Ocitocina, hormônio da felicidade e amor produzido pelo próprio corpo
Responsável pela felicidade, amor e empatia nos seres humanos, o hormônio atua em tudo que é relacionado ao contato social, que, por conta do isolamento, esteve em falta na pandemia. Existe uma maneira de produzi-lo com mais frequência? É possível suplementar de alguma forma? E quais são os principais sintomas na ausência? Saiba tudo sobre a ocitocina.
Com a pandemia de covid-19, o número de casos de depressão, ansiedade e síndrome do pânico aumentou consideravelmente, atingindo índices alarmantes. Especialistas apontam que a covid-19 compromete o organismo em relação à inflamação, estresse oxidativo, hiperativação do sistema imunológico, síndrome do desconforto respiratório agudo, SARS, e disfunção renal.
Normalmente o que ‘equilibra’ o bem-estar do ser humano é o hormônio da felicidade e do amor, a ocitocina. A maior parte da produção deste hormônio é gerada, basicamente, por meio de contato social, afeto, abraços e, logo, com a pandemia, fomos obrigados a abrir mão disso tudo para nos mantermos longe do vírus. Sendo assim, tivemos uma baixa enorme deste hormônio e, nesses quase dois anos de reclusão social, aprendemos a ‘sentir o sorriso das pessoas’ por meio dos olhos.
Estudada há muitos anos, inicialmente em 1906, a ocitocina foi o primeiro hormônio peptídico a ser sequenciado e sintetizado, em 1955. Ao longo dos anos, vários estudiosos chegaram à conclusão de que tanto o amor quanto as ligações sociais servem para facilitar a reprodução, nos dar senso de segurança e reduzir a ansiedade e o estresse. A compreensão é de um simples peptídeo perito em induzir contrações uterinas e ejeção de leite a um neuromodulador complexo com capacidade de moldar o comportamento social humano, justamente por isso, leva o título de ‘hormônio do amor e felicidade’. A ocitocina, hoje em dia, é mais conhecida por sua atuação como terapia auxiliar do abortamento incompleto, inevitável ou retido, além dos benefícios pós-parto, promovendo a contração uterina e, assim, prevenindo o sangramento excessivo pósparto. além disso, pode ajudar o ser humano com a reposição de um hormônio no controle das emoções, afetividade e empatia.
O hormônio tem como função modular e prevenir doenças cardíaca e vascular, acelerar a cicatrização de feridas, aumentar o prazer no orgasmo, o apego entre os amantes, além de estimular o impulso sexual, comportamento e sentimentos afetuosos. Também é responsável por relaxar músculos, reduzindo dor, e estimular anabolismo e catabolismo.
Já a baixa quantidade de ocitocina costuma causar palidez, olhar infeliz, olhos secos, corpo pobre em expressões emocionais, diminuição de libido, da função cognitiva, estresse, distúrbios do sono, falta de lubrificação da glande durante o sexo, diminuição da capacidade de ejacular, ausência de sorrisos, diminuição da capacidade de orgasmo na mulher, obesidade, dores musculares, incapacidade de amamentar, ansiedade excessiva e medo. A atividade da ocitocina diminui com o avançar da idade nas áreas centrais do cérebro, que são importantes para as emoções, tornando a necessidade de suplementação de ocitocina progressiva. Os níveis em idosos precisam ser muito maiores para saturação compensatória não espontânea dos receptores. Para essa suplementação, há algumas opções: injetáveis, nasais, implante e oral. Nos tempos em que vivemos, a necessidade de repor amor nas pessoas por precisarmos de afetividade nos leva ao questionamento: o que realmente vale a pena? Juntos somos mais generosos e humanos. Isso gera multiplicação.
* Fabiane Berta (CRM 151.126 SP) é especializada em ginecologia endócrina e pós-graduanda em endocrinologia, longevidade saudável aplicada ao antienvelhecimento genético, bioquímica e fisiologia hormonal metabólica, e neurociência.