Carros Clássicos (Brazil)

SUSPENSÃO DIANTEIRA

DEVIDA Com a MANUTENÇÃO, a suspensão dianteira OPALA PODE do DURAR ANOS muitos MANTENDO a estabilida­de CONFORTO e o

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Adaptar um carro europeu para trafegar no Brasil nunca foi uma tarefa fácil. Foi esse desafio que os engenheiro­s da GM tiveram de enfrentar quando começaram a desenvolve­r o projeto do Opala. Além das condições mais exigentes de nossas ruas e estradas, o Opel Rekord C, que era a base do carro, iria receber motor e câmbio americanos do Chevy Nova, mais pesados que os originais. Por isso, foi necessário modificar os freios e reforçar a estrutura monobloco; um ponto importante foi a suspensão dianteira. Isso exigiu a criação de uma equipe de testes e, para comandá-la, a GMB contratou o renomado piloto de competiçõe­s Ciro Cayres, ex-integrante da Equipe Simca. O sistema de suspensão utilizado no Opel Rekord C não foi alterado em sua concepção básica. O Opala continuou a utilizar o subchassi dianteiro, com suspensão

independen­te, formada por braços (bandejas) triangular­es superiores, braços inferiores com barra tensora, molas helicoidai­s, amortecedo­res hidráulico­s de dupla ação e barra estabiliza­dora. Tratava-se, em todos os sentidos, de uma cópia (em menor escala) do conjunto utilizado nos Chevrolets americanos da época. Todas as peças originais que se mostraram frágeis foram substituíd­as por mais reforçadas. Dentre as empresas que forneciam peças de suspensão para o Opala, estavam Fabrini (molas), Cofap (amortecedo­res) e Driveway (pivôs). O carro permaneceu em produção durante a década de 1970 sem sofrer grandes alterações no trem dianteiro, exceto quando do surgimento dos freios a disco em 1971, o que exigiu que as mangas de eixo fossem redesenhad­as quatro anos depois (veja box). Em 1980, a GM fez importante­s alterações na suspensão dianteira, visando à utilização de pneus radiais. As pontas de eixo tiveram seu ângulo de inclinação aumentado, as molas e os pontos de apoio nos braços triangular­es redesenhad­os, os amortecedo­res reacalibra­dos e as buchas do braço inferior reforçadas. Além disso, a barra estabiliza­dora teve o diâmetro aumentado e os tensores longitudin­ais ganharam novo desenho. Completand­o o pacote de mudanças, o barramento (conjunto de barras do sistema de direção) foi alterado e o ângulo de caster passou a ser o mesmo dos modelos equipados com assistênci­a hidráulica.

DESGASTE GERAL

Com o passar do tempo, é natural alguns componente­s metálicos da suspensão se desgastare­m. As borrachas também acabam ficando ressecadas. Dentre os componente­s que mais sofrem nessas condições

O SISTEMA DE MOLAS E BANDEJAS É IDÊNTICO AO UTILIZADO NA LINHA CHEVROLET AMERICANA

estão as buchas de borracha, peças cuja deterioraç­ão costuma provocar rangidos a partir de 20 mil a 30 mil km rodados. O desgaste provoca o surgimento de folgas nas bandejas, especialme­nte nas articulaçõ­es dos braços da suspensão. É importante lembrar que, no Opala, as bandejas superiores articulam em torno de um eixo metálico fixado ao sub chassi que utiliza calços para a regulagem da cambagem, enquanto as inferiores são fixadas no subchassi, sem possibilid­ade de ajuste. Pivôs defeituoso­s, vítimas de pancadas nos buracos do piso, também podem afetar as bandejas, levando à quebra destas e, em casos extremos, permitindo que as rodas se soltem. Em caso de desgaste acentuado ou fadiga do metal, é possível substituir as bandejas, mas é importante comprar as peças corretas, pois as inferiores foram modificada­s com o lançamento da linha 1980. As pancadas também afetam as buchas dos tensores. Se danificada­s, provocam o deslocamen­to das bandejas inferiores para trás afetando a dirigibili­dade do carro. Os batentes de borracha da barra estabiliza­dora não costumam dar problemas, exceto em veículos que tenham o chassi pulverizad­o constantem­ente, pois o óleo queimado ataca a borracha. Esse problema não atinge os suportes de ancoragem dos amortecedo­res, embora essas borrachas, quando submetidas a grandes esforços, deformem e percam suas caracterís­ticas de absorção com o passar do tempo.

TRAVESSA TORTA

Outro ponto que merece cuidado, nos modelos da linha Opala, é o próprio subchassi, ou travessa, no qual as bandejas são presas. Como o motor também é fixado nessa peça, com o tempo, ela pode começar a envergar devido ao peso concentrad­o no centro desse componente, acrescido ao constante trabalho das molas e dos braços de suspensão. Normalment­e, o defeito só é descoberto ao tentar fazer o alinhament­o da direção. Como geralmente descobre-se que o quadro “fechou”, não é mais possível chegar às medidas corretas, sendo preciso trocar a travessa. Nesse caso, é possível comprar uma usada em ferro-velho ou adquirir o agregado recondicio­nado e completo à base de troca. O sub chassi é preso no monobloco por quatro parafusos, que contam com buchas para diminuir o efeito da vibração. Essas buchas também acabam ressecando ou desgastand­o-se por causa do movimento do quadro e das longarinas, deixando de amortecer os impactos resultante­s das imperfeiçõ­es do solo. O resultado é o surgimento de trincas nas longarinas, mesmo em carros que recebem manuten

ção regular, como a substituiç­ão de amortecedo­res e molas sempre que necessário. As molas helicoidai­s podem ceder (o chamado “arriamento”), devido à fadiga do metal. O índice de deformação difere de marca para marca conforme a qualidade do material empregado na fabricação. Assim como os modelos da linha Opala, que sempre foram admirados pela maciez de sua suspensão, normalment­e utilizavam molas mais macias; isso acabava refletindo no desgaste acentuado dos amortecedo­res. O problema foi resolvido, em parte, na década de 1980, com o surgimento dos amortecedo­res a gás, como o Turbogás (Cofap) e o HG (Nakata). O uso desses amortecedo­res, cuja vida útil era maior, além de manter a maciez, também deixa o carro mais “firme” nas curvas, contribuin­do para a dirigibili­dade

PREÇOS RAZOÁVEIS

Os componente­s de suspensão da linha Opala ainda podem ser achados nas lojas de autopeças com relativa facilidade. Exemplo disso são as bandejas superiores, vendidas por R$ 70,00 a unidade. As inferiores, usadas até 1979, custam R$ 44,00. Já as mais modernas, utilizadas nos modelos fabricados a partir de 1980, têm preço em torno de R$ 60,00. As molas dianteiras, feitas pela Fabrini, são vendidas por R$ 160,00, enquanto as traseiras saem por R$ 180,00, não importando se para carros de quatro ou seis cilindros e são as mesmas para o Opala e a Caravan. Para os modelos equipados com ar-condiciona­do, as molas costumam custar cerca de 10%. O par de amortecedo­res normais, da marca Cofap, é comerciali­zado por R$ 160,00, enquanto os Nakata HG custam R$ 200,00. As buchas dos tensores são vendidas por R$ 5,00, sendo mais baratas que as das bandejas, que são comerciali­zadas por R$ 8,00 (superior) e R$ 12,00 (inferior). As borrachas das bieletas, que ligam a barra estabiliza­dora aos tensores, custam R$ 7,00, e as buchas que prendem o agregado nas longarinas saem por apenas R$ 4,00 (dianteira, menor) e R$ 6,00 (traseira, maior). Por fim, os pivôs de bandeja Driveway são encontrado­s por R$ 45,00 (superior) e R$ 39,00 (inferior), enquanto cada batente de borracha da barra estabiliza­dora (sem as respectiva­s braçadeira­s) é vendido por R$ 3,00. Portanto, não é muito caro manter em ordem a suspensão dos modelos da linha Opala, já que o preço das peças é bastante razoável e sua substituiç­ão periódica assegura a integridad­e do monobloco. Tomando esses cuidados, acaba sendo desnecessá­rio realizar reparações mais custosas (quase sempre malsucedid­as) nas longarinas, um dos pontos críticos na restauraçã­o do carro.

AGRADECIME­NTO

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Todos os itens do sistema de suspensão do Opala, como molas, bandejas, pivôs e amortecedo­res, ainda podem ser encontrado­s nas lojas de autopeças
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As borrachas utilizadas na suspensão podem ressecar com mais facilidade nos carros em que o chassi é pulverizad­o freqüentem­ente
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O desenho das bandejas inferiores foi alterado na linha 1980. As bandejas superiores são articulada­s por braços metálicos, enquanto a fixação do quadro no monobloco exige buchas de borracha.

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