Carros Clássicos (Brazil)

SUPERLEGGE­RA!

O Gallardo vai ao extremo

- Texto: Richard Meaden Fotos: Gus Gregory

Quão

especial é o Gallardo Superlegge­ra? Especial o suficiente para você pegar a chave e fazer uma viagem noturna imediatame­nte depois de um voo de dez horas e meia hora de Londres a Phoenix. Especial o suficiente para Gus Gregory querer tirar fotos dele no escuro. Especial o suficiente para fazer os habitantes de Scottsdale saíram de suas casas no meio da noite para olharem por suas janelas laterais.

Seguindo os passos do Murciélago LP640, o Gallardo Superlegge­ra não é apenas especial, é espetacula­r. Ele também prova que a Lamborghin­i é uma verdadeira força a ser reconhecid­a. Não apenas como fabricante de supercarro­s, mas como uma montadora que pode se orgulhar de estar ao lado de fabricante­s como Ferrari e Porsche.

Os entusiasta­s mais ardorosos podem se sentir desconfort­áveis com a influência germânica na anteriorme­nte caótica, mas cativante, instituiçã­o italiana. Mas não se pode discutir a qualidade do produto final.

Nossa agenda será corrida. Na chegada a Phoenix, Gus e eu calculamos que estaremos em solo americano por apenas 25 horas antes de voltar para Londres, e isso em parte explica por que sentimos a necessidad­e de maximizar nosso tempo com o carro, apesar do desgaste mental proporcion­ado por horas de voo. A equipe de ralações públicas da Lamborghin­i generosame­nte me entrega a chave de um suculento Superlegge­ra na cor Arancio Borealis (laranja, para você).

Este trago vibrante de um touro cor de laranja é mais eficaz do que um galão da variedade vermelha. Mesmo no escuro, ele parece magnífico. Carrancudo e agressivo, ele exala o tipo de atitude de brutal que você espera de uma versão simplifica­da e despojada do que já foi um dos supercarro­s mais no-nonsense de todo o mundo.

Com ou sem restrições de tempo, não podemos deixar de fazer uma pausa para apreciar o que deve ser claramente uma parte importante de possuir um Superlegge­ra: parar e olhar. Tudo o que você olha e tudo que você toca revela a extensão dos ajustes para a redução de peso do Gallardo planejada pela equipe de pesquisa e desenvolvi­mento da Lamborghin­i. Gire a chave, abra a porta e você será confrontad­o por portas de carbono de peça única gloriosame­nte brilhantes, bancos esportivos revestidos de carbono e acabamento em Alcantara.

A tampa do motor também é feita de carbono, assim como o aerofólio traseiro fixo, com opções de especifica­ção padrão ou com um design mais elevado, como nos carros de corrida, com câmera. A janela de vidro de tampa do motor foi substituíd­a por policarbon­ato transparen­te, enquanto a janela traseira é feita de Macrolon. Abra e levante a tampa do motor e você poderá sentir a diferença: a tampa leve e frágil voa com o mínimo esforço.

O motor desenvolve um pouco mais de potência – 9 bhp para ser mais preciso - graças a uma nova unidade de controle do motor, o mapeamento dos quais foram extraídos os bhp extra em rotações mais altas sem prejuízo do torque. Novos dutos de admissão e escape foram desenvolvi­dos, juntamente com um novo sistema de escape, com baixa contrapres­são – tudo isso para a redução de peso e aumento do desempenho. A julgar pelos escapament­os grossos e salientes da parte traseira do carro, este subproduto será um grito de guerra de gelar o sangue.

Há fibra de carbono nas soleiras e também no difusor traseiro, mas os destaques exteriores, pelo menos para mim, são as finas rodas ‘Skorpius', feitas de magnésio para adicionare­m o mínimo de peso. A prova da

‘Mesmo no escuro, ele parece magnífico. Carrancudo e agressivo, ele exala o tipo de atitude de brutal que você espera’

obstinação com a redução de peso também pode ser encontrada nas porcas da roda de titânio, que prendem as rodas de liga leve a parafusos mais leves, mas fortes.

Os freios de carbono-cerâmica opcionais instalados em nosso carro de teste não são mais leves do que os de ferro fundido padrão graças ao aumento do tamanho dos rotores e pinças, mas eles prometem acabar com a propensão do Gallardo em sofrer uma piora do desempenho dos freios durante uso extremo. Atrás das rodas dianteiras se escondem veios de transmissã­o mais finos e leves (é claro), mas feitos de material mais forte para compensar seu design mais esguio. O eixo de articulaçã­o também é mais leve.

O resultado é uma redução de 100 kg de peso, diminuindo a massa do Gallardo para 1.420 kg. De acordo com Reggiani, da equipe de pesquisa e desenvolvi­mento da Lamborghin­i, trocar a tração nas quatro rodas por tração traseira reduziria outros 50 kg. O fato de ele saber esse número de cabeça sugere que a Lamborghin­i pensou muito sobre os prós e contras de uma Superlegge­ra com tração traseira antes de se manter fiel ao esquema 4x4 da marca.

Não estamos com a intenção de dirigir para longe, apenas por Scottsdale para encontrar algumas luzes de rua que banhem o Gallardo para a alegria da câmera Hasselblad de Gregory. O ritual do Superlegge­ra é o mesmo de sempre: sente-se no banco fortemente reforçado, puxe o cinto de segurança e afivele os quatro pontos, aperte e então reclame depois de perceber que você está tão preso na posição que não consegue

sequer fechar a porta!

Gire a chave, sorria quando o motor de arranque der sua distinta risada, e então recue quando os dez cilindros ganharem vida - uma parede de ruído trovejante que sai do sistema de escape. Com a queda das rotações, as válvulas de contra-fluxo contraem lentamente a fanfarra e o Superlegge­ra entra em uma ameaçadora batida de tempo duplo. Piso no pedal de freio, puxo a alavanca do lado direito e estamos longe, reclamando um pouco conforme o software da e-gear embaralha as rotações do motor e embreagem, e o torque do V10 luta contra os diferencia­is viscosos da tração nas quatro rodas quando saímos do estacionam­ento.

O Gallardo sempre pareceu e soou duro e mecânico, com uma abundância de ruídos para acompanhar seu progresso. Com o mínimo de isolamento acústico, o Superlegge­ra é ainda mais vocal e, embora os ruídos pareçam um pouco com os de veículos agrícolas, eles não são diferentes do som metálico do difrencial de um 911 RS. Ambos os carros colocam você no centro de tudo, como se você fizesse parte da máquina. No entanto, se você está esperando uma troca de marchas refinada como a de uma Ferrari 599 F1-superfast, você ficará imensament­e decepciona­do (um câmbio manual padrão é opcional).

Chegamos em Scottsdale, uma viagem repleta de lombadas, com o motor mal sendo capaz de limpar a garganta, exceto por uma fuga furtiva e estridente de um conjunto de semáforos. Não é o teste definitivo, obviamente, mas prova que, se o Superlegge­ra é especial demais para ser usado como transporte diário, também pode lidar muito bem com o monótono trânsito urbano.

Gus fareja um local tranquilo para trabalhar, mas não demora muito até que o primeiro de muitos visitantes passe, pare, vire e volte para um olhada mais atenta. A maioria admira o carro à distância, alguns tomam coragem para se aproximar, mas ninguém se atreve a tocá-lo, enquanto a expressão de emoção e admiração que se espalha através de seus rostos é mais uma prova do poder do Gallardo Superlegge­ra.

Voltamos ao nosso hotel antes do cansaço nos roubar a coordenaçã­o necessária para encontrar

‘Você pode fazer o Gallardo padrão deslizar também, mas não com tanta precisão’

nosso caminho. Uma vez no quarto, porém, eu não consigo dormir. Não sei se é jet-lag ou a promessa dirigir o Superlegge­ra de forma adequada no dia seguinte. Seja como for, mal posso esperar pelo amanhecer.

NÃO TENHO CERTEZA de que o Arizona é o melhor lugar para dirigir o Superlegge­ra. Mesmo para os padrões americanos, os limites de velocidade neste estado desértico são policiados com zelo raro, e com notícias se espalhando sobre os repetidos desentendi­mentos da Audi com a lei na vizinha Nevada durante o lançamento do R8, é claro que o evento da Lamborghin­i estará no centro das atenções - ou devo dizer dos holofotes?

Felizmente, temos a Phoenix Internatio­nal Raceway à nossa disposição, o que significa que podemos correr sem medo de aparecermo­s em um episódio de alguma série de vídeos policiais. Infelizmen­te, isso também significa nos comportarm­os durante a viagem de 40 minutos de nosso hotel, no sopé da montanha Camelback, ao local isolado da PIR.

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 ??  ?? Esquerda: o interior com acabamento em Alcantara, com carbono visível na parte de trás dos bancos e nas portas. Freios de carbonocer­âmica (acima) são opcionais
Esquerda: o interior com acabamento em Alcantara, com carbono visível na parte de trás dos bancos e nas portas. Freios de carbonocer­âmica (acima) são opcionais
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Há dois tipos de spoiler traseiro no Superlegge­ra: uma versão grande e elevada, e outra para os que não gostam tanto de aparecer: pequena e mais discreta, como vista neste carro
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