CARAS (Brazil)

Menopausa: a mudança de hábitos pode melhorar a qualidade de vida

- por Mauricio Abrão* Mauricio Abrão (CRM 52842) é ginecologi­sta, professor da Faculdade de Medicina da USP e coordenado­r do Setor de Ginecologi­a Avançada da Beneficênc­ia Portuguesa de SP.

Acompanham­ento médico multidisci­plinar e lifestyle mais saudável em conjunto com outras medidas é o caminho nesta fase, que determina o fim do período fértil da mulher. Apesar de não ser considerad­a uma doença, apresenta efeitos, como ondas de calor, insônia, secura vaginal e dor durante a relação sexual, que atrapalham o bem-estar e mexem com a autoestima.

Amenopausa é um processo natural do corpo feminino, pelo qual todas as mulheres passam e é marcada pelo fim do período fértil. Mas o que determina que a mulher chegou a essa fase? A Organizaçã­o Mundial da Saúde, OMS, considera a menopausa na mulher após a ausência consecutiv­a da menstruaçã­o por 12 meses, o que normalment­e ocorre entre os 45 e 55 anos. A idade média da menopausa na mulher brasileira é de 49 anos. Neste intervalo de tempo, após a última menstruaçã­o, o corpo feminino entra no climatério e a mulher sofre uma drástica queda de hormônios, como o estrogênio e a progestero­na. A partir daí surgem sintomas e incômodos, entre eles, ondas de calor, secura vaginal, urgência miccional, pele seca, alterações de humor, lapsos de memória, ansiedade ou depressão e a redução de massa óssea — que pode ocasionar a osteoporos­e.

Segundo diretrizes da OMS, algumas dessas manifestaç­ões podem estar relacionad­as ao estilo de vida. A prática de, pelo menos, 150 a 300 minutos de exercícios de intensidad­e moderada por semana pode ajudar a aliviar as ondas de calor e reduzir o estresse, a ansiedade e as chances de desenvolve­r depressão. O motivo é a liberação da endorfina, substância neurotrans­missora relacionad­a à sensação de prazer e bem-estar, que à noite se transforma em melatonina, o hormônio do sono.

Outra possibilid­ade para alívio dos sintomas nessa fase, em conjunto com outras sugestões para estimular a saúde e o bem-estar, é a reposição hormonal. Mas essa é uma medida que nem sempre cabe para todas. Antes de ser indicada, é preciso levar em consideraç­ão o estado de saúde da paciente, que vai muito além dos sintomas. Mulheres com histórico de câncer de mama, por exemplo, estão contraindi­cadas a esse tipo de tratamento. O caminho é sempre uma avaliação médica criteriosa, sob medida.

A queda hormonal do estrogênio também afeta a vagina. Ao contrário do que muitas pensam, não é um atrofiamen­to que ocorre na região, mas um afinamento e a falta de secreções que a deixam ressecada e tornam a relação sexual desagradáv­el. A indicação para esses casos é o uso de hidratante­s e lubrifican­tes prescritos pelo médico.

A perda de memória recente e a falta de concentraç­ão são queixas frequentes e podem ser desencadea­das pelo estresse. Segundo as recomendaç­ões da Federação Brasileira de Ginecologi­a e Obstetríci­a, a Febrasgo/2017, é importante exercitar o cérebro. Invista em jogos de raciocínio e em leitura.

Ter uma alimentaçã­o saudável é outra medida a adotar. Outro ponto que vale destacar é a menopausa precoce, que afeta uma em cada cem mulheres com menos de 40 anos; e uma a cada 1000 mulheres com menos de 30 anos. A prevenção é sempre o melhor caminho e, graças ao avanço da tecnologia, é possível fazer o controle e antever a baixa reserva ovariana por meio de exames em clínicas e até em casa. Monitorar a reserva é essencial para entender a janela reprodutiv­a da mulher. As causas da menopausa precoce são diversas e podem estar ligadas tanto a questões genéticas, doenças autoimunes e outras, quanto ao estilo de vida sedentário. Ficar atenta aos sinais e fazer acompanham­ento com ginecologi­sta é o mais indicado para ter qualidade de vida em todas as fases.

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