NASCE UMA LENDA
O Chevrolet Camaro, fabricado pela General Motors por meio da Chevrolet, é um carro esporte tradicional, que vem atravessando gerações. O conceito original tem quase meio século. O Camaro foi colocado à venda pela primeira vez no dia 29 de setembro de 1966, já saindo no modelo 1967. A ideia da General Motors era lançar um carro para concorrer com o Ford Mustang. O Camaro tinha a mesma plataforma e os principais componentes do Pontiac Firebird, também lançado em 1967 pela GM.
O Camaro teve quatro gerações até 2002, quando sua produção foi interrompida. Porém, a General Motors teve de ceder ao poder fascinante deste carro, que ganhou “vida” como Bumblebee, o Camaro amarelo da série Transformers. Assim, em 16 de março de 2009, a General Motors iniciou, por meio de sua marca Chevrolet, a produção da quinta geração do clássico.
O lançamento da primeira geração do Camaro foi envolvido no maior segredo, que só aguçou a curiosidade do público. Desde abril de 1965, um ano antes do lançamento do Camaro, a imprensa automobilística especulava que a Chevrolet estaria desenvolvendo um carro para competir com o Mustang. As revistas e os jornais especializados passaram a chamar o concorrente de “Pantera” – nome bastante apropriado, conforme viria a explicar o presidente da Chevrolet, Pete Estes.
A curiosidade da imprensa e do público veio a ser satisfeita em 21 de junho de 1966, a pouco menos de dois meses do lançamento do Camaro no mercado. Nesse dia, cerca de duzentos jornalistas especializados receberam um telegrama que os convidava para “uma importante reunião”, que ocorreria em 28 de junho, ao meio-dia. O lacônico telegrama era assinado por John L. Cutter, relações-públicas da Chevrolet e secretário da SEPAW. Embora Cutter fosse, na época, uma conhecida figura da indústria americana de veículos, ninguém sequer suspeitava do que seria a SEPAW. O telegrama trazia ainda uma provocação interessante. “Espero que você possa ajudar a arranhar um gato”.e avisava: “Detalhes seguirão”.
No dia seguinte, conforme havia sido prometido, os mesmos jornalistas receberam outro telegrama que, em vez de esclarecer o fato, intrigava ainda mais os destinatários. O comunicado, assinado pelo mesmo John L. Cutter, afirmava que a Sociedade para a Erradicação das Panteras do Mundo Automotivo (SEPAW, conforme a sigla em inglês) faria sua primeira e última reunião no dia 28 de junho.
A Chevrolet conseguiu o que queria: o telegrama intrigou os jornalistas. No dia e na hora combinados, a General Motors deu uma entrevista coletiva no Hotel Statler Hilton de Detroit, então capital da indústria automobilística americana. Fazendo jus ao carro cujo lançamento iria anunciar, a coletiva da General Motors já era, em si, um marco da tecnologia. Pela primeira vez, 14 cidades estavam conectadas ao mesmo tempo
pelo telefone para uma entrevista coletiva.
E, como o convite para a coletiva tinha surgido a partir de uma brincadeira, Pete Estes, o lendário presidente da General Motors (veja box ao lado), fez questão de abrir a reunião nesse mesmo clima. Pete Estes avisou que todos os presentes eram membros honorários da Sociedade para a Erradicação das Panteras do Mundo Automotivo e, em seguida, comunicou o lançamento do carro.
Explicando que a designação do projeto era XP-836, Estes anunciou que a Chevrolet tinha escolhido um nome que começava com a letra C, assim como os modelos de outras linhas da empresa – Corvair, Chevelle, Chevy II e Corvette. Estes afirmou que o nome do novo carro “sugere a ligação de bons amigos que o carro deve ter com seu dono”.
Em seguida, depois de um pequeno momento de suspense, o presidente da General Motors finalmente revelou o nome do lançamento: Camaro. Um dos jornalistas presentes quis, então, saber “o que era um Camaro”. E Estes não deixou a oportunidade passar: “O Camaro é um animalzinho cruel que come cavalos selvagens (isto é, Mustangs)”.
O Camaro, porém, só foi mostrado pela primeira vez à imprensa quase dois meses depois dessa coletiva, no dia 12 de setembro de 1966, em Detroit, chegando às revendedoras mais de um ano depois. A indústria automobilística nunca mais seria a mesma.