UM SONHO DE CAMPEÃO
Na época em que resolveu fundar uma fábrica de carros esporte de luxo, Ferruccio Lamborghini já era um homem rico. No início do pós-guerra, ele montou uma fábrica de tratores e, com a energia e dedicação que o caracterizaram, tornou-a referência na indústria italiana de máquinas agrícolas. Buscando diversificar, Ferruccio criou outros negócios e, antes de completar 50 anos, acabou milionário. No início dos anos 1960, decidiu construir um supercarro esporte para competir com a Ferrari. Apesar da fortuna e do sucesso que provavam sua capacidade, muitos disseram que Ferruccio estava louco. Os críticos afirmavam que ele gastaria toda a sua fortuna sem obter qualquer lucro.
Lamborghini começou seu projeto no final de 1962 e, em maio do ano seguinte, fundou a Automobili Ferruccio Lamborghini, comprando uma grande propriedade em Sant’agata Bolognese, a cerca de 25 km de Bolonha, onde construiu uma fábrica equipada com
o que havia de mais moderno em termos de tecnologia. A arquitetura da instalação primava pela funcionalidade, criando algo único na época. O prédio de escritórios era ao lado da linha de montagem, permitindo um monitoramento constante da produção. O conceito representava, na verdade, o espírito de Ferruccio, que, constantemente, arregaçava as mangas e ia verificar pessoalmente a produção. Especialmente quando as coisas não estavam saindo como ele queria.
O primeiro modelo lançado pela nova fábrica saiu rapidamente, uma vez que Ferruccio havia determinado uma data para o lançamento oficial do veículo. O evento escolhido foi, claro, um dos mais tradicionais encontros automobilísticos da época, o Turin Auto Show, que aconteceria em novembro de 1963. Ferruccio tinha, portanto, entre maio e outubro daquele ano para acabar seu primeiro carro. Ele, porém, sabia exatamente o que queria. Mais que isso: já tinha as pessoas certas para o trabalho. Para o motor, que teria de ser o melhor V12 construído, ele contratou Giotto Bizzarrini, responsável pelos projetos dos últimos motores usados pela Ferrari. Para o restante do carro, contratou dois jovens e promissores engenheiros, Giam Paolo Dallara e Paolo Stanzani. O tempo era curto, a pressão sobre a equipe, forte, e os compromissos, importantíssimos. Mas, no final, quando o 350GT, o primeiro protótipo da fábrica, foi apresentado, Ferruccio tinha conseguido o que queria: o carro era uma obra-prima.
Os primeiros modelos da empresa foram lançados no ano seguinte e logo ficaram notórios. Os carros eram refinados, confortáveis e, sobretudo, potentes. Em 1966, a Lamborghini lançou o Miura, que estabeleceu o layout padrão para os carros de alta performance da época.
Com o sucesso de seus carros, a empresa cresceu rapidamente na sua primeira década, mas a Lamborghini enfrentou problemas sérios, que surgiram na sequenciada crise do petróleo de 1973. As vendas caíram tremendamente. Como resultado, Ferruccio precisou vender a empresa. A Lamborghini mudou de dono três vezes depois de 1973, tendo até mesmo falido em 1978. Em 1987, a Chrysler Corporation assumiu o controle da empresa. Contudo, a Chysler não conseguiu ter lucro, vendeu a fábrica em 1994 para o grupo de investimentos Mycon Setdco e a V’power Corporation. Essas corporações tampouco conseguiram tornar a Lamborghini lucrativa e, em 1998, venderam a empresa para a Audi AG, subsidiária do grupo Volkswagen.
A partir de então, as coisas começaram a melhorar para a Lamborghini. Com a estabilidade e maior produtividade, a marca viu suas vendas aumentarem cerca de dez vezes ao longo dos anos 2000, quebrando recordes de vendas em 2007 e 2008. No entanto, a Lamborghini não passou incólume pela crise financeira mundial do final da década passada, que afetou tremendamente o mercado de carros de luxo. As vendas caíram perto de cinquenta por cento.
Atualmente, a empresa continua produzindo carros e motores V12 na sua fábrica de Sant’agata Bolognese. Os modelos hoje produzidos são o V10 Gallardo e o V12 Aventador.