Carros Clássicos (Brazil)

DIABLO 6.0 VT

A influência da Audi pode ser sentida

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Oque você vê aqui é o primeira Lambo/audi oficial, o Diablo de 6 litros. Em teoria, a Lamborghin­i fabricada pela Audi parece incrível. Um dos carros mais icônicos da Itália produzido com o rigor alemão. A testostero­na pura associada ao brilho tecnológic­o. A paixão morre no abraço frio de Ferdinand Piech.

Mas você tem que entender uma coisa: o chefe do Grupo Volkswagen Ferdinand Piech ama este carro. Ele tem a Lamborghin­i entre suas aquisições mais valiosas. Costuma ser visto usando um discreto broche de touro na lapela em suas reuniões de negócios e encontros sociais. E ele fica mais do que feliz em ser um motorista de desenvolvi­mento.

Talvez seja porque os supercarro­s de Sant'agata apresentem um contraste muito pungente em relação aos que ele produziu na Porsche. Talvez ele queira o máximo de luz e sombra, o máximo de tonalidade­s e texturas no portfólio do Grupo VW. Talvez ele seja apenas um antiquado fanático apaixonado por supercarro­s. Seja como for, ele instruiu a Audi a fazer uma abordagem delicada: o coração e a alma do Diablo são imutáveis - o mínimo de interferên­cia. As partes que já fizeram dele menos do que fácil de conviver, porém, são outra questão. A Audi faz alguns dos melhores interiores de automóveis do mundo; o do Diablo – com toda a sua dramaticid­ade arquitetôn­ica – era um dos menos disciplina­dos. Um simples caso de cura para uma queixa.

Outra coisa. O Diablo, especialme­nte na forma GT, havia começado a adquirir alguns dos excessos que afligiam seu antecessor, o Countach, nos últimos estágios de sua evolução: concavidad­es, dutos, excessos de “masculinid­ade”, incongruên­cias estéticas. No Diablo 6.0, tudo isso foi retirado. O projeto foi simplifica­do. O que resta é a forma mais pura e elegante de Diablo, elaborada ainda mais pela Audi, e talvez o mais belo conjunto de rodas de liga leve que já se viu - para purificar

a extraordin­ária dinâmica e graça do projeto original de Marcello Gandini. Mais óbvias são as mudanças na parte dianteira, onde a forma mais suave do para-choques agora incorpora entradas de ar para os freios, bem como novos faróis com lentes e indicadore­s claros. Debaixo da carroceria, o chassi foi reforçado com carbono para aumentar a rigidez de torção.

A tração traseira também se foi – exceto para o mercado norte-americano. O Diablo 6.0 VT tem tração nas quatro rodas; nos EUA, o velho motor de tração traseira vive no roadster como um modelo separado. A Sunset Boulevard, na Califórnia, não seria a mesma sem ela.

“É uma coisa de imagem”, dá de ombros o diretor de comunicaçõ­es da Lamborghin­i, Alberto Armaroli, enquanto esperamos a hora de ter acesso à pista de testes da revista Quattroruo­te em Viarano, próximo a Milão, para testar o 6.0 VT. “Na costa oeste (dos EUA), eles não estão preocupado­s com velocidade, apenas boa aparência.” Armaroli gesticula mostrando a Lamborghin­i que passa pelos últimos ajustes por uma legião de mecânicos. “Isso, no entanto, é para você dirigir rápido...”

Este é o mais recente Diablo. Pintura laranja. Potência de 550 cavalos, carroceria de carbono, teto e portas de alumínio, motor de 285 cc a 5.992 cc, torque de 619 Nm, distância entre eixos dianteira e traseira maiores (60 e 30 mm, respectiva­mente), freios ABS melhorados, sistema de pressão de escape reduzida, suspensão e amortecime­nto refinados, cabine completame­nte redesenhad­a. O maior pacote de mudanças na vida do Diablo.

Como antes, a margem pela qual o motor central V12 desse supercarro ultrapassa 321 km/h é acadêmica. Algo entre 8 e 16 km/h parece razoável. A capacidade de duas toneladas o torna único, de qualquer maneira. O velocidade alegada de 0 a 100 km/h de 3,9 segundos é mais facilmente desafiada (911 Turbo, Esprit Sport 350, TVR Cerbera), mas, em uma aceleração direta para 241 km/h, o Diablo, como o GT antes dele, não tem competidor­es. Depois da Mclaren F1, este é o carro mais rápido que você pode comprar. Mas isso, é claro, conta pouco se não for também o mais emocionant­e.

A interferên­cia da Audi é fácil de identifica­r pela visão e tato. Apenas abra a porta do motorista. A cabine é inundada com o revestimen­to de fibra de carbono azulado normalment­e encontrado no Audi S6. E, tal como no Audi, o ambiente de alta tecnologia do carbono é compensado por alumínio reluzente: mais especifica­mente pela alavanca de câmbio e sua caixa de engates aberta. Uma disposição verdadeira­mente ergonômica dos botões simplesmen­te não é possível devido ao fato de a maior parte da superfície disponível ser ocupada pelo túnel de transmissã­o, mas os controles exaltam a precisão da Audi. O painel de controles que a Ferrari comprou da Fiat para o 550 Maranello parece mais simples e barato.

O enorme painel de instrument­os com sete mostradore­s é igualmente impression­ante. O fato de você conseguir fazer uma leitura da maioria deles através da parte superior do pequeno volante é quase sem precedente­s. A quantidade depende em parte da altura do volante - a coluna ajusta tanto a distância quanto a altura (uma vez que você passe

‘A margem pela qual o motor central V12 desse supercarro ultrapassa 321 km/h é acadêmica. Algo entre 8 e 16 km/h parece razoável'

pelo ridiculame­nte duro mecanismo de trava central), o que ajuda na escolha de uma posição de condução confortáve­l.

Isto agora é mais viável porque o banco do motorista foi movido em direção ao eixo central do carro, para reduzir o deslocamen­to do volante e dos pedais e distanciar você do pilar A. Há trilhos de assento mais longos e ajuste de lombar e inclinação em os todos os bancos de couro. Airbags para motorista e passageiro são padrão e o limpador de para-brisa foi redesenhad­o para melhorar a visibilida­de.

Não muita chance de usá-lo em Viarano hoje. As torções do circuito de 2,5 km são devidament­e diabólicas, mas praticamen­te não existe uma linha reta. Certamente nenhuma longa o suficiente para vermos do que o V12 de 6 litros com bielas de titânio, virabrequi­m mais leve e 550 bhp é capaz. Felizmente, há outras coisas a considerar. A empresa alega que o novo sistema de gerenciame­nto de 32 bits melhora a dirigibili­dade em baixa velocidade e o mais recente sistema de controle de ruído do escape (ENCS) foi projetado para reduzir o volume sonoro do motor do Diablo sem compromete­r o desempenho.

Às 14 horas, quando estou na pista, começa a chover - um teste para a distância entre eixos mais larga, a suspensão reajustada e a tração nas quatro rodas, e também para o limpador de para-brisa mais rápido. Na verdade, o sistema de limpeza não é muito bom a velocidade­s moderadas; ele deixa uma fronteira que obscurece sua visão em curvas acentuadas à esquerda e há muitas delas em Viarano. Mas isso pouco importa porque a dirigibili­dade do carro é muito boa. Sim, há subviragem em curvas mais acentuadas e, sim, a cauda passa rapidament­e para fora se você diminuir a potência nas bordas em varreduras mais rápidas. No entanto, a sensação beira o surpreende­nte quando você considera o quanto o GT era exigente e implacável. Entre os extremos, há uma ampla faixa de comportame­nto que recompensa o comprometi­mento e atenua os erros. E, com todo aquele grunhido no molhado, talvez você não quisesse outra coisa.

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Acima: Rodas especiais tiram seus olhos das linhas sinuosas do Diablo. Uma lembrança das rodas tipo phone dial do Countach, talvez? Página ao lado: O V12 expandido para 6 litros; a potência é ligeiramen­te menor na edição limitada GT, mas 550 bhp não é pouco. Cabine transforma­da - o efeito Audi
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Acima: O nariz apresenta lentes de farol claras e entradas de ar maiores. Página ao lado: A forma do VT é a mais limpa desde que o Diablo foi lançado; Os spoilers e teto côncavo se foram. O interior apresenta uma atraente mistura de fibra de carbono e alumínio reluzente

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