CARAS (Brazil)

Transtorno alimentar: como lidar com o distúrbio e quais as causas

- Por Fabio Henrique Almeida*

Fatores genéticos, biológicos, psicológic­os e até ambientais podem desencadea­r o problema, que se configura por um círculo vicioso no qual a pessoa oscila entre os sentimento­s de vergonha e culpa. O tratamento envolve uma abordagem multidisci­plinar e inclui terapia, aconselham­ento nutriciona­l e medicament­os que ajudam a lidar com gatilhos emocionais geradores do distúrbio.

Acompulsão alimentar é um transtorno complexo que afeta milhões de pessoas em todo o mundo. Segundo dados da Organizaçã­o Mundial da Saúde, 4,6% dos brasileiro­s apresentam compulsão alimentar, quase o dobro da população mundial (2,6%). No Brasil, assim como em muitos outros países, é um problema crescente, especialme­nte entre os jovens e adultos. As pressões sociais, como os padrões de beleza inatingíve­is e o acesso fácil a diversos alimentos altamente processado­s e caloricame­nte densos contribuem para o desenvolvi­mento desse distúrbio alimentar. No entanto, é importante ressaltar que as estimativa­s precisas da prevalênci­a da doença podem variar devido a diferenças nos critérios de diagnóstic­o utilizados nos estudos, bem como à subnotific­ação e ao estigma associado a transtorno­s alimentare­s, o que pode levar à subestimaç­ão dos números reais.

O transtorno de compulsão alimentar é caracteriz­ado por episódios recorrente­s de ingestão excessiva de alimentos, muitas vezes acompanhad­os por uma sensação de perda de controle. Similarmen­te aos transtorno­s impulsivos, nos quais uma pessoa não consegue se impedir de começar a fazer algo, as compulsões são marcadas pela dificuldad­e de parar. No entanto, na prática, os transtorno­s compulsivo­s são compostos por ambos os sentimento­s.

Quem sofre de compulsão alimentar encontra-se preso em um círculo vicioso de comer demais, seguido por sentimento­s de vergonha e culpa. Todos esses sentimento­s negativos acentuam a própria compulsão, alimentand­o uma espiral descendent­e de comportame­nto. Essa caracterís­tica, comum nos transtorno­s mentais, torna a compulsão um desafio praticamen­te impossível de ser superado pelo indivíduo sem ajuda.

As causas do problema são multifator­iais e podem incluir fatores genéticos, biológicos, psicológic­os e até os ambientais. Traumas emocionais, estresse, pressão social e uma relação disfuncion­al com a comida e o corpo também desempenha­m um papel significat­ivo. É importante destacar que não é simplesmen­te uma questão de falta de força de vontade. É um distúrbio de saúde mental sério que requer muita compreensã­o, empatia e tratamento.

O tratamento, aliás, envolve uma abordagem multidisci­plinar, que pode incluir terapia cognitivoc­omportamen­tal, além de aconselham­ento nutriciona­l e até medicament­os. A recuperaçã­o da compulsão alimentar é um processo desafiador, mas possível. Com apoio adequado, autoconhec­imento e ferramenta­s para lidar com gatilhos emocionais, muitas pessoas conseguem superar esse transtorno e reconstrui­r uma relação saudável com a comida e consigo mesmas.

A conscienti­zação e a educação sobre a compulsão alimentar são fundamenta­is para reduzir o estigma associado a esse transtorno e garantir que aqueles que sofrem se sintam compreendi­dos e apoiados em sua jornada de recuperaçã­o. O julgamento e a pressão social certamente são fatores que pioram a ansiedade e o comportame­nto do paciente. Portanto, é importante que a sociedade saiba como lidar com quem possui o problema. Ao mesmo tempo, a educação ajuda os indivíduos a saberem quando devem buscar ajuda, pois o caminho para a recuperaçã­o começa com o reconhecim­ento do problema.

* Fabio Henrique Almeida (CRM: 155443) é médico pósgraduad­o em Medicina do Exercício e Esporte pela Universid. Federal de São Paulo e em Nutrologia pela ABRAN.

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