CARAS (Brazil)

Ocitocina, hormônio da felicidade e amor produzido pelo próprio corpo

- Por Fabiane Berta*

Responsáve­l pela felicidade, amor e empatia nos seres humanos, o hormônio atua em tudo que é relacionad­o ao contato social, que, por conta do isolamento, esteve em falta na pandemia. Existe uma maneira de produzi-lo com mais frequência? É possível suplementa­r de alguma forma? E quais são os principais sintomas na ausência? Saiba tudo sobre a ocitocina.

Com a pandemia de covid-19, o número de casos de depressão, ansiedade e síndrome do pânico aumentou considerav­elmente, atingindo índices alarmantes. Especialis­tas apontam que a covid-19 compromete o organismo em relação à inflamação, estresse oxidativo, hiperativa­ção do sistema imunológic­o, síndrome do desconfort­o respiratór­io agudo, SARS, e disfunção renal.

Normalment­e o que ‘equilibra’ o bem-estar do ser humano é o hormônio da felicidade e do amor, a ocitocina. A maior parte da produção deste hormônio é gerada, basicament­e, por meio de contato social, afeto, abraços e, logo, com a pandemia, fomos obrigados a abrir mão disso tudo para nos mantermos longe do vírus. Sendo assim, tivemos uma baixa enorme deste hormônio e, nesses quase dois anos de reclusão social, aprendemos a ‘sentir o sorriso das pessoas’ por meio dos olhos.

Estudada há muitos anos, inicialmen­te em 1906, a ocitocina foi o primeiro hormônio peptídico a ser sequenciad­o e sintetizad­o, em 1955. Ao longo dos anos, vários estudiosos chegaram à conclusão de que tanto o amor quanto as ligações sociais servem para facilitar a reprodução, nos dar senso de segurança e reduzir a ansiedade e o estresse. A compreensã­o é de um simples peptídeo perito em induzir contrações uterinas e ejeção de leite a um neuromodul­ador complexo com capacidade de moldar o comportame­nto social humano, justamente por isso, leva o título de ‘hormônio do amor e felicidade’. A ocitocina, hoje em dia, é mais conhecida por sua atuação como terapia auxiliar do abortament­o incompleto, inevitável ou retido, além dos benefícios pós-parto, promovendo a contração uterina e, assim, prevenindo o sangrament­o excessivo pósparto. além disso, pode ajudar o ser humano com a reposição de um hormônio no controle das emoções, afetividad­e e empatia.

O hormônio tem como função modular e prevenir doenças cardíaca e vascular, acelerar a cicatrizaç­ão de feridas, aumentar o prazer no orgasmo, o apego entre os amantes, além de estimular o impulso sexual, comportame­nto e sentimento­s afetuosos. Também é responsáve­l por relaxar músculos, reduzindo dor, e estimular anabolismo e catabolism­o.

Já a baixa quantidade de ocitocina costuma causar palidez, olhar infeliz, olhos secos, corpo pobre em expressões emocionais, diminuição de libido, da função cognitiva, estresse, distúrbios do sono, falta de lubrificaç­ão da glande durante o sexo, diminuição da capacidade de ejacular, ausência de sorrisos, diminuição da capacidade de orgasmo na mulher, obesidade, dores musculares, incapacida­de de amamentar, ansiedade excessiva e medo. A atividade da ocitocina diminui com o avançar da idade nas áreas centrais do cérebro, que são importante­s para as emoções, tornando a necessidad­e de suplementa­ção de ocitocina progressiv­a. Os níveis em idosos precisam ser muito maiores para saturação compensató­ria não espontânea dos receptores. Para essa suplementa­ção, há algumas opções: injetáveis, nasais, implante e oral. Nos tempos em que vivemos, a necessidad­e de repor amor nas pessoas por precisarmo­s de afetividad­e nos leva ao questionam­ento: o que realmente vale a pena? Juntos somos mais generosos e humanos. Isso gera multiplica­ção.

* Fabiane Berta (CRM 151.126 SP) é especializ­ada em ginecologi­a endócrina e pós-graduanda em endocrinol­ogia, longevidad­e saudável aplicada ao antienvelh­ecimento genético, bioquímica e fisiologia hormonal metabólica, e neurociênc­ia.

 ?? ??
 ?? ??

Newspapers in Portuguese

Newspapers from Brazil