DO CHÃO NÃO PASSA!
Fusca “REBAIXADO” é sinônimo de ESPORTIVIDADE e TAMBÉM DE OTIMIZAÇÃO da dirigibilidade e estabilidade. ESTE PROCESSO EVOLUIU bastante NOS ÚLTIMOS ANOS.
Rebaixar a suspensão do Fusca é uma prática antiga – realizada desde os anos 50 –, com o objetivo de otimizar a dinâmica do besouro no que se refere à dirigibilidade e estabilidade em velocidades mais elevadas e, de quebra, também proporcionar um visual mais esportivo. Em contrapartida, esta redução no curso da suspensão afeta diretamente o conforto de rodagem. Porém, para quem sempre desejou um Fusca “irado”, com foco no desempenho, o rebaixamento é uma ação basicamente obrigatória para reduzir a característica oscilação do sistema de suspensão por barras de torção, que foi originalmente desenvolvido visando ao rodar confortável de um típico sedã familiar.
O rebaixamento da suspensão reduz a característica oscilação do sistema de suspensão por barras de torção
O rebaixamento pode ser feito de maneira bem simples e relativamente prática, bastando alterar a posição de montagem dos feixes de lâminas dentro dos dois tubos do corpo do eixo dianteiro e, ao mesmo tempo, mudando o ângulo de montagem, na estria, dos facões que ligam as mangas de eixo traseiras às barras de torção. Para facilitar a alteração na suspensão dianteira, popularizou-se na década de 1960 a adaptação do dispositivo denominado catraca, um semicírculo dentado que, fixado por solda na parte externa dos tubos, possibilita alterar a posição dos feixes de lâminas em relação ao corpo do eixo sem precisar desmontar as mangas e os braços arrastados da suspensão.
AS DICAS DO “KATRAKA”
Atualmente, tem aumentado a procura de interessados em fazer não só este tipo de modificação no Fusca.,mas também outras exigências que partem dos proprietários de besouros pertencentes às mais diversas “tribos”, conforme explica Alexandre Caretta, especialista no assunto e que adotou o apelido de “Katraka”, com o qual também batizou sua oficina de serviços de alinhamento e balanceamento em veículos, onde dedica espaço especial para o Fusca e seus derivados: “Nós aqui atendemos a modelos de todas as marcas, mas somos especialistas no
A popular catraca é fixada externamente, no corpo do eixo, para facilitar a regulagem
desenvolvimento de soluções especiais para a suspensão do Fusca e seus derivados com motor refrigerado a ar”, detalha o mecânico. “Nossa proposta vai desde a simples instalação da catraca até o estreitamento radical do corpo do eixo dianteiro para os besouros adaptados à tendência Old School.”
Além da popular “Katraka”, que, como faz questão de ressaltar Alexandre, virou marca registrada desta peça que comercializa e faz a adaptação na sua oficina, ele também distribui e instala a manga de eixo dianteira descentrada, que é importada, além de fazer o estreitamento do corpo do eixo dianteiro, bem como fornecer facões especiais para a suspensão traseira. “A Katraka, que possibilita reduzir a altura da suspensão dianteira em até 9 centímetros, custa R$ 90 a peça ou R$ 250, se instalada aqui”, detalha Alexandre. Para quem pretende fazer essa adaptação, mas quer manter o conforto de rodagem, o especialista recomenda a instalação das mangas de eixo dianteiras descentradas: “Estas mangas têm o rolamento da ponta de eixo deslocado cerca de 5 centímetros para cima. Desta forma, elas funcionam da maneira correta, já que dei
xam o pivô livre e garantem rodar mais confortável.” Fabricadas na China, as mangas de eixo descentradas são distribuídas com exclusividade em todo o mundo pela empresa americana Empi (European Motor Products, Inc.), que, desde a década de 1950, se especializou na linha VW a ar. O par destas mangas custa, na Katraka, R$ 550, sendo cobrado mais R$ 150 para o serviço de montagem no carro. Essa adaptação também é recomendada pelo especialista para quem deseja equipar o besouro com rodas de maior diâmetro, seguindo uma tendência bem atual. Mas, neste caso, Alexandre também indica encurtar ligeiramente a bitola do corpo do eixo que acomoda os feixes de lâminas da suspensão dianteira. “Para rodas com aro de até 17 polegadas, basta um encurtamento de 2 centímetros de cada lado. Para rodas maiores, com aro de até 20 polegadas, montadas com pneus de perfil superbaixo, nós encurtamos os tubos em até 3,5 centímetros de cada lado”, detalha o especialista.
VISUAL RADICAL
Alexandre explica que rodas com aro de até 18 polegadas e pneus de perfil baixo “rodam tranquilo” com as modificações descritas acima. Porém, para quem deseja colocar aro maior, é preciso analisar detalhadamente o off-set da roda. Mas Katraka também se especializou no serviço de encurtamento radical do corpo do eixo dianteiro para atender a pedidos dos fãs da tendência “Old School”, que gostam do carro “socado” no chão, conforme explica: “Neste caso, nós encurtamos os tubos do corpo e os feixes de molas em até 12 centímetros de cada lado, além de retirarmos a torre e o pino inferior de fixação do amortecedor, que não é utilizado na dianteira dos Fuscas
PARA RODAR COM CONFORTO E SEGURANÇA, É RECOMENDÁVEL INSTALAR MANGAS DE EIXO DIANTEIRAS DESCENTRADAS.
Na traseira, o rebaixamento é feito alterando o ângulo de fixação do facão nas estrias das barras
O ESPECIALISTA RECOMENDA MANTER A CAMBAGEM DAS RODAS ENTRE 0,5 E 1,5 GRAU NEGATIVO PARA RODAR SEGURO.
que seguem esta tendência, geralmente fabricados antes de 1970”.
O serviço de encurtamento dos tubos e feixes de mola, mesmo para as versões Old School, que só pode ser feito na suspensão antiga com pino-mestre, custa R$ 300, sendo cobrado mais R$ 60 pelo serviço de montagem na oficina. Katraka também desenvolveu a adaptação de facão duplo para instalar na suspensão traseira de besouros de elevado desempenho. “Nós soldamos dois facões paralelos, o que garante maior rigidez, principalmente em arrancadas para os Fuscas equipados com motor de elevada potência”, detalha o especialista. O custo deste serviço
é de R$ 495. Outro trabalho realizado pela oficina é o recorte na parte superior do facão para possibilitar um curso maior, sem raspar no suporte, que possibilita cambagem traseira negativa de até 5 graus. O serviço custa R$ 200 para o par, mais R$ 60 pela montagem. Apesar das propostas radicais que desenvolveu em sua oficina, Katraka diz que não se deve abusar na radicalização. “Costumo recomendar aos clientes manter a cambagem das rodas de 0,5 a, no máximo, 1,5 grau negativo, para rodar com segurança e confortavelmente, além de também preservar a integridade do carro”, finaliza Alexandre.
Mangas de eixo descentradas e facões recortados proporcionam maior conforto no rodar