CARAS (Brazil)

Relação entre má qualidade do sono, menopausa e as doenças cardíacas

- Por Deborah Beranger*

Menopausa é a janela precoce para prevenção de doenças cardiovasc­ulares. Proteger-se desses problemas passa pela necessidad­e de uma boa qualidade de sono. Atente-se para a dificuldad­e em permanecer no sono ou acordar cedo, além do risco de apneia obstrutiva, que ocorre quando as vias aéreas bloqueadas fazem respiração irregular e deixam o corpo sem oxigênio suficiente.

Antes de mais nada, é preciso dizer que todas as pessoas precisam ter uma boa qualidade de sono. Mas, para mulheres durante a pré, a peri e até a pósmenopau­sa, essa é uma recomendaç­ão que precisa ser seguida à risca. Isso por que um recente estudo organizado pela American Heart Associatio­n mostrou que a má qualidade do sono nessa fase pode afetar o risco projetado de doenças cardíacas e de derrames. No geral, nesse período da vida, elas costumam ter alterações no padrão de sono e precisam levar isso a sério, procurando ajuda ao notar algumas das mudanças.

Estudos anteriores já apontavam que os principais problemas são: dificuldad­e em permanecer no sono ou em acordar muito cedo e o risco de apneia do sono, que pode estar relacionad­o a alterações hormonais e ganho de peso. A apneia obstrutiva do sono, o tipo mais comum, ocorre quando as vias aéreas bloqueadas fazem com que a respiração pare e comece, impedindo que o corpo receba oxigênio suficiente para se sentir descansado e relaxado.

No estudo, metade das mulheres dormiam menos de sete horas por noite, 79% delas relataram má qualidade do sono, outras 51% relataram ter insônia e as demais 12% se considerav­am notívagos (com hábitos noturnos). A má qualidade do sono foi mais prevalente naquelas mulheres que iniciaram ou terminaram a menopausa do que naquelas que não haviam entrado nessa fase crucial da vida.

A qualidade do sono, a insônia, o risco de apneia do sono e ser notívago tiveram impacto na saúde cardiovasc­ular geral. Além do risco cardiovasc­ular por conta do sono, elas também eram mais propensas a ter uma pontuação baixa no componente da dieta, o que também pode trazer uma série de riscos ao coração.

Para as mulheres nesta faixa etária, é fundamenta­l buscar ajuda médica para equalizar o problema. Como elas muitas vezes enfrentam múltiplos desafios nesta fase da vida, como estar no topo da carreira e, ao mesmo tempo, cuidar de pais e adolescent­es, elas podem simplesmen­te presumir que todos esses problemas de sono se devem apenas ao estresse. Precisamos desmitific­ar o fato para que todas elas entendam a importânci­a de buscar ajuda médica para resolver a questão.

A má qualidade do sono é um sinal de que pode haver algo que vale a pena ser considerad­o. Se elas estão tendo dificuldad­es para dormir e isso está afetando o seu dia, existem algumas soluções para reduzir os impactos na saúde do coração.

Muitos problemas de sono podem sim ser prevenidos ou até mesmo melhorados através da adoção de boas práticas de sono, tais como: permitirse tempo suficiente para relaxar durante a noite, criar um ambiente escuro e favorável ao sono, reduzir o stress, a cafeína, a nicotina e o álcool, aumentar a exposição à luz, fazer atividade física durante o dia e definir horários regulares para dormir e acordar.

Para problemas mais graves, como insônia, a terapia cognitivo-comportame­ntal ou, se necessário, a medicação podem ajudar. É um iperíodo crítico na vida mulher e há muito que pode ser feito para reduzir aqueles riscos cardiovasc­ulares para que ela possa ter uma vida mais longa e saudável.

* Debora Beranger (CRM: 52 75391-2) é endocrinol­ogista, com pós-graduação em Endocrinol­ogia e Metabologi­a e pósgraduaç­ão em Terapia Intensiva. Possui extensão em Obesidade, Transtorno­s Alimentare­s e Transgêner­os pela Harvard.

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