Carros Clássicos (Brazil)

VOLTA AOS ANOS 70

Confira mais detalhes sobre a categoria Old Stock Race na entrevista que Grego Lemonias, fundador da Old Stock, concedeu à CE

- Texto: Ricardo “37” Gouveia | Fotos: Rafael Micheski

R37 - Como surgiu a idéia da categoria?

Grego - Eu voltei a andar de carro em 2013, parei de andar em 94 na stock car. Fui procurar uma categoria para eu andar e não me encaixei em nenhuma. Então resolvi fazer um Opala V8 para andar na Força Livre. Só que no meio do campeonato eu pecebi que era meio caro, devido aos pneus slick que, aqui no Brasil, custam muito caro (um jogo de pneu slick custa cerca de 7 mil reais). Então, eu resolvi abortar o projeto do Opala V8 e lembrei dos Opalas na Stock Car de 1979 e na classe C (que era o campeonato paulista) que usavam pneu radial. Eu achei que seria uma sacada bacana porque o que encarece muito no Brasil é realmente o pneu. Então, montei um Opala para mim e comecei a espalhar a idéia da categoria de custo baixo. Para você ver, o pneu radial custa 900 reais e fazemos 3 corridas, foi por aí que surgiu a idéia da Old Stock.

R37 - A idéia inicial foi sua, mas houve parceiros que te ajudaram nesta empreitada?

Grego - Sim, quem me ajudou bastante no começo foi justamente o Luizão da Luizão Racing porque ele também preparava esses carros na década de 70 e de lá saiu um regulament­o (um préregulam­ento saiu aqui em casa inclusive com o Luizão e o Jeferson). Como o automobili­smo não é minha profissão, chamei o Paulo Solariz que está envolvido com o Velocult e com história do automobili­smo para me ajudar nessa empreitada da Old Stock. Depois tivemos algumas dúvidas sobre a parte burocrátic­a e chamamos o Paulo Gomes e, assim, formou-se o trio.

R37 - E quais foram as maiores dificuldad­es para criar a categoria?

Grego - A maior dificuldad­e quando nós começamos foi que junto com a categoria também veio a crise no país, isso atrapalhou um pouco. O fechamento do autódromo de Interlagos para reformas (Fórmula 1). Fomos, por exemplo, para pistas como a de Piracicaba, mas é uma pista travada e pequena, então não tínhamos onde experiment­ar esse carro, a dificuldad­e maior foi essa no começo. Mesmo assim, foram feitos gente montando seus carros, e alguns ajustes no regulament­o, conforme nós fomos andando, tivemos depois a chance de andar em lugares como o autódromo Velocittà e percebemos que algumas coisas já não cabiam, conforme estavam no início do regulament­o, por exemplo a ausência do blocante que incluímos. A finalidade da categoria é o custo baixíssimo, por isso os pneus radiais. Então eu não queria colocar o blocante, porque lá em 1979 não andávamos de

blocante, só que o motor era muito mais fraco, era praticamen­te um 250-S original, e hoje o motorzinho rende 300 cavalos, não dava para andar sem blocante. Então a dificuldad­e foi essa, realmente: falta de um autódromo para andar com o carro.

R37 - Você em algum momento pensou em desistir?

Grego - Olha, não pensei em desistir porque eu senti que era muito bacana a categoria. Tanto é que a categoria leva público, poucas categorias levam público para o autódromo a não ser a Stock Car e a Formula Truck. E, hoje, a Old Stock também leva público, então eu sabia que era legal. Deu e ainda dá muito trabalho porque eu não posso me empenhar 100% devido a minha profissão. Mas não pensei em desistir não.

R37 – Quantos carros estão correndo?

Grego – Temos 30 carros já feitos mas, devido à crise, correm uns 23 por etapa. E temos mais 10 carros sendo construído­s.

R37 - Qual o perfil do público?

Grego - Tem um perfil certo que é justamente o opaleiro, que é uma coisa muito engraçada porque a gente vê a garotada que não viveu essa época. Eu sou um Opaleiro, tenho Opala aqui em casa, 2 Opalas de corrida, tenho Caravan. Eu vivi essa época nos anos 70, essa garotada não era nem nascida, mas adora um Opala! Então tem clube de Opala espalhado por todo o Brasil, isso é muito bacana é só você colocar no Facebook que vai ter corrida e lota o autódromo.

Nós fomos pra Goiânia mês passado e, para nossa surpresa, foi igual a São Paulo, lotou também. Teve desfile de Opala na pista, nos deram essa oportunida­de de liberar os carros para entrar na pista e a arquibanca­da estava lotada também.

R37 - Tem gente que vem rodando de longe para assistir também, não tem?

Grego - Bom, eu estava no hotel em Goiania, e numa hora de descanso fui até a piscina, chegando

“é uma coisa muito engraçada porque a gente vê a garotada que não viveu essa época. Eu sou um Opaleiro, tenho Opala aqui em casa, 2 Opalas de corrida, tenho Caravan. Eu sou porque eu vivi essa época nos anos 70, essa garotada não era nem nascida, ” mas adora um Opala!

lá, tinha uma roda conversand­o de Opala, eu entrei na conversa e era um clube de Opala de Brasília que foi rodando. Não é muito longe né, mas aqui em São Paulo também tem gente que faz caravana e vem de outros estados para assistir.

R37 - Qual o perfil dos participan­tes, quem está aderindo como piloto?

Grego - Olha, tem de tudo viu. Tem pilotos da minha idade, 50 anos, e acima que correram na época e não tem onde se encaixar hoje em dia (categoria) e voltaram a correr. Tem uma garotada começando agora também que nunca correu de carro e começou na Old, tem também o cara que leva o negócio de uma forma bem profission­al, com equipe super equipada e preparador­es de primeira, e tem equipes que fazem o carro em casa o que é bem bacana. Então isso mostra que o regulament­o é bem feito, não dá para você inventar muita coisa, é igual pra todo mundo. Se você tem uma certa noção e conhecimen­to dá para fazer o carro em casa, como é o caso da família Franzoni, correm o pai e o filho e eles fazem o carro na garagem deles. Tem outros também, o Robson do Pari faz o carro na porta de casa. Você pode fazer o carro assim tranquilam­ente.

R37 - Vai ter o carro da Regina Calderoni agora também, vai ser a primeira mulher a correr na

Old?

Grego - Ela correu de Stock Car acho que durante um ano na década de 80. Tem bastante gente ajudando e montando o carro com ela, quem está fazendo é justamente o Vitor Franzoni e ela vai ser a primeira mulher a correr na Old Stock. Eu fui na casa do Franzoni e o carro está sendo muito bem feito, como tudo que ele faz.

R37 - O desempenho do carro está como você esperava de início? Tem algum ponto forte ou fraco que você gostaria de ressaltar?

Grego - Olha, está como eu esperava, sim, porque eu corro desde 78. E de lá para cá eu só corri de Opala, então eu sabia bem o que estava fazendo. O motor ficou muito bom e muito forte, com 300 cavalos.

R37 - É até mais do que esperava, pelas lembranças?

Grego - Eu passei por várias fases do Opala nas pistas, então passei pelo Opala com 3 carburador­es e tal. Mas o Old é muito mais forte do que quando fizemos em 79. Mas em geral é tudo que eu esperava sim.

Agora em Goiânia que você tem uma reta muito longa e fica bem em frente aos boxes, deu pra ver que a relação de motor, câmbio e diferencia­l ficou perfeita. Casou certinho e eu fiquei muito orgulhoso do que nós fizemos. Pegaram, em radar no final da reta, a 228 km/h então foi muito legal. Aqui em Interlagos era difícil de perceber porque além de ficarmos muito longe, tem a subida.

R37 - E de acerto de chão, o carro está legal?

Grego - Olha, foi evoluindo muito né, o carro, que logicament­e, com 300 cavalos e pneu radial não dá para se atirar muito. Alguns não perceberam ainda e falam que o freio não é bom. Não é que o freio não é bom, não temos borracha o suficiente no chão para segurar esse carro. O pneu tem 205 mm de largura, é muito estreito e tem que ter paciência. É um carro que o menos é mais.

R37 – Tem alguma alteração técnica para 2017?

Grego - De parte mecânica não vamos mudar nada, pois o carro realmente ficou perfeito. O que está precisando é de algumas oficinas e preparador­es se empenharem mais para evitar quebras. O regulament­o foi bem feito, com vários preparador­es auxiliando. Esse motor não é para quebrar, se algum carro está quebrando é porque não está sendo bem feito. Fomos pra Goiânia agora e nenhum carro quebrou. A única coisa que vamos mudar para 2017 é o tanque de combustíve­l. Por enquanto, estamos usando o tanque original no local original, que é muito próximo da traseira. Então vamos desenvolve­r um novo tanque, juntamente com o Franzoni, ele inicialmen­te é do caminhão 608 só que vai ser diminuído para se encaixar acima do diferencia­l.

R37 – É por segurança isso num caso de impacto? Não vai elevar o CG (centro de gravidade)?

Grego – Sim, exatamente. Para tirar tão perto da da traseira. Eleva o CG mas pode também puxar mais peso para o centro do carro, o que é bom.

R37 – Qual o custo médio para fazer um carro?

Grego – O custo médio de um carro é *80 mil reais, com o valor do carro. Não adianta economizar muito na compra de um carro porque vai gastar muito para recuperar a estrutura. Mas se procurar um bom carro, você acha. Eu comprei um monobloco, para fazer o carro do meu filho, por *1.500 reais. Esse valor de *70 a 80 mil reais é com uma equipe montando para você, se você for fazer por conta própria o carro (é claro que algumas coisas não tem como fazer em casa e será preciso levar pra fazer fora, como santo antonio e etc), mas eu acredito que alguém assim possa conseguir fazer um carro por *55 mil.

R37 – E quanto se gasta por etapa, incluindo inscrição, pneu, etc?

Grego – Depende da estrutura, se tem equipe ou não, mas o máximo que você pode gastar é *10 mil e o mínimo uns *5 mil.

R37 – A etapa consiste do que?

Grego – 3 treinos de meia hora na sexta, sábado tem 1 treino classifica­tório de meia hora e a etapa, em si, são duas baterias também de meia hora.

R37 – Para correr precisa da **PGC-B?

Grego – Sim, precisa. Faz a escolinha e tira a carteira.

R37 - Qual o contato para quem estiver interessad­o?

Grego – Temos o facebook da Old Stock Race, basta mandar mensagem lá que respondere­mos.

“O custo médio de um carro é 80 mil reais, com o valor do carro. Não adianta você economizar muito na compra de um carro porque vai gastar muito para recuperar a estrutura. ”

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