Carros Clássicos (Brazil)

CHEVY 1956

- Texto: Rogério Ferraresi / Fotos: Saulo Mazzoni

Loucuras de Verão

UMA LOUCURA

Como é muito comum nestes casos, o vendedor “avisou” que o carro precisava de alguns “pequenos reparos”. Quando o Bel Air chegou guinchado na loja do pai de Eduardo, este achou que o filho havia ficado maluco. Motivos para isso não faltavam: além da carroceria estar muito enferrujad­a, o carro veio sem motor, câmbio, vidros, chicote elétrico, frisos e emblemas. Apesar disso, sonho é sonho e, ignorando a opinião geral, Eduardo arregaçou as mangas e deu início à restauraçã­o do veículo. O primeiro passo foi procurar o profission­al para reparar a carroceria, mas este só se compromete­u a dar um orçamento depois que toda a chapa do Bel Air fosse raspada.

Assim, pai e filho gastaram um mês inteiro e várias latas de removedor pastoso para deixar o carro na chapa, o que, por sua vez, indicou que o estado da carroceria era ainda pior do que eles acreditava­m. A “banheira” seguiu então para a oficina, onde ficou cerca de um ano. Apesar de reparar muita coisa, o funileiro estragou outras tantas, como caixas de ar e painéis de portas, obrigando Eduardo a levar seu carro para outra oficina, cujo serviço também deixou a desejar. A novela só terminou quando, cansado de tanta confusão por não poder policiar a mão-de-obra, ele contratou outro profission­al para refazer o veículo nas instalaçõe­s de sua própria loja.

UM BEL AIR SS

Para evitar guinchar o carro toda a vez que fosse necessário movimentá-lo, Eduardo instalou no Bel Air, de forma provisória, o conjunto de motor e câmbio do Dodge Dart. Quando o serviço na lataria ficou pronto, o rodder retirou o chassi da carroceria e também refez toda a suspensão, trocando embuchamen­to, coxins e aproveitan­do ainda para adaptar nas rodas dianteiras o sistema de freios a disco servoassis­tidos do Opala.

O passo seguinte foi encontrar um motor e uma caixa de câmbio. Depois de muito procurar, Eduardo descobriu um Chevrolet Impala SS 1967 pertencent­e a um único dono e que o havia desmontado para restauraçã­o. Mas o proprietár­io veio a falecer antes de concluir o trabalho e a família decidiu vender o carro. Como várias peças haviam se perdido, não foi difícil comprar o carro por um preço relativame­nte baixo e, com ele, um motor 283 V8 e um câmbio automático Powerglide, de duas marchas.

Como a idéia era fazer do Bel Air um verdadeiro street rod, o motor teve os cabeçotes retrabalha­dos e ganhou um comando de válvulas mais brabo, importado, da marca Erson, de 270 graus. Além disso, Eduardo também importou um conjunto Crevite hi-performanc­e, composto por pistões, bronzinas, anéis, tuchos, corrente de comando e bomba de gasolina. A bomba de óleo, também para alta performanc­e, é da marca Holley, tal como o carburador duplo 400, que substituiu o velho Carter original no motor Chevrolet.

Segundo Eduardo, o motor preparado passou a desenvolve­r 240 cv, contra os 195 cv originais. Para aproveitar a maior potência, o rodder procurou um câmbio mais moderno, encontrado num Chevrolet Malibu 1983 que estava sendo desmanchad­o. A caixa automática TH-350, de três marchas, mostrou-se mais adequada à nova “identidade” do Bel Air street.

MONTANDO TUDO

Terminados os trabalhos na lataria, mecânica e elétrica, o street foi pintado na cor branca e entrou no processo de montagem. O proprietár­io mandou cromar os pára-choques e, além do pára-brisa, importou dos Estados Unidos inúmeras peças e detalhes de acabamento, como maçanetas, frisos, emblemas e outras miudezas. Internamen­te, os vidros ganharam máquinas de acionament­o elétrico, enquanto os bancos, ainda originais, foram revestidos com capas de couro preto. A única modificaçã­o no painel de instrument­os, que mantém o velocímetr­o graduado até 110 milhas por hora, foi a colocação de um manômetro de óleo da marca Smiths.

Como a idéia de Eduardo era dar ao Bel Air um estilo clássico, as rodas ainda são de aço e utilizam as calotas do Chevrolet Two-ten, modelo mais simples dos “Tri-chevy” 1955/56/57. Mas elas tiveram seus aros substituíd­os por outros mais largos, de oito polegadas (as originais eram de sete). Isso permitiu a montagem de pneus Cooper Cobra Radial

GT, importados dos EUA, nas medidas 235/60-15, na dianteira, e 255/60-15, na traseira.

O street ficou totalmente pronto apenas em 2002, mas, desde então, é uma das atrações nos encontros de carros antigos, incluindo os eventos promovidos pelo grupo “Amigos do Hot”. Durante estes encontros o carro de Eduardo sempre chama muito a atenção: afinal de contas, este é um Bel Air para Bob Falfa nenhum botar defeito.

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 ??  ?? Calotas “simples” com rodas de aro mais largo deram visual agressivo ao Bel Air
Calotas “simples” com rodas de aro mais largo deram visual agressivo ao Bel Air
 ??  ?? O interior não sofreu grandes alterações e até o volante original foi preservado
O interior não sofreu grandes alterações e até o volante original foi preservado

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