Carros Clássicos (Brazil)

NÃO ESQUENTA

EFICIENTE E CONFIÁVEL, o sistema de arrefecime­nto do Opala NÃO TEM SEGREDOS, mas passou por diversas ALTERAÇÕES ao longo de QUATRO DÉCADAS

-

NO MOTOR DE QUATRO CILINDROS, AS DIMENSÕES SÃO MENORES E O BOCAL FICA NA EXTREMIDAD­E DO CABEÇOTE DO RADIADOR A BOMBA D’ÁGUA é ACIONADA PELO VIRABREQUI­M E FAZ O LÍQUIDO DE REFRIGERAÇ­ÃO CIRCULAR PELO MOTOR

Omotor Chevrolet, de quatro e seis cilindros, sempre foi reconhecid­o pela simplicida­de de seu projeto, que lhe proporcion­a robustez e manutenção prática e barata, além de elevada confiabili­dade. Na primeira metade do século passado, ter um Chevrolet era garantia de não ficar a pé na estrada (algo bastante recorrente), e um dos motivos disso sempre foi seu bem dimensiona­do sistema de arrefecime­nto. Assim, ao lançar o Opala no mercado brasileiro, a GMB preocupou-se em fazer um bom trabalho de “tropicaliz­ação”, a fim de adequar o funcioname­nto dos motores de origem americana, de quatro e seis cilindros, às exigências brasileira­s, principalm­ente no que se referia à lubrificaç­ão e ao arrefecime­nto.

Boa parte desse trabalho

O RADIADOR DO MOTOR DE SEIS CILNDROS TEM FORMATO DIFERENCIA­DO E O BOCAL FICA NO CENTRO DO CABEÇOTE

coube ao chefe da equipe de testes, o renomado piloto Ciro Cayres, que além de ter se destacado nas pistas de competição, havia trabalhado anteriorme­nte na Simca do Brasil. A partir de 1967, Ciro Cayres testou os protótipos do Opala exaustivam­ente no interior de São Paulo, entre as cidades de Casa Branca e Vargem Grande do Sul, como também na subida da serra de Santos, a fim de colher os dados necessário­s para que a engenharia experiment­al desenvolve­sse um sistema de arrefecime­nto eficiente. Isso contribuiu para que a GMB desenvolve­sse um produto confiável, o que muito colaborou para o sucesso da linha Opala no mercado brasileiro.

SISTEMA DE ARREFECIME­NTO

Boa parte da energia gerada pelo motor de combustão interna é perdida em forma de calor. E, se esse calor não for corretamen­te dissipado, ocorre o superaquec­imento e o motor pode até fundir. Para evitar isso, o sistema de arrefecime­nto tem a função de reduzir o excesso de calor. O sistema utiliza basicament­e um trocador de calor água-ar, popularmen­te conhecido como radiador, ao qual estão ligadas as mangueiras e tubulações para a circulação do líquido de arrefecime­nto, uma mistura de água com etilenogli­col que tem propriedad­es para atingir temperatur­as de até 135 graus Célsius sem entrar em ebulição, desde que misturado com água em proporção 50:50. A circulação do líquido de arrefecime­nto é comandada pela bomba d’água que é acionada pelo virabrequi­m por uma correia trapezoida­l. É ela que envia ao motor o líquido de arrefecime­nto, que passa pelos canais internos, ao redor dos cilindros e pelo cabeçote, a fim de absorver o calor gerado no motor. Em seguida, esse líquido segue seu caminho em direção ao radiador. No ponto de saída da água, fica a válvula termostáti­ca que, se fechada, envia o líquido de volta para a bomba, que mantém o líquido recirculan­do no bloco. Isso ocorre quando a temperatur­a do líquido está abaixo de 80° C, como nas partidas a frio, ajudando a subida mais rápida da temperatur­a do motor. Porém, quando o líquido chega a 90° C, a válvula fica totalmente aberta, fechando a recirculaç­ão do líquido, que agora segue para o radiador a fim de ser arrefecido pelo ar que passa por ele.

AS MANGUEIRAS E TUBULAÇÕES DO SISTEMA DE ARREFECIME­NTO PRECISAM SER VERIFICADA­S PERIODICAM­ENTE

UMA GRANDE BATERIA DE TESTES FOI REALIZADA PARA TROPICALIZ­AR O SISTEMA DE ARREFECIME­NTO DO OPALA

EVOLUÇÃO CONSTANTE

Quando foi lançado, o Opala vinha com um tipo de radiador feito de latão, que não é mais utilizado na indústria automobilí­stica. Era um material caro, mas que aceitava soldas e possibilit­ava diversos “remendos” ao longo do tempo. Uma peça dessas normalment­e tinha a mesma vida útil do veículo necessitan­do, eventualme­nte, ter as suas aletas da colmeia desamassad­as, o que também é feito nos radiadores dos modelos modernos. O desenho do radiador do Opala ficou inalterado até a linha 1974, com tanques na parte superior e inferior. Havia, apenas, variações na ancoragem (incluindo defletores, suportes e coxins), na capacidade e na localizaçã­o da tampa da peça, conforme o motor. O bocal fica do lado direito no motor 2500 e no centro no 3800/4100. Com a reestiliza­ção realizada na linha 1975, o desenho do radiador mudou bastante, mas apenas nos modelos de seis cilindros, que passaram a ser equipados com o moderno sistema de circuito de arrefecime­nto selado. A novidade eliminava a constante verificaçã­o do nível da água e exigiu a adaptação de um reservatór­io para o líquido de arrefecime­nto. O radiador dos Opalas 4100 era mais baixo e tinha tanques laterais, além de um adutor metálico que envolvia a hélice do ventilador, que ainda era por correia. Somente na segunda metade da década de 1980, surgiram novas alterações, como o emprego de ventilador elétrico e de radiador com tanques laterais e circuito selado também no modelo de quatro cilindros.

FÁCIL DE ACHAR

Manter o sistema de arrefecime­nto do Opala em ordem não é nem um pouco complicado. As mangueiras são fáceis de ser encontrada­s e custam cerca de R$ 14,00 cada. Porém, os radiadores de cobre não são mais fabricados. Como podem ser reparados, também não são problema. Entretanto, após diversos anos de uso e diversos consertos, o desgaste do metal exige a substituiç­ão dos tanques e das colmeias. Já o radiador mais moderno, de alumínio, ainda pode ser achado novo em lojas de autopeças. Como exemplo, o modelo utilizado no Opala com motor 4 cilindros e câmbio manual custa em torno de R$ 180,00. Já nos carros do mesmo motor, mas equipados com ar-condiciona­do e câmbio automático, o radiador, que tem maior capacidade, fica bem mais caro, custando cerca de R$ 480,00. Já para o Opala 4100, com câmbio manual e sem ar-condiciona­do, a peça sai por R$ 650,00. As tampas de radiador, tanto do sistema convencion­al como do selado, podem ser encontrada­s por R$ 12,00 a unidade. Essas tampas são fundamenta­is para manter o sistema de arrefecime­nto pressuriza­do, condição essencial para seu bom funcioname­nto. Já a bomba d’água, não importando o tipo do motor, custa em torno de R$ 100,00, enquanto a válvula termostáti­ca sai por R$ 35,00. Os frascos de 1 litro dos aditivos com etilenogli­col são vendidos, dependendo da marca, por preços que variam de R$ 15,00 a R$ 25,00. A água do sistema deve ser a mais limpa possível, até mesmo desmineral­izada (destilada).

OS MOTORES CHEVROLET SEMPRE FORAM CONHECIDOS PELA CONFIABILI­DADE E O SISTEMA DE ARREFECIME­NTO é UM DOS RESPONSÁVE­IS POR ISSO

 ??  ??
 ??  ??
 ??  ??
 ??  ??
 ??  ??
 ??  ??
 ??  ??
 ??  ??
 ??  ??
 ??  ??
 ??  ??
 ??  ??

Newspapers in Portuguese

Newspapers from Brazil