MURCIÉLAGO LP640
O top de linha ganha mais potência e atitude
Quando você gira a chave para desligar o V12 de 6,5 litros do LP640 e seu som rico e complexo se esvai, é como se o mundo parasse de girar. O silêncio é vazio, as cores que antes atravessavam o para-brisa panorâmico parecem ter desaparecido. Tudo é mais cinza, menos emocionante. A intensidade e exuberância do LP640 o colocam em um mundo além da realidade. E quando você sai do carro, tonto de adrenalina e exausto pelo esforço de manter todos os 631 bhp rodando, você sabe que o mundo real nunca será suficiente. Você precisa de um LP640. Acredite em mim, todo mundo precisa de um LP640...
Eu não tenho certeza de que todos poderiam lidar com ele, no entanto. O Murciélago mais potente da Lamborghini pode reter a tração nas quatro rodas, o sistema de controle de tração e, se você tiver feito a escolha apropriada, alguns dos melhores freios já fabricados. Mas com seu enorme motor V12 central proporcionando bem mais que 600 bhp, ele tem o potencial de fazer algumas perguntas muito sérias a quem quer que esteja atrás do volante. O LP640 exige respeito, e é melhor tratá-lo assim se você deseja que ele fique com as rodas para baixo.
O Murciélago como o conhecíamos é um
dos supercarros mais exploráveis de todos os tempos. Enorme aderência, equilíbrio entre o neutro e a subviragem, muita tração. Mas o LP640 é diferente. A aderência não diminuiu, mas com mais 61 bhp entregues em uma estocada intensa em direção a 8.000 rpm, o LP640 facilmente gira seus enormes pneus traseiros 335/30 ZR18 Pirelli e arranca num piscar de olhos. Subviragem? Nenhuma que possa ser notada...
Mesmo quando você se aproxima do LP640, com a chave na mão e o coração batendo um pouco mais rápido do que o habitual, há uma sensação tangível de que esta é uma nova espécie de Murciélago. Está nos detalhes: o divisor dianteiro mais acentuado, as entradas de ar mais largas à frente das rodas traseiras e o enorme escapamento de lançador de mísseis. A tensão na forma e da escala do Murciélago sempre fizeram dele o arquétipo de um supercarro. Os ajustes em estilo apenas adicionam dramaticidade épica ao maior sucesso da Lamborghini.
Sob a carroceria de carbono e alumínio do LP640 está a mais recente evolução do icônico V12 da Lamborghini. A arquitetura básica do motor foi usada no Miura, Countach, Diablo e Murciélago e, ao longo dos anos, sua capacidade cresceu de 3,9 para 6,2 litros. Para ser honesto, quando experimentamos a versão de 6,2 litros pela primeira vez, quando o Murciélago foi lançado em 2001, nos perguntamos se era demais. O giro doce do V12 anterior parecia um pouco tenso, com um toque áspero. Mas ele melhorou mês a mês e amadureceu até se tornar um obra-prima.
Em um esforço para extrair até a última gota de desempenho do V12, mais de 90 por cento dos componentes nesta versão são completamente novos ou foram revisados. A capacidade foi aumentada para 6.496 cc, e novas cabeças de cilindro e um coletor de admissão variável ajudam ele a respirar melhor em altas rotações. E ele realmente gira. Os
631 bhp são produzidos em 8.000 rpm, e até mesmo o pico de torque – 660 Nm - chega alto, a 6.000 rpm.
Os grandes números se somam a um pequeno tempo de 0-100 km/h de 3,4 segundos, de acordo com a Lamborghini. Mantenha o acelerador abaixado por tempo suficiente e o LP640 finalmente chega à velocidade máxima de 339 km/h. Isso é mais rápido do que o Carrera GT da Porsche e não fica muito atrás do Enzo da Ferrari. Nada mal para um carro com raízes no século passado.
Ok, chega de preliminares. Pressione o botão na maçaneta da porta e a outra extremidade se abre acima da borda superior da porta. Agarre-a, puxe-a para cima e a porta se ergue com uma ação lenta e amortecida. Coloque as pernas para dentro e sente-se. Estenda a mão e puxe a porta para baixo até que ela se encaixe. Os instrumentos parecem muito longe, mas o volante de três raios pode ser colocado à frente
para que você possa se sentar com os braços flexionados, mas as pernas retas. Perfeito.
O velocímetro chama a atenção, com gráficos ousados indo até 360 km/h. Ao lado dele, os dígitos do conta-giros param em um enorme 9 vermelho. Isso, no entanto, é um pouco de licença artística - o motor realmente faz barulho no limitador em 8.000 rpm, mas se algum carro merece uma margem de manobra para efeito dramático é este.
A grandeza dos números fica em sua mente enquanto você encaixa a grande chave na ignição e quase pensa duas vezes em ligar o LP640. É um pensamento fugaz, porém. Com um toque na chave, o motor de arranque de alta-frequência soa por cerca de um segundo antes que o grande V12 acorde com um rugido triunfante! O ruído é forte, constante e parece envolver os seus ombros e empurrá-lo mais fundo no assento. Ele soa grande, mas quando você cede à tentação de pisar no acelerador, a agulha do conta-giros sobre tão rapidamente que parece que houve uma falha elétrica. Só o ruído sem inércia atrás de sua cabeça já indica que este motor de 6,5 litros realmente gira como um demente de quatro cilindros.
Talvez surpreendentemente, este carro, o primeiro LP640 a sair da linha de produção, não esteja equipado com sistema e-gear da Lamborghini, mas com uma caixa de seis velocidades manual convencional. A caixa de câmbio fechada é fantasticamente evocativa, e quando eu afundo a embreagem pesada, agarro a manopla de alumínio e engato a primeira, é um alívio e uma surpresa sentir o quão leve e positiva é a ação de mudança. Certamente, o sistema e-gear fica melhor cada vez que o experimentamos, mas no momento em que eu engato a segunda, desfrutando um movimento preciso, mas suave, e ouço o irresistível barulho de metal contra metal, decido que, se um dia tiver a oportunidade, meu LP640 virá
‘O LP640 adora ser pilotado com agressividade’
com um pedal de embreagem.
O passeio é rígido, talvez um pouco mais firme do que em Murciélagos anteriores, mas o controle do volante é excelente.
A estrutura também parece rígida e, combinada com um amortecimento justo, faz o LP640 parecer impermeável até aos asfaltos mais esburacados.
O torque sem esforço do V12 o torna muito fácil dirigir na cidade (o número alto em que o pico de torque chega não representa a flexibilidade do motor de alta capacidade).
Só a largura do carro já faz você prender a respiração. Isso e as manobras aleatórias de outros condutores e passageiros que se aproximam para ver o LP640 mais de perto e tirar fotos com seus celulares.
Você precisa de um pé direito sensível para medir a potência do estrondoso V12, porque o acelerador parece sensível demais a pequenas solicitações. Felizmente, a entrega suaviza
quando você quer realmente abrir as torneiras - uma vez passados os primeiros centímetros do curso do acelerador, você pode fazer o motor cantar a melodia que escolher.
Deixando o motor e o amortecimento de lado, é a direção que se destaca em nossos primeiros quilômetros no LP640. Você ainda precisa segurar firme e fazer um pouco de força nas baixas velocidades, mas conforme você pega o ritmo, há mais sutileza e menos peso. A superfície de estrada parece fluir através do grosso aro do volante revestido de couro com mais clareza e, como você não está dirigindo com seus ombros, fica mais alerta ao que ele diz a você.
Mesmo antes de você provar a fúria do V12 ou testar a aderência dos pneus Pirelli, o LP640 parece mais leve em seus dedos, mais ágil e menos propenso a mimar você quando você está no ataque máximo.
Com as estradas congestionadas da Bolonha e a A1 em obras se dissolvendo nos retrovisores do LP640, um pico de adrenalina surge em meu sangue. Já dirigi Murciélagos por muitos quilômetros, alguns deles perseguindo uma Ferrari 575M HGTC, outros olhando para o escapamento de múltiplos canos de um Zonda S. Experiências impressionantes, mas não me lembro de me sentir tão ligado, tão alerta quanto estou agora. O LP640 é pura vibração, e de alguma forma sei que estou a caminho de um exercício sério.
As passagens de montanha Raticosa e
Futa são um pouco pequenas demais para o Murciélago, estreitas e arborizadas, com a visibilidade prejudicada. Mesmo assim, a grande Lamborghini devora seções inteiras sem problemas e sem a necessidade de mudanças de marcha. Em baixas rotações, o V12 ocasionalmente gagueja por algum
momento, como se estivesse limpando a garganta, mas em 3.500 rpm as forças realmente começam a se acumular. Isso significa que mesmo curvas apertadas podem ser feitas em terceira e, conforme elas acabam, você pode desfrutar do V12 a 160 km/h.
Esse primeiro chute a 3.500 rpm é seguido por um salto mais intenso no esforço de chegar a 4.500 rpm. Agora você sente que realmente há 631 bhp atrás de seus ombros. Apesar da tipicamente longa engrenagem, as rotações estão se acumulando aqui. Por volta de 6.500 rpm - quando você está lutando contra o instinto de mudar de marcha - o motor bate forte novamente e uiva até 8.000 rpm. O limitador força você a trocar de marcha e, com apenas uma pausa para recuperar suas forças, o passeio recomeça. É um assalto aos sentidos, seu pescoço contrariando as forças g, seus olhos trabalhando duro para processar a rapidez com que o cenário corre em sua direção, o zumbido do V12 nos seus ouvidos.
Outro trunfo do LP640 é mostrado quando você pisa no pedal do meio e as pinças de seis cilindros mordem os discos de carbonocerâmica (opcionais). Não há nenhuma folga no pedal do freio, então a desaceleração atinge você em cheio com o cinto de segurança cortando seu ombro. Trave um pouco o volante e os pneus dianteiros grudam na estrada conforme o nariz se alinha em direção ao vértice. Pressione o acelerador e um pouco de subviragem se constrói - mas é aqui que o LP640 se diferencia de outros Murciélagos.
Permaneça comprometido e a subviragem
‘O LP640 exige domínio, enquanto o Murciélago padrão acoberta seus erros’
se estabiliza. Conforme você se prepara para a saída da curva e começar a trabalhar o acelerador, o carro roda em volta de seu eixo, comprimindo a sua linha antes de chicotear em um floreio de sobreviragem quando a estrada endireita. Você precisa ser rápido para pegálo, mantendo uma ponta de bloqueio no lado oposto antes de poder encher os pulmões do V12 de novo. É certo que isso só ocorre com o sistema de controle de tração desligado, mas, mesmo assim, a primeira vez que isso acontece é um pouco chocante. Sempre foi possível jogar a cauda do Murciélago, mas isso exigia brutalidade e nunca pareceu a sua posição natural (pelo menos em velocidades de estrada). O LP640, no entanto, adota a sobreviragem com mais facilidade, mas exige que você fique no domínio, enquanto o
Murciélago padrão acobertaria seus erros.
Claro que, quando essa pequena quantidade de subviragem aparece, você pode simplesmente reduzir a velocidade e mantêla neutra, certo? Bem, você poderia reduzir, mas então você teria um novo problema. Em vez de sobreviragem de potência, a parte traseira fica mais leve quando você tira o pé do acelerador e o carro rola em sobreviragem de impulso. Ainda é controlável, mas o ângulo de deslizamento tende a ser maior e você precisa ter cuidado para não corrigir demais. E mesmo com uma correção na medida, um Murciélago na transversal ocupa muito espaço na estrada.
Com o tempo, você pode promover a ajustabilidade do LP640 de maneira ativa, lançando-o em curvas abertas tirando o pé do acelerador, pegando a cauda e, em seguida, liberando o V12 para sobrecarregar os pneus traseiros e deslizar de forma gratificante. Soa mais aterrorizante do que é, já que o sistema de tração nas quatro rodas do LP640 faz o seu melhor para ajudá-lo mandando potência para as rodas dianteiras logo que as traseiras comecem a girar.
Nas amplas e desertas estradas que saem do Raticosa, o LP640 é imenso. O motor simplesmente nunca reduz seu desempenho, os freios não mostram nenhum sinal de fadiga e, uma vez confortável com a configuração do chassi, você pode fazê-lo fluir como um M3. A disputa épica entre os 631 bhp e os quatro pneus aderentes resulta em uma trilha sonora que tem o grito do V12 e os uivos da borracha evaporando. O LP640 é tudo menos suave.
com a dupla admissão de ar no teto e a asa traseira mostrando sua intenção. Erga a porta, pule no assento e você verá que o acabamento minimalista do SV se aproxima daqueles encontrados em carros Audi. Mas ele realmente faz você sorrir. Os assentos estreitos e com pouco acolchoamento são fantásticos também. Apesar de os pedais serem um pouco deslocados para a esquerda (não pior do que no Murciélago de volante à direita), você se sente instantaneamente confortável e à vontade.
Somente quando você puxa a porta para baixo e dá uma olhada nos retrovisores é que você se sente na borda do carro. As laterais largas preenchem os espelhos completamente, e quando olha no espelho retrovisor interno, você vê o motor preso atrás de uma malha preta grossa. Diabos. Ele é tão feroz que tiveram de prendê-lo em uma gaiola ... O motor acorda com menos exuberância do que o do LP640, e de fato o V12 de 48 válvulas soa muito moderado (este carro não tem a opção de escape esportivo). Puxe a alavanca na transversal e para trás até engatar a primeira. A ação da transferência é pesada, muito mais pesada do que no LP640, mas também muito deliberada e precisa. A embreagem exige algum esforço também. O SV não é um carro para você pisar com delicadeza.
Dito isto, a qualidade do passeio é notável. Melhor do que o LP640 em baixa velocidade, embora não tenha o controle do carro mais novo em arrancadas rápidas. As rodas dianteiras ocasionalmente pulam em vez de se agarrar na estrada. Apesar da mudança de marchas pesada, o SV é incrivelmente fácil de dirigir na cidade. O mesmo acontece com o LP640, mas tenho que dizer que é uma surpresa descobrir que o SV é tão dócil.
A direção mais leve, mais delicada e mais rápida talvez seja a única área onde o SV realmente supera o LP640. Há mais sensação, mais entusiasmo para mudar de direção (o peso menor ajuda - 1.576 kg contra 1.665 kg do LP640) e faz o enorme Diablo parecer ágil e leve. Às vezes leve demais...
Nessas estradas molhadas, o V12 vai soltar a cauda se você provocá-lo e, ao contrário do LP640, ele não tem gerenciamento eletrônico para ajudálo. São apenas você e aquele motor pendular disputando a supremacia. Felizmente, o acelerador pesado, preciso, e a direção rápida oferecem muitas opções. Embora você não deva arriscar correr loucamente em um tempo tão encharcado, o SV pode ser conduzido de forma rápida e segura mesmo quando o céu despenca. Na verdade, a tração é muito impressionante e, como o V12 de menor deslocamento não tem o torque maciço e instantâneo do LP640, os pneus traseiros raramente giram em falso se você não provocá-los.
Quando está seco, o SV é fabuloso. O V12 tem um som robusto e insistente. Ele não é louco e rápido como o do LP640, mas quando você o acelera na estrada apropriada, eu não consigo imaginar você querendo mais potência. O chassi permite conseguir muita velocidade, fazendo curvas com quase nenhuma subviragem e pouca rolagem.
A tração traseira, quando bem feita, não precisa ser assustadora. O LP640 é mais rápido, tem mais aderência, velocidade sem cortes mais pura, mas você tem que trabalhar mais duro para desbloquear seu potencial do que no SV.