SUPERLEGGERA!
O Gallardo vai ao extremo
Quão
especial é o Gallardo Superleggera? Especial o suficiente para você pegar a chave e fazer uma viagem noturna imediatamente depois de um voo de dez horas e meia hora de Londres a Phoenix. Especial o suficiente para Gus Gregory querer tirar fotos dele no escuro. Especial o suficiente para fazer os habitantes de Scottsdale saíram de suas casas no meio da noite para olharem por suas janelas laterais.
Seguindo os passos do Murciélago LP640, o Gallardo Superleggera não é apenas especial, é espetacular. Ele também prova que a Lamborghini é uma verdadeira força a ser reconhecida. Não apenas como fabricante de supercarros, mas como uma montadora que pode se orgulhar de estar ao lado de fabricantes como Ferrari e Porsche.
Os entusiastas mais ardorosos podem se sentir desconfortáveis com a influência germânica na anteriormente caótica, mas cativante, instituição italiana. Mas não se pode discutir a qualidade do produto final.
Nossa agenda será corrida. Na chegada a Phoenix, Gus e eu calculamos que estaremos em solo americano por apenas 25 horas antes de voltar para Londres, e isso em parte explica por que sentimos a necessidade de maximizar nosso tempo com o carro, apesar do desgaste mental proporcionado por horas de voo. A equipe de ralações públicas da Lamborghini generosamente me entrega a chave de um suculento Superleggera na cor Arancio Borealis (laranja, para você).
Este trago vibrante de um touro cor de laranja é mais eficaz do que um galão da variedade vermelha. Mesmo no escuro, ele parece magnífico. Carrancudo e agressivo, ele exala o tipo de atitude de brutal que você espera de uma versão simplificada e despojada do que já foi um dos supercarros mais no-nonsense de todo o mundo.
Com ou sem restrições de tempo, não podemos deixar de fazer uma pausa para apreciar o que deve ser claramente uma parte importante de possuir um Superleggera: parar e olhar. Tudo o que você olha e tudo que você toca revela a extensão dos ajustes para a redução de peso do Gallardo planejada pela equipe de pesquisa e desenvolvimento da Lamborghini. Gire a chave, abra a porta e você será confrontado por portas de carbono de peça única gloriosamente brilhantes, bancos esportivos revestidos de carbono e acabamento em Alcantara.
A tampa do motor também é feita de carbono, assim como o aerofólio traseiro fixo, com opções de especificação padrão ou com um design mais elevado, como nos carros de corrida, com câmera. A janela de vidro de tampa do motor foi substituída por policarbonato transparente, enquanto a janela traseira é feita de Macrolon. Abra e levante a tampa do motor e você poderá sentir a diferença: a tampa leve e frágil voa com o mínimo esforço.
O motor desenvolve um pouco mais de potência – 9 bhp para ser mais preciso - graças a uma nova unidade de controle do motor, o mapeamento dos quais foram extraídos os bhp extra em rotações mais altas sem prejuízo do torque. Novos dutos de admissão e escape foram desenvolvidos, juntamente com um novo sistema de escape, com baixa contrapressão – tudo isso para a redução de peso e aumento do desempenho. A julgar pelos escapamentos grossos e salientes da parte traseira do carro, este subproduto será um grito de guerra de gelar o sangue.
Há fibra de carbono nas soleiras e também no difusor traseiro, mas os destaques exteriores, pelo menos para mim, são as finas rodas ‘Skorpius', feitas de magnésio para adicionarem o mínimo de peso. A prova da
‘Mesmo no escuro, ele parece magnífico. Carrancudo e agressivo, ele exala o tipo de atitude de brutal que você espera’
obstinação com a redução de peso também pode ser encontrada nas porcas da roda de titânio, que prendem as rodas de liga leve a parafusos mais leves, mas fortes.
Os freios de carbono-cerâmica opcionais instalados em nosso carro de teste não são mais leves do que os de ferro fundido padrão graças ao aumento do tamanho dos rotores e pinças, mas eles prometem acabar com a propensão do Gallardo em sofrer uma piora do desempenho dos freios durante uso extremo. Atrás das rodas dianteiras se escondem veios de transmissão mais finos e leves (é claro), mas feitos de material mais forte para compensar seu design mais esguio. O eixo de articulação também é mais leve.
O resultado é uma redução de 100 kg de peso, diminuindo a massa do Gallardo para 1.420 kg. De acordo com Reggiani, da equipe de pesquisa e desenvolvimento da Lamborghini, trocar a tração nas quatro rodas por tração traseira reduziria outros 50 kg. O fato de ele saber esse número de cabeça sugere que a Lamborghini pensou muito sobre os prós e contras de uma Superleggera com tração traseira antes de se manter fiel ao esquema 4x4 da marca.
Não estamos com a intenção de dirigir para longe, apenas por Scottsdale para encontrar algumas luzes de rua que banhem o Gallardo para a alegria da câmera Hasselblad de Gregory. O ritual do Superleggera é o mesmo de sempre: sente-se no banco fortemente reforçado, puxe o cinto de segurança e afivele os quatro pontos, aperte e então reclame depois de perceber que você está tão preso na posição que não consegue
sequer fechar a porta!
Gire a chave, sorria quando o motor de arranque der sua distinta risada, e então recue quando os dez cilindros ganharem vida - uma parede de ruído trovejante que sai do sistema de escape. Com a queda das rotações, as válvulas de contra-fluxo contraem lentamente a fanfarra e o Superleggera entra em uma ameaçadora batida de tempo duplo. Piso no pedal de freio, puxo a alavanca do lado direito e estamos longe, reclamando um pouco conforme o software da e-gear embaralha as rotações do motor e embreagem, e o torque do V10 luta contra os diferenciais viscosos da tração nas quatro rodas quando saímos do estacionamento.
O Gallardo sempre pareceu e soou duro e mecânico, com uma abundância de ruídos para acompanhar seu progresso. Com o mínimo de isolamento acústico, o Superleggera é ainda mais vocal e, embora os ruídos pareçam um pouco com os de veículos agrícolas, eles não são diferentes do som metálico do difrencial de um 911 RS. Ambos os carros colocam você no centro de tudo, como se você fizesse parte da máquina. No entanto, se você está esperando uma troca de marchas refinada como a de uma Ferrari 599 F1-superfast, você ficará imensamente decepcionado (um câmbio manual padrão é opcional).
Chegamos em Scottsdale, uma viagem repleta de lombadas, com o motor mal sendo capaz de limpar a garganta, exceto por uma fuga furtiva e estridente de um conjunto de semáforos. Não é o teste definitivo, obviamente, mas prova que, se o Superleggera é especial demais para ser usado como transporte diário, também pode lidar muito bem com o monótono trânsito urbano.
Gus fareja um local tranquilo para trabalhar, mas não demora muito até que o primeiro de muitos visitantes passe, pare, vire e volte para um olhada mais atenta. A maioria admira o carro à distância, alguns tomam coragem para se aproximar, mas ninguém se atreve a tocá-lo, enquanto a expressão de emoção e admiração que se espalha através de seus rostos é mais uma prova do poder do Gallardo Superleggera.
Voltamos ao nosso hotel antes do cansaço nos roubar a coordenação necessária para encontrar
‘Você pode fazer o Gallardo padrão deslizar também, mas não com tanta precisão’
nosso caminho. Uma vez no quarto, porém, eu não consigo dormir. Não sei se é jet-lag ou a promessa dirigir o Superleggera de forma adequada no dia seguinte. Seja como for, mal posso esperar pelo amanhecer.
NÃO TENHO CERTEZA de que o Arizona é o melhor lugar para dirigir o Superleggera. Mesmo para os padrões americanos, os limites de velocidade neste estado desértico são policiados com zelo raro, e com notícias se espalhando sobre os repetidos desentendimentos da Audi com a lei na vizinha Nevada durante o lançamento do R8, é claro que o evento da Lamborghini estará no centro das atenções - ou devo dizer dos holofotes?
Felizmente, temos a Phoenix International Raceway à nossa disposição, o que significa que podemos correr sem medo de aparecermos em um episódio de alguma série de vídeos policiais. Infelizmente, isso também significa nos comportarmos durante a viagem de 40 minutos de nosso hotel, no sopé da montanha Camelback, ao local isolado da PIR.