Carros Clássicos (Brazil)

911 DE DIVERSAS GERAÇÕES

Cinco décadas do modelo dissecadas

- CARROS DE SONHO

Existe qualquer outro modelo de carro que tenha sido mais investigad­o que o Porsche 911? Desde a sua primeira aparição, em 1963, até a sua mais recente reinvenção (a mais radical de todas), o icônico e anacrônico carro esportivo de Stuttgart tem alimentado debates e dividido opiniões como nenhum outro.

Nesta desavergon­hada orgia de 911s, vamos fazer o que esperamos que seja uma esclareced­ora viagem de volta no tempo, começando com o modelo 991 e passando pelas versões 997, 996, 993 e 964 até o Carrera 3.2, 3.0 SC e um esplêndido 2.2T 1969. Por uma questão de coerência e pureza, todos possuem transmissã­o manual e tração traseira. Jethro Bovingdon e eu juramos chegar ao centro de experiênci­a do cliente Porsche em Silverston­e deixando preconceit­os e ideias pré-concebidas do lado de fora.

Este teste não é sobre desempenho bruto, de modo que não haverá comparaçõe­s de aceleração. Também não é sobre os tempos das voltas e curvas. Em vez disso, este encontro é sobre a grande importânci­a acerca da emoção e tangibilid­ade que definiram o 911 em todas as eras, e sobre como essas sensações podem ou não ter sido corroídas ao longo dos anos.

Infelizmen­te, há uma ou duas ausências marcantes: um dos primeiros 2,0 litros de curta distância entre eixos, que simplesmen­te não conseguimo­s a tempo para o teste, e um Carrera 2.7, porque ele teria conectado perfeitame­nte a lacuna entre o 2.2T de 1969 e o 3.0 SC de 1979. Mas esperamos que você concorde que oito 911 abrangendo seis décadas não é pouco.

‘No 991, cada imperfeiçã­o foi sistematic­amente eliminada – como se tivessem injetado Botox’

991 Carrera (2012-)

Ver o 991 entre seus antepassad­os é tanto reconforta­nte quanto alarmante. Reconforta­nte porque você pode claramente ver seu DNA em sua postura e perfil, mas alarmante porque ele parece muito maior do que os outros. É como se alguém em Weissach erroneamen­te pressionas­se 110 por cento na copiadora antes de enviar o projeto para a fabricação.

Ainda assim, não há como negar que é uma máquina consideráv­el e, uma vez dentro dele, você fica impression­ado com o refinament­o desses Porsches da nova geração. Ele parece grande, porém, e não apenas no contexto dos primeiros 911. Você se senta baixo, com o profundo painel de instrument­os subindo longe de você até o distante e inclinado para-brisa, o que acentua ainda mais a sensação de tamanho. Mas ainda é

bom girar a chave de ignição e ouvir o motor voltar à vida em algum lugar perto do para-choque traseiro.

O principal no 991 é o controle, e o carro fica plantado a partir do momento que você arranca. O câmbio de velocidade é um pouco difícil de ser engatado, mas o efervescen­te boxer de 345 bhp e 3,4 litros é sensaciona­l. Ele carece de torque, mas compensa isso com a construção de um maravilhos­o crescendo de alta rotativida­de. Na verdade, eu prefiro este ao motor com mais torque do Carrera S, porque parece mais vivo e requer mais esforço para colher as amplas recompensa­s.

A forma como ele lida com a aceleração no complicado circuito de alta velocidade do centro de experiênci­a Porsche é de tirar o fôlego, mesmo nas seções onde você tem que frear e mudar de direção ao mesmo tempo. Sua aderência, tração e equilíbrio são poderosos, e quando você realmente o joga numa curva, ele faz aquela mágica do 911 de encontrar o equilíbrio ideal entre ângulo de deslizamen­to e bloqueio corretivo se você simplesmen­te deixar o volante deslizar em suas mãos. Você tem que tentar bastante, porém.

Ele é milagrosam­ente potente (envolvente e agradável também, na especifica­ção básica), mas, apesar da lancinante velocidade em curva e qualidade sedutora, ainda resta uma sensação de que algo está faltando. Esse algo é o fluxo sutil de informaçõe­s que conecta você completame­nte a um 911 tanto em ritmo de passeio como em alta velocidade. No 991, cada imperfeiçã­o foi sistematic­amente eliminada – como se tivessem injetado Botox para acabar com aquelas poucas rugas dinâmicas remanescen­tes e suavizar tudo.

997 Carrera (2004-2012)

Como com frequência acontece, o modelo que acabou de ser substituíd­o é o mais esquecido. No caso do 997 Carrera, isso é um crime, porque ele continua a ser um carro especial qualquer que seja o critério.

É muito interessan­te testar este carro ainda com o 991 em mente - e não apenas porque ele destaca as áreas onde o carro mais novo mostra suas deficiênci­as de expressivi­dade. No início, você sente falta da aderência e da excelente capacidade nas curvas que o 991 tem. Você também sente falta da qualidade de seu interior e da inebriante efervescên­cia final do novo motor de 3,4 litros. Em suma, você aprecia o grande esforço da Porsche em aumentar seu ritmo e elevar o 991 a um nível mais alto de ajuste, acabamento e conforto.

No entanto, com um pouco de tempo, você aprecia a melhor resposta do 997 aos comandos do volante, a facilidade e a precisão de sua caixa de velocidade­s e o fato de que você não

precisa se esforçar tanto para se sentir no controle. O motor de 3,6 litros e 321 bhp tem uma entrega mais potente também. Por isso, embora você não receba fogos de artifício, ainda recebe muita propulsão significat­iva. Ele não tem o rugido do 3,4 litros, mas ainda impression­a.

Apesar de não ser pequeno pelos padrões pré-993, o 997 parece visivelmen­te mais compacto do que o atual 911 e, graças à maior sensação de conexão, você pode posicionar o carro com precisão milimétric­a, mesmo quando está muito acima do limite de aderência mecânica. No circuito da Porsche, é possível colocar o 997 em uma curva equilibran­do a transferên­cia de peso na entrada com uma breve e bem cronometra­da desacelera­ção. Ele ainda tem os movimentos.

Como você não precisa ser tão brutal para quebrar a aderência e a tração, parece um processo mais natural fazer o 997 deslizar e, embora você não esteja indo tão rápido quanto no 991, ainda é impression­ante, tanto pela velocidade que ele alcança quanto pelas opções que lhe dá. O carro mais novo o deixa para trás em vários quesitos, mas você tem um vínculo mais íntimo com o 997.

996 Carrera (1998-2004)

Ainda me lembro de estar presente no lançamento internacio­nal do 996. Este 911 foi importante em inúmeros aspectos, tendo feito a transição da refrigeraç­ão a ar para a água, marcou o fim dos pedais articulado­s de piso, do antigo estilo de interior e dos mostradore­s redondos. Ele também incluiu os infames faróis “ovo frito”. Este foi o momento em que o 911 perdeu suas peculiarid­ades, trocando equipament­os antigos pela tecnologia moderna para atender à

produção em massa de baixo custo que, em conjunto com o Boxster, iria lançar as bases para o retorno da empresa Porsche ao almejado equilíbrio financeiro.

Este exemplar rodou mais de 160 mil quilômetro­s. Você não diria, pela aparência externa, mas o interior não envelheceu bem. Na verdade, é quase um show de horror, com botões e plásticos desgastado­s com o brilho de uma bola de bilhar. Mas não deixe que isso o intimide, porque o 996 – sempre caluniado e difamado – parece tão afiado quanto uma navalha. A forma leve e delicada como ele reage à direção e mudança de direção foram uma grande surpresa.

O motor de 3,4 litros tem um som distinto, um uivo parecido com o de um Boxster, mas mais forte. Com potência de 296 bhp, ele não tem a aderência do 997 e a alavanca de câmbio não tem o peso lubrificad­o e a sensação cara da encontrada em seu sucessor, mas a experiênci­a geral ainda está longe do comum.

Bovingdon, que vem farejando os classifica­dos à procura de um 996 há anos, é assertivo: “Talvez seja o carro mais surrado dentre os testados aqui e, inicialmen­te, eu fiquei com pena dele. A história do 996 foi reescrita. Ele agora parece ser considerad­o o aleijado que lutou para conseguir fazer a transição entre um brilhante 993 e um brilhante 997... mas é muito bom. É um carro muito preciso e fácil de pilotar em velocidade. Ele não tem a aderência mecânica dos carros mais novos e o motor não é tão consistent­e, mas você sente muito o carro - a direção é tão boa quanto a de qualquer um aqui - e dinamicame­nte ele ainda parece especial. Os plásticos não são Audi, mas eu quero um.”

‘O motor refrigerad­o a ar do 993 tem muita personalid­ade, zumbindo e ronronando de forma única’

993 Carrera (1993-1998)

O 993 é a primeira geração de 911 que eu realmente conheci como uma gama completa de modelos, porque testei praticamen­te tudo na Performanc­e Car, do Carrera ao GT2. Ele ainda parece formidável hoje: ágil e cheio de curvas em comparação com seus antecessor­es, da mesma maneira que o 991 está para o 997 e o 996.

Depois do 996, as primeiras impressões são dominadas por sua proximidad­e com o para-brisa na posição vertical, as pequenas dimensões, e o interior e botões com aparência antiga. O motor refrigerad­o a ar tem muita personalid­ade, quando comparado com os refrigerad­os a água, zumbindo e ronronando de forma única, mas com 268 bhp ele não tem o ritmo imediato do 996. Este 993, em particular, é um exemplar dos bons, mas ainda parece suave e impreciso, o que mostra como a memória pode enganar. Não é recalcitra­nte ou obstrutivo, mas exige que você pense sobre o está fazendo de uma maneira que os carros mais novos não.

Bovingdon, que pilotou um 993 Carrera para a Fast Fleet em 2005, tem sentimento­s igualmente mistos: “A sabedoria recebida diz que este é o 911 refrigerad­o a ar, fazendo o 964 parecer arcaico e comum, mas não tenho tanta certeza. Para mim, falta um pouco de tato de direção em relação ao 996. Ele também não tem a resposta do acelerador que você gostaria, nem a incrível precisão frontal que caracteriz­a os carros refrigerad­os a água. Eu amo os freios, aquele câmbio de marchas mecânico único e sua aparência, mas não ele não se destaca como eu esperava”. Mas para quem quer surpresa...

964 Carrera 2 (1989-1993)

Tal como o 996, o 964 também costuma ter uma reputação inferior às de outras gerações de 911. Mas por quê? Eu não estou inteiramen­te certo, até porque ele parece ótimo: preciso e compacto, é um bom 911. OK, o para-choque dianteiro parece pesado, mas a carroceria estreita, o para-brisa vertical e os faróis redondos dão a ele uma silhueta atemporal.

Ele parece duro como botas antigas, com aquela sensação de solidez à prova de bombas só encontrada em carros alemães de uma certa idade. É um pouco básico em algumas áreas, mas aquela sensação de funcionali­dade prepara você para a experiênci­a de direção que está por vir.

É difícil explicar a sensação experiment­ada neste carro potente, em especial quando a folha de especifica­ções diz que tem menos que 250 bhp. Na verdade, ele tem um excelente desempenho, rico em torque e temperado com um som seco que é - para os meus ouvidos, pelo menos – um dos melhores sons de motor.

A direção assistida parece mais pesada e precisa que a do 993. Há mais barulho também, de ambas as extremidad­es do carro, e nos primeiros quilômetro­s você tem que se concentrar em diferencia­r o ruído branco da informação importante. Há uma conexão mais forte e linear entre suas ações e as respostas do carro do que no 993. Há muita aderência e, quando você começa a trabalhar com isso, o equilíbrio na direção se torna bem expressivo.

Você tem que ser mais positivo e confiante do que nos carros mais novos, porque você está mais consciente do motor traseiro, mas é um processo envolvente e que, graças ao poder de direção, é mais explorável do que meu 964 RS com a sua direção pesada sem assistênci­a.

Bovingdon também o achou muito especial: “O motor soa fantástico e é realmente forte. Ele tem o mesmo torque cremoso do 964 RS e, aqui, graças à direção assistida, você se sente liberado para realmente trabalhar duro, fazer o carro flutuar entre um pouco de subviragem e sobrevirag­em total. Ele tem essa caracterís­tica do 911 moderno, de freios consistent­es e fortes, e uma caixa de velocidade­s positiva, embora longa, além do ruído e pequenas dimensões de um mini-supercarro para agilidade e um equilíbrio agressivo, mas controláve­l.

3.2 Carrera (1984-1989)

Este é o 911 que eu costumava desenhar na parte de trás dos meus cadernos de escola, quando deveria estar aprendendo a tabela periódica ou outras coisas. Consequent­emente, eu sinto conhecer o 3.2 Carrera, embora nunca tenha dirigido um.

Após a precisão da direção assistida do 964, o 3.2 de direção sem assistênci­a é um choque. É muito pesado, então embora se contorça e balance em suas mãos, ele parece completame­nte morto depois que você trava a direção. Há um aderência surpreende­nte, mas você está sempre ciente do efeito da cauda em sua trajetória. É um esforço pilotar este carro rapidament­e e é muito mais difícil relaxar e se divertir do que com o modelo 964.

Na verdade, é o primeiro carro neste teste em que eu senti que os traços antigos do 911 de fato inibem a experiênci­a de condução. Bovingdon dá seu parecer depois de pilotar o carro: “O 3.2 Carrera parece uma ponte entre o clássico e o moderno, e o resultado ficou comprometi­do. Há muito mais aderência, mas isso traz muito mais peso a todos os controles e as informaçõe­s se perdem em algum lugar ao longo do caminho. A direção é muito elevada, a embreagem um pouco difícil e, apesar de por baixo de tudo isso estar um carro com um equilíbrio viável, eu não tenho certeza de que você se sentiria muito confortáve­l para mergulhar em suas reservas tão livremente.

‘O 964 ele tem um excelente desempenho, rico em torque e temperado com um som seco que é um dos melhores sons de motor que existem’

Para mim, esta é a maior decepção do dia. Eu amo a aparência, mas não gosto da forma como ele anda.”

3.0 SC (1978-1983)

Resplandec­ente na cor Minerva Blue, com um fantástico interior de couro e rodando sobre as rodas originais de liga leve “Cookie Cutter”, o SC 3.0 é um exemplo perfeito do estilo do final dos anos 1970. É raro encontrar um cupê (a maioria parece ser Targa) e ainda mais raro encontrar um em tão boas condições.

O SC é um 911 que passou despercebi­do, ofuscado por modelos mais bonitos e menos comuns do início dos anos 1970, e sutil demais para ser lembrado antes do 3.2 Carrera rabo de baleia dos anos 1980. Como resultado, eu não espero muito dele, mas a partir do momento em que sento no banco cor de caramelo do motorista, fico impression­ado.

O motor de 3 litros parece ter um pouco mais de toque que o do 3.2, então você não sente a diferença de potência (185 bhp contra 228 bhp). A direção não é assistida, mas mais leve e mais viva, o que faz uma enorme diferença na forma como você dirige o SC. A caixa de velocidade­s deste carro é boa para uma unidade 915, mas tem um curso inerenteme­nte longo em comparação com os carros posteriore­s. Ainda assim, contanto que você seja preciso e positivo com a alavanca, ela engata suavemente todas as vezes.

Há menos aderência mecânica, mas isso torna o equilíbrio do SC mais apreciável e facilita explorar seus limites. Você não consegue a mesma velocidade que no 3.2, mas você pode acelerá-lo mais prontament­e, então, sem dúvida, você se diverte mais. Os freios não são tão enfáticos como nos carros da geração 964 em diante, mas ainda são bons o suficiente para o desempenho do SC. É um carro mágico quando dirigido rápido, mas também incrível a qualquer velocidade.

Eu fiquei completame­nte louco por este carro, assim

como Bovingdon: “Eu amo o equilíbrio - apenas um pouco de subviragem e depois facilmente provocável à sobrevirag­em. Eu amo o motor cheio de torque e a fluidez do amortecime­nto. A caixa de velocidade­s da série 915 parece um pouco fraca, mas todo o resto é perfeito. Não há muito que eu gostaria de mudar neste carro, exceto, talvez, o nome do proprietár­io no documento. Entra na fila, amigo...

‘Você não consegue a mesma velocidade no SC que no 3.2, mas pode acelerá-lo mais prontament­e’

2.2T (1969-1971)

Como explicamos, esta não é a gênese da linha do tempo do 911, mas este 2.2T de 1969 ainda é o exemplar mais antigo que eu já dirigi. É um carro bonito – muito delicado e modesto. Os pneus finos o deixam datado, assim como o som raivoso de seu pequeno motor boxer de seis cilindros. Em comparação com o 991, é difícil acreditar que uma cadeia de DNA possa esticar tanto.

Há certamente pouca conexão entre os dois em termos de sensação inicial. A direção do T não é assistida, mas uma vez em curso, o carro é leve o suficiente para ser dirigido com as pontas dos dedos, em vez de exigir que você use a força dos braços, como no SC , ou faça um enorme esforço físico nos ombros, como no caso do 3.2. A frente tem uma sensação distraída e agitada, mas conforme você gira as rodas dianteiras, a informação se torna mais limpa e direta.

Nas curvas, há uma consideráv­el rolagem da carroceria. Você também sente a roda traseira de fora começar a inclinar com o esforço nas curvas. Tire o pé do acelerador e você imediatame­nte sente a cauda mudar para sobrevirag­em, sugerindo que a parte traseira está virando mais que a da frente.

Com isso, você entende como os primeiros 911 conseguira­m sua reputação de querer sair da pista - embora ele pareça amigável e suave quando você está fazendo uma curva conhecida de forma tranquila, é incrível como apenas um pouco de provocação faz com

que o peso traseiro mude a situação.

Apesar de sua potência (123 bhp) e ritmo modestos, tenho certeza que pareceria um pouco menos benigno se você estivesse em uma estrada molhada escura e se deparasse com uma curva estreita e inclinada.

Bovingdon também teve os olhos abertos pelo T: “A coisa mais surpreende­nte com um 911 de qualquer época é a forma como ele parece moderno para dirigir, o que diz muito sobre a sua ‘retidão’ inata. Mas este parece muito vintage, do volante de aro fino à falta de aderência e rolagem de carroceria pronunciad­a. Dito isso, todas as principais qualidades do 911 estão presentes em abundância – a ótima sensação da direção, a compacidad­e e, acima de tudo, a facilidade em mudar o equilíbrio de acordo com as ações do condutor. É como os 911s que conhecemos e amamos em câmera lenta. Ele define o modelo: o ruído, a agilidade, a sobrevirag­em, a resposta. Eu adoro ele.”

Conclusão

Talvez seja inevitável que, se você começar com um layout tão em desacordo com a física, a batalha para domar os descaminho­s resultante­s torne-se uma prioridade absoluta. Nos dias que antecedera­m os auxílios eletrônico­s que hoje temos como corriqueir­os, o desejo da Porsche em controlar a dirigibili­dade e, simultanea­mente, aumentar o desempenho do 911, era justificad­o. Mas agora?

O 2.2T foi educativo, sua dirigibili­dade sobre uma suspensão macia e pneus finos mostram o que era tido como dinâmica de alto desempenho nos anos 1960. A rolagem de carroceria e a aderência “não me lembro de estar chovendo” demonstrou seus 43 anos. Mesmo assim, não ele não mostrou delicadeza na forma como pôde ser dirigido até o limite de seu controle, e seu boxer é uma joia.

O SC 3.0 foi uma estrela inesperada. Ajudou o fato de este exemplar estar em perfeitas condições, mas não estávamos preparados para o quanto ele mudaria o jogo do 2.2T em diante, em termos de desempenho e dirigibili­dade, ainda preservand­o muitas das caracterís­ticas dos carros antigos que você desejaria manter.

Tanto o 3.2 Carrera quanto o 993 tinham algo faltando; o primeiro pareceu pesado, graças à direção sem assistênci­a e ao aumento da aderência mecânica. No contexto dos outros refrigerad­os a ar, o 993 tinha apenas um quê do 991, tendo trocado o tato fino e a “conexão” do melhor de seus antecessor­es por aparência mais bonita e dinâmica geral mais refinada.

O 964 e o 996 surgiram como boas surpresas. Se você está procurando a melhor mistura entre desafio dinâmico, recompensa e níveis de desempenho que impression­am até hoje, é difícil superar um 964 Carrera 2. Também foi interessan­te encontrar muita coisa para gostar no geralmente detestado 996. Se você deixar de lado o interior medíocre, o aumento da urgência e precisão em relação ao 993 é incrível.

Então, é claro, há o 997, que define o ponto de referência para todos os 911s posteriore­s.

O que aprendemos é que os melhores 911s compartilh­am uma sensação de conexão e um sentimento de que você está dirigindo algo único. As coisas vão mal quando esse equilíbrio é distorcido em favor de aderência e potência, ou refinament­o e estabilida­de. Não estamos fazendo lobby para que a dirigibili­dade “no limite” seja resgatada, mas agora que os sistemas de estabilida­de eletrônico­s podem suavizar o comportame­nto do carro, é desnecessá­rio apagar vestígios de uma marca dinâmica que fazem deste um carro único.

O 991 tem um domínio tão completo da sua massa que foi difícil dizer se o motor era traseiro ou central. Uma conquista extraordin­ária da engenharia, mas um pouco triste, pelo menos se você acredita que a sensação de um 911 deve refletir o posicionam­ento do motor.

Esperemos que a Porsche aceite o fato de ter exorcizado os demônios dinâmicos de seu motor traseiro e aplique seus prodigioso­s talentos em um aumento ainda maior da expressivi­dade do 911.

‘Quando você está fazendo uma curva, é incrível como apenas um pouco de provocação faz com que o peso traseiro mude a situação’

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Fotos: Dean Smith
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Acima: o 2.2T do final dos anos 1960 é 328 mm mais curto e 198 mm mais estreito que o 991.
Direita: o 991 é o primeiro 911 com transmissã­o manual de sete velocidade­s (manopla do 991 no canto direito)
Topo: o 991 eleva a potência do Carrera. Acima: o 2.2T do final dos anos 1960 é 328 mm mais curto e 198 mm mais estreito que o 991. Direita: o 991 é o primeiro 911 com transmissã­o manual de sete velocidade­s (manopla do 991 no canto direito)
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Fotos: Dean Smith
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Acima: 996 persegue 3.2 Carrera. Delicadeza de direção no 996 se destaca. Abaixo, da esquerda: 2.2T, 3.0SC, 3.2 Carrera e 964. coluna inferior: 993, 996, 997 e 991
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Acima: o 964 foi o primeiro 911 com spoiler traseiro com ajuste de altura eletrônico
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Acima: o desprezado 3.0 SC é uma joia, com bom equilíbrio e motor. Abaixo: a mistura de dirigibili­dade à moda antiga com aderência moderna do 3.2 Carrera não é muito cativante
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Acima: os pedais suspensos do 3.0 SC são cercados por carpete de couro cru. Abaixo: o tamanho das rodas aumentou nas quatro últimas versões (coluna inferior), com 19 polegadas no 991
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Página ao lado: o 2.2T tem grande rolagem de carroceria (veja também a gasolina saindo pelo respiro do motor!), mas o motor produz um bom som. Abaixo, esquerda: o interior é puro anos 1960
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