhar: constroem as suas casas, organizam viagens... meu sonho é que cada vez mais isso seja possível para mais e mais mulheres”, resumiu Helena. Visionária, ela não coloca limites em suas conquistas e planeja conquistar o mercado internacional. “Tenho o sonho de estar em alguma fashion week internacional e cada vez conseguir capacitar mais mulheres. Isso me movimenta!”, afirmou ela, orgulhosa de seus passos.
“Tenho o sonho de cada vez mais capacitar as mulheres.”