NOVA FAMÍLIA
EEm meados dos anos sessenta, a indústria e o mercado automobilístico brasileiro começavam a se consolidar, gerando o interesse das três “gigantes” de Detroit em também produzir automóveis no País. Assim, enquanto a General Motors iniciava o desenvolvimento do futuro Chevrolet Opala e a Chrysler passava a controlar a Simca, a Ford lançava aqui o Galaxie, ao mesmo tempo em que assumia o controle acionário da Willys Overland do Brasil, que estava desenvolvendo o Corcel em parceria com a francesa Renault. Na mesma ocasião, já líder destacada do nosso mercado devido ao sucesso do Fusca, a Volkswagen absorveu a Vemag, que fabricava os modelos DKW com a licença da Auto Union. Procurando ampliar sua fatia no promissor mercado, a VW decidiu desenvolver uma nova linha de modelos, denominada Família Tipo 3. Esta nova “família” tinha a finalidade de proporcionar um “upgrade” na linha da marca, oferecendo modelos com design teoricamente mais moderno, mas basicamente com a confiável mecânica do Fusca. O primeiro “membro” desta família foi o VW 1600, lançado no Salão do Automóvel de São Paulo de 1968 – marcando também o primeiro revés da marca no nosso mercado. Com design antiquado, além de quatro portas de dimensões limitadas, num mercado que na época dava preferência aos modelos de duas portas, ele logo ganhou o desabonador apelido de “Zé do Caixão”, em alusão ao desenho da carroceria com as quatro maçanetas externas, aproveitando o pseudônimo do cineasta José Mojica Marins, que na época fazia sucesso com filmes “trash” de terror. Apenas dois anos e meio após seu lançamento, o modelo deixou de ser produzido. Boa parte das unidades que restaram acabaram “aterrorizando” os incautos passageiros de táxi, especialmente na cidade do Rio de Janeiro. Mas se o primeiro “membro” da Família Tipo 3 foi um fracasso, o mesmo não se pode dizer da “irmã” mais nova Variant, lançada no ano seguinte como modelo 1970. Aproveitando uma lacuna no mercado desde o encerramento da produção do Dkw-vemaguet, a Variant foi um dos modelos mais bem sucedidos em nosso mercado na primeira metade dos anos setenta. Outro integrante da “família” foi o TL, versão hatch lançada em 1971 para suceder o malfadado “Zé do Caixão”, que não pode ser considerado um fracasso como seu antecessor, nem um sucesso como a Variant. Apesar de relativo sucesso de vendas nos dois primeiros anos no mercado, o TL também acabou caindo em desgraça e deixou de ser produzido apenas quatro anos após seu lançamento. Em boa parte, a queda do TL deve ter sido provocada pelo lançamento do Volkswagen Brasilia, em 1973. Apesar de oficialmente não pertencer à Família Tipo 3, o Brasilia era definido como um utilitário e utilizava boa parte dos componentes de seus “co-irmãos”. Também foi o mais bem sucedido modelo derivado diretamente do Fusca no mercado brasileiro, superando a marca de 1 milhão de unidades produzidas. É a história destes derivados nacionais do Fusca que aproveitamos para resgatar nesta Edição Especial de Fusca & Cia.