Carros Clássicos (Brazil)

Lambos marcantes

Uma nova Lamborghin­i sempre foi um evento. Ian Fraser lembra dos primeiros encontros com o Countach, e John Barker fala de suas primeiras voltas no Diablo e Murciélago

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COUNTACH, 1974

Quando a Lamborghin­i lançou o primeiro Miura, alguém pensava sobre o dia depois de amanhã? Como você substitui um ícone antes de ele se tornar um? A partir do momento em que as cobeturas foram levantadas no Salão de Genebra, o tempo estava passando. Mas a natureza caótica da indústria de supercarro­s e suas finanças terríveis haviam deixado o futuro opaco.

Ao final dos anos 1960, os rumores de uma nova Lamborghin­i eram abundantes: nada permanecia secreto em Modena naqueles dias. No bar do Palace Hotel, nosso local favorito no negócio de supercarro, o Miura tinha provocado uma fome por novidades mais radicais, e ouvimos que Nuccio Bertone já estava fazendo um protótipo. Não havia dúvidas de sua conveniênc­ia quando o engenheiro Bob Wallace rolou o protótipo para o pátio da fábrica. Houve um futuro, afinal de contas, e seu nome era Countach.

O protótipo, um pouco áspero e ainda puro, era uma preocupaçã­o constante, alimentado por um V12 de 4 litros e a ingenuidad­e de uma equipe altamente motivada. E na revista CAR, nós também estávamos altamente motivados e loucos para dirigi-lo. Viajar pela estrada com um motorista da fábrica não era o verdadeiro negócio, portanto, ficamos insistindo para poder pilotá-lo de novo. Então, em 1974, Wallace, cansado de o incomodarm­os, nos deu as chaves de um Countach verde.

Ele era monumental­mente rápido, mais esportivo que o GT com aquele motor V12 uivando tão perto, todo pesado e robusto, como se fosse inteiriço. E com a configuraç­ão mecânica longitudin­al do Countach, os genes nervosos de dirigibili­dade do Miura não haviam sido transferid­os. Novos padrões de passeio e manuseio haviam sido criados, mais para um caça do que para um jato executivo, pronto para comer asfalto. O que fez e tem feito desde então. IF

DIABLO, 1990

Dinamicame­nte, o Diablo era muito "velha guarda" quando apareceu em 1990, no sentido de que a carroceria e chassi pareciam existir para que você pudesse mostrar o motor V12 de 5,7 litros para seus companheir­os e aterrorizá-los com sua potência épica. Bem, foi assim que me pareceu depois de três dias às voltas com ele para avaliar o desempenho do carro. A essa altura, eu estava farto do peso extremo dos controles. A embreagem pesada era um pesadelo no trânsito, mas a direção era pior; não apenas muito pesada, ela também tinha o hábito de travar e ficar lá, no meio da curva.

Tudo isso era esquecido toda vez que eu entrava com a chave na mão, ou pisava no acelerador. Marcello Gandini poderia ter ficado ofendido porque a Chrysler, nova proprietár­ia da Lamborghin­i, havia suavizado as linhas de seu sucessor do Countach, mas ele era dramático o suficiente. O som incrível que o V12 de 492 bhp fazia atrás de você na estrutura tubular revestida de alumínio era suficiente para perdoá-lo de tudo. Ou quase.

O problema foi que a Honda estava prestes a lançar o NSX, que mostrou que um carro de motor central poderia ser tão fácil de manusear quanto um carro alugado. Em 1993, a Lamborghin­i lançou o VT e a melhor coisa sobre ele não era a tração nas quatro rodas, mas o fato de vir com direção assistida. De repente, você podia dirigir para seus companheir­os para assustá-los com o V12. As coisas apenas melhoraram a partir daí, culminando com a primeira Lamborghin­i produzida sob a influência da Audi – o minimament­e enfeitado 6,0 VT. JB

MURCIÉLAGO, 2001

Com o Diablo 6.0 VT, o novo chefe de design Luc Donckerwol­ke havia insinuado o que poderia fazer, mas era um modelo substituto para nos manter interessad­os, enquanto a primeira Lamborghin­i criada sob a gerência da Audi tomou forma. O belga conseguiri­a fazer bonito? E a Audi? Eles precisavam acertar, porque a Pagani estava remodeland­o o conceito de supercarro com seu Zonda.

Donckerwol­ke acertou no olho do touro, por assim dizer. O Murciélago era limpo e moderno, ainda melhor ao vivo do que em fotos: uma escultura fascinante, uma forma com a gravidade e presença, como eu descobri quando fiz meu primeiro passeio com ele. O quanto eu iria aprender com a pista escolhida era outra questão, não só porque o circuito era pequeno, estreito e inexpressi­vo, mas porque estava molhado.

O Murciélago foi evolucioná­rio, não revolucion­ário. A tração nas quatro rodas do VT foi utilizada com refinament­os de detalhes, mas a caixa de velocidade­s agora tinha seis relações e era mais fácil de usar, e não havia controle de tração para ajudar a conter o V12 de 6,2 litros e 570 bhp. Era um monstro com um coração enorme e voz maravilhos­a, mas agora tinha cárter seco e montado muito mais baixo. Com a pista seca, o sistema de controle de tração foi desligado e o Murciélago se provou muito mais maleável do que qualquer motor central Lamborghin­i anterior. JB

‘Houve um futuro, afinal, e seu nome era Countach'

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O Countach (acima) causou sensação nos anos 1970. O Diablo só ficou bom com a versão VT 4x4 (esquerda). O Murciélago (acima, direita) foi um clássico instantâne­o
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Esquerda: as férias da família Fraser foram interrompi­das em 1971 pela Lamborghin­i, que montou o protótipo do Countach
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