Carros Clássicos (Brazil)

GUIA DE COMPRA DO 356

Tudo o que você precisa saber para investir

- Texto: Richard Dredge CARROS DE SONHO

Você pode

não saber, mas quer um 356. Dirija um exemplar decente e você irá querer tanto comprá-lo que até irá doer. Mas compre um ruim e será ainda mais doloroso.

Desde o seu lançamento em 1950, o 356 foi acusado de ser um Volkswagen envenenado. Embora os primeiros 356s possuíssem algumas peças do Fusca e o mesmo projeto básico, o Porsche era um modelo totalmente novo com uma construção muito diferente - mais aerodinâmi­ca superior e uma melhor relação potência-peso.

Então, o 356 acelera mais rápido e tem especifica­ções melhor do que você pensa.

Mas não é apenas uma questão de velocidade: embora o 356 tenha uma reputação de ser um carro difícil de dirigir rápido, a realidade é que o motor montado na traseira e a barra de torção permitem que você acelere o carro muito mais rápido do que a maioria de seus contemporâ­neos.

Essa agilidade e frugalidad­e são o motivo de o 356 ter sido sempre muito procurado - embora sempre tenha sido um carro caro. Em 1953, ele custava 50% mais do que um Jaguar XK120.

Se você quiser tentar, há muitas armadilhas. Fred Hampton, arquivista do 356 no Porsche Club da Grã-bretanha, faz várias advertênci­as: “Cuidado com os

carros baratos: eles são frustraçõe­s em vez de pechinchas.

Estes carros são extremamen­te caros para restaurar da forma correta e há poucos especialis­tas de verdade em 356 - esses carros exigem uma restauraçã­o especializ­ada.

Qualquer carro decente com volante à direita terá seu valor elevado, porque provavelme­nte restam menos de 200 exemplares genuínos do Reino Unido.”

MOTOR

Todos os 356s têm um relativame­nte simples motor de 4 cilindros horizontal­mente opostos (à exceção dos raros Carrera com motor 4-cam). Nenhum desses motores é silencioso, mas eles devem permanecer tranquilos em ponto morto e ser acelerados parados sem falhas na ignição ou ruídos inesperado­s.

Não deve haver nenhum vazamento de óleo evidente, embora as coberturas das válvulas às vezes derramem um pouco, por isso o interior geralmente fica com cheiro de óleo; grandes poças sob o carro significam restauraçã­o cara.

Se for necessário algum trabalho importante, você pode obter todas as peças de que precisa para uma revisão completa, embora uma reconstruç­ão total, incluindo acessórios, custe entre 8,5 e 14 mil dólares. Com os preços das peças genuínas sendo muito altos, algumas peças padrão estão agora sendo utilizadas; não necessaria­mente inferiores, apenas mais acessíveis.

O primeiro sinal de necessidad­e de reparo no motor é fumaça azul saindo do escapament­o, o que indica que o óleo está sendo queimado nas guias de válvulas desgastada­s. Fumaça dentro da cabine é um sinal de vazamento no escapament­o, e a melhor solução é um novo sistema de fábrica por cerca de mil dólares.

TRANSMISSíO

Uma caixa de transmissã­o de quatro velocidade­s equipou todos os 356s, com synchromes­h em todas as marchas a partir de 1952. Até então, nenhuma das engrenagen­s possuía sincronism­o, mas qualquer que seja a unidade, deve alcançar uma quilometra­gem alta.

A primeira coisa a apresentar defeito são os rolamentos, que começarão a fazer barulho quando o carro estiver em alta velocidade. A próxima etapa na destruição da caixa de câmbio será a falência do synchromes­h na primeira e na segunda marchas; você pagará uns 1.200 dólares para consertá-la, ao passo que uma caixa de velocidade­s reconstruí­da custa em torno de 5.500 dólares.

Se você estiver tendo dificuldad­es para trocar as marchas é simplesmen­te porque

‘Embora possa ser caro arrumar a parte mecânica, o valor de qualquer 356 está em sua carroceria’

as ligações precisam de um novo conjunto de buchas. Este é um problema de solução simples e barata, em torno de 120 dólares.

SUSPENSÃO, DIREÇÃO E FREIOS

A suspensão de barra de torção usada em cada extremidad­e do 356 é simples e confiável, embora na parte da frente você precise se certificar de que não haja folga nas buchas que sustentam os quatro braços. Há um par de cada lado e elas ligam os braços a cada conjunto de pino mestre e manga de eixo.

Para testar a suspensão dianteira de maneira correta, você precisa colocar o carro sobre cavaletes. Agarre a parte superior e inferior de cada uma das rodas e tente balançá-las; se você puder sentir ou ouvir qualquer movimento, os pinos mestres precisarão ser substituíd­os, e o serviço pode custar algo como 1.500 dólares.

Até 1957 havia direção do tipo rosca sem fim; depois disso, veio o sistema rosca sem fim e engrenagem. Seja qual for a configuraç­ão montada, a direção deve ser leve e direta, sem pontos duros. Contanto que a caixa seja mantida lubrificad­a, ela irá continuar sem nenhum desgaste relevante.

No entanto, se ela fica com pouco óleo e começa a apresentar folga, alguns proprietár­ios apertam tudo e isso é uma receita certa para o desastre total, porque toda a unidade será deteriorad­a rapidament­e.

Os freios a tambor eram normais até o 356C, de 1963, que tinha freios a disco. No entanto, não eram os tambores de ferro fundido vistos em outros lugares: eles eram enormes, de alumínio e aletados.

Em bom estado, eles funcionam bem porque o 356 pesa pouco. Infelizmen­te, qualquer carro deixado sem manutenção por muito tempo terá sofrido de corrosão eletrolíti­ca entre peças fundidas e lonas. Você irá perceber isso através da violenta trepidação ao pisar no pedal devido ao fatos de as lonas estarem sendo deformadas. Novos tambores custam 1.175 dólares cada, e não há peças disponívei­s para o 356A.

CARROCERIA, ELÉTRICA E ACABAMENTO

Eles todos parecem iguais, mas houve diversas mudanças nos painéis do 365 ao longo de seus 15 anos. Fundamenta­lmente, há dois fatores-chave que você não deve subestimar: a complexida­de da carroceria e sua tendência a apodrecer.

Grandes corrosões precisam de atenção especializ­ada e muitos carros bateram em algum momento, então a carroceria pode estar torcida.

É por isso que você deve se certificar de que o carro repouse reto no chão, que as aberturas nos painéis estejam unidas e uniformes e que nenhuma parte de metal esteja ondulada.

Embora possa ser caro arrumar a parte mecânica, o valor de qualquer 356 está em sua carroceria, e reconstrui­r uma custa algo entre 30 e 45 mil dólares, razão pela qual é essencial que você faça inspeções anuais na carroceria.

Um reconstruç­ão mal feita invariavel­mente implica no carro perder seus contornos, razão pela qual especialis­tas têm de ser utilizados.

Se o carro não estiver torto, você precisa se certificar

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