CARAS (Brazil)

HESLAINE VIEIRA COLHE FRUTOS DE SUA DEDICAÇÃO E PERSISTÊNC­IA NAS ARTES

APÓS BRILHAR EM FUZUÊ, MINEIRA RELEMBRA OS OBSTÁCULOS QUE ENCAROU ANTES DE SE CONSOLIDAR NA TELEDRAMAT­URGIA NACIONAL

- Por Fernanda Chaves

Foi como a nerd Ellen, da global Malhação: Viva a Diferença, que Heslaine Vieira (28) se apresentou para o Brasil. Após ter encarado a personagem por um bom muito tempo — além da trama, ela ainda interpreto­u Ellen no spin-off As Five, do Globoplay, que chega ao fim com sua terceira temporada —, a atriz poderia ter ficado limitada a um perfil. Mas, para a sorte do público, em Fuzuê ela mostrou que pode ir além! Na pele da divertida, vaidosa e sensual Soraya Terremoto, a mineira surpreende­u o telespecta­dor e se tornou destaque na novela global. Emocionada com o fim de dois ciclos tão importante­s, a artista bateu um papo exclusivo com a CARAS e refletiu sobre o amor pela arte, vaidade, representa­tividade e conquistas.

– Soraya mostrou para o público

“Acredito muito no poder transforma­dor da arte. Ela mudou a minha vida!”

outra faceta sua. Além do humor e da sensualida­de, a personagem teve drama!

– Era o que eu precisava na minha carreira nesse momento. Eu já tinha trabalhado com comédia, mas não para o Brasil, em uma novela, em um projeto tão grande. Eu estudei, conversei com amigos comediante­s para pegar o timing e foi uma delícia, um desafio. Aí, vieram as cenas de drama e pensei: ‘que prato cheio!’. Pude mostrar tantas camadas, porque ninguém é uma coisa só. É muito bom trabalhar assim, essa personagem enriqueceu minha carreira e sinto que aprendi muito. Me sinto realizada e olho para trás com muito carinho diante da minha história.

– História essa que não foi fácil. Você e sua família se mudaram de Ipatinga, MG, para o Rio, para lutar por esse sonho e enfrentara­m dificuldad­es...

– Somos pessoas de muita fé, mas minha mãe, principalm­ente,

é a grande responsáve­l por isso tudo. Ela sempre falou para a gente não abaixar a cabeça, não desistir, porque a gente ia subir a montanha. A gente vive em um mundo muito desigual, racista, misógino, machista e, agora, estamos discutindo tanta coisa. É tão feliz para mim poder ver na televisão o sucesso como o da Duda Santos,

tantas caras novas com oportunida­des de personagen­s muito densas, com camadas, com família, com protagonis­mo. E aí eu lembro da minha mãe falando isso, que a gente ia subir a montanha, seja ela do tamanho que for, independen­temente das condições desiguais que são oferecidas, que a gente não iria desistir. Eu olho para trás feliz de ter persistido.

– É importante falar sobre a representa­tividade, que está cada vez mais presente nas produções. Você também torce para que um dia isso seja tão comum que nem precise ser uma pauta?

– Sim. Acho que estamos dando passos mais largos. Obviamente

“Eu me sinto realizada com esse momento da minha carreira.”

“Eu já tinha desacostum­ado a me ver sem maquiagem, sem mega hair.”

que existe um longo caminho a ser percorrido. Hoje em dia tem representa­tividade, mas acho que cada vez mais a gente vai ter protagonis­mos sem que isso seja questionad­o, apontado. Eu quero fazer uma comédia romântica, uma mocinha apaixonada! Óbvio que todas as questões não vão deixar de permear as histórias, porque vou continuar sendo uma mulher negra, ainda que contando uma história de amor. Eu adoraria, por exemplo, fazer um filme de comédia romântica. Acho que a gente vai chegar a esse lugar, inclusive na publicidad­e também, né? O mercado está se abrindo e estou feliz de poder ver isso.

– Soraya mexeu com sua autoestima, com sua sensualida­de?

– O meu tesão em ser atriz é criar personagen­s que tenham camadas para que elas pareçam humanas, para que pareçam que seja eu. Só que não sou nem a Ellen, nem a Soraya, sou muito diferente das duas. Como humana, também tenho momentos mais introverti­dos, mais sensuais. A Soraya tinha uma autoconfia­nça que eu até

precisava trabalhar um pouco (risos). Eu chegava em casa um pouco cansada fisicament­e por conta dessa demanda de energia, ela era muito dona de si! Eu também sou, mas em outro lugar. Mas foi bom porque pude pegar um pouquinho para mim dessa autoconfia­nça.

– Você é vaidosa?

– Eu sou. Gosto sempre de mudar de cabelo, de me sentir bem com o que estou vestindo, de cuidar do cabelo, de fazer skincare.

Agora, por exemplo, vou aprender a fazer maquiagem, então gosto desse universo da beleza. Mas também gosto e estou aprendendo a me ver sem todos esses artifícios. Eu tinha desacostum­ado a me ver sem maquiagem, sem mega hair, sem nada. A Soraya foi um exercício que fiz, pois eu chegava em casa e tirava tudo, fazia questão de ter esse momento comigo. Eu comecei a fazer isso, mas, ao mesmo tempo, acho que é um poder nosso. Tem que ser uma escolha colocar maquiagem ou não, colocar cabelo ou não. Estou a fim de instaurar

“Por mim, eu já começava outro projeto amanhã, tenho paixão pelo que faço.”

um movimento! A Paolla Oliveira até já começou (risos),

que é: Está tudo bem! Vamos dar força para a gente, para o day off,

porque não é fácil encarar todo dia essa montanha de compromiss­os, essa montanha de maquiagens, de cabelo e de artifícios que a gente tem que colocar. Na vida, muitas vezes, você vai me encontrar de jeans, tênis, cabelo preso, não vou dizer que totalmente sem maquiagem, porque a gente geralmente está maquiada, mas com muito menos produto do que eu usava antes e isso é libertador!

– O que espera do futuro profission­al e pessoal?

– Sinto que um grande ciclo se fechou e, a partir de agora, começo um outro, que espero que seja incrível também. Eu quero solidifica­r meu trabalho para que ele seja longo e que fale com as pessoas. A arte transformo­u a minha vida e sinto que ela é capaz de mudar a vida das pessoas, porque ela corrobora para novas linhas de pensamento para a construção da sociedade como um todo, então fazer parte disso me emociona. O

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 ?? ?? Com o fim da novela Fuzuê, Heslaine estreia a última temporada da série As Five. Para ela, é o encerramen­to de um ciclo em sua carreira.
Com o fim da novela Fuzuê, Heslaine estreia a última temporada da série As Five. Para ela, é o encerramen­to de um ciclo em sua carreira.
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 ?? ?? Ela celebra a compra de de seu apartament­o. “Minha casa é dignidade. Todo mundo tinha que ter condições de conforto, escolhas.”
Ela celebra a compra de de seu apartament­o. “Minha casa é dignidade. Todo mundo tinha que ter condições de conforto, escolhas.”

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