Carros Clássicos (Brazil)

Uma F75 Teimosa

Semelhante a um trator, a Ford F75 Teimosa destacase pela incrível capacidade de vencer obstáculos

- Texto: Wilson Toume Fotos: Arnaldo Bento

Ela tem chassi de Rural, motor de F-1000, câmbio de Chevrolet A10 e as maçanetas das portas vieram do Fusca. Descrita dessa maneira, fica difícil imaginar que tipo de veículo pode ter resultado dessa combinação, não é? Basta, porém, olhar as fotos para constatar que não é bem assim: apesar de tantas adaptações, a parte frontal da carroceria manteve a identidade original da Ford F75 militar, modelo 1976, que deu origem a esse projeto. O proprietár­io do modelo é o administra­dor de empresas Sérgio Vianna, que batizou a pickup de Teimosa por causa das inúmeras tentativas frustradas até vencer a Trilha do Bonete, em Ilhabela. Ele adquiriu o veículo há cinco anos, já com a maioria das alterações. “Fiz apenas pequenas melhorias, como passar os pontos de fixação dos feixes de mola para cima dos eixos”, explica. A tração é integral temporária e conta com roda livre manual, enquanto os amortecedo­res são importados e os pneus especiais têm 35 polegadas de altura. O administra­dor lembra que há nove anos, porém, nem sequer se interessav­a por veículos off-road ou pelo assunto. “Foi quando meu irmão comprou um jipe que tudo começou”, conta. “Resolvi participar de suas aventuras e tomei gosto pela coisa.” O contágio foi-se estendendo pela família e hoje Sérgio conta que até sua mãe, Dona Nair, 78 anos, gosta de dar umas voltinhas com a Teimosa.

Apesar de esbanjar força e ser capaz de superar os mais difíceis obstáculos, a Teimosa não participa de competiçõe­s. Sérgio Vianna diz que esse não é o propósito do veículo. “Ela não foi feita para rodar com velocidade”, esclarece. “Em compensaçã­o, já fui chamado várias vezes para atuar como veículo de resgate em provas”, afirma. Para isso, a F75 conta com dois guinchos mecânicos, que atuam acoplados ao câmbio. A pequena barraca desmontáve­l montada sobre uma estrutura acima da caçamba também já foi usada nessa tarefa: numa trilha na Serra do Mar, a pickup quebrou e ele passou dois dias no local. Para montar ou desmontar o equipament­o bastam cerca de cinco minutos. Enxada, pá, cabos, cintas e macaco hi-lift (especial para uso no off-road, com base larga e grande curso) são outros acessórios que Sérgio sempre leva a bordo. Com todo esse aparato, a curtição de Sérgio com a Teimosa é enfrentar dificuldad­es e desafios. Entre eles, Vianna aponta a Trilha do Bonete, em Ilhabela, litoral norte de São Paulo, como uma das mais difíceis. “Ali se maltrata muito o carro”, conta. Outra aventura radical é a Trilha do Telégrafo, na divisa entre São Paulo e Paraná. Mas é enfrentand­o obstáculos desse tipo que Sérgio se sente realizado. Afinal, para ele e sua Teimosa não existem obstáculos intranspon­íveis, “desde que não ocorram problemas mecânicos”. Depois de ver a pickup de perto, não é difícil acreditar.

Ssangyong – sim, são dois esses iniciais – significa “dragão de duas cabeças”, nome sugestivo para uma empresa oriental que nos últimos anos mostra sua força pelo mundo afora. A Ssangyong Motor Company concentra suas operações industriai­s na Coréia do Sul, onde é líder no segmento 4x4 e decidiu ampliar seu mercado em nível internacio­nal com produtos à altura da forte concorrênc­ia. Pela utilização de tecnologia de ponta – acordos operaciona­is com a Mercedes-benz e o Studio Giugiaro –, pode-se dizer que o resultado foi positivo. O Rexton, lançamento global mais recente da fábrica, visa às necessidad­es de quem busca veículos 4x4 sofisticad­os, com preços acessíveis, que ofereçam design inovador e capacidade off-road. Se alguém estranhar a novidade dos veículos da Ssangyong no trânsito, é bom saber que o mesmo tem acontecido praticamen­te nos cinco continente­s. E aqui se incluem os outros produtos da fábrica, como o Musso (sport utility e pickup), Korando (de estilo semelhante ao Jeep), a van Istana e o sedã de luxo Chairman.

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A sofisticaç­ão do Rexton se destaca pelo design agradável: il mago Giugiaro utilizou recursos aerodinâmi­cos na definição das linhas do veículo, com faces arredondad­as

e parte frontal pronunciad­a, que destaca o conjunto ótico principal, grade com moldura cromada e faróis auxiliares integrados. Essa tendência tem estado bastante presente, variando entre estilistas, mas marcante no desenho do Rexton. O pára-choque é inovador para esse tipo de veículo: uma solução simples, elegante e que não destoa do conjunto. Apesar das dimensões similares às da maioria dos sport utilities comerciali­zados no mercado, o Rexton parece menor. A quinta porta oferece a possibilid­ade de abertura total ou parcial, através da janela basculante. Um terceiro banco, escamoteáv­el, acomoda confortave­lmente apenas duas crianças num espaço com capacidade para até 660 litros. O compartime­nto dá acesso também a uma caixa de ferramenta­s, porta-macaco e estepe. O interior é elegante e mostra acabamento ótimo. O espaço é muito bom para quatro passageiro­s adultos (o terceiro, atrás, com algum aperto), num conjunto que sugere o padrão Mercedes. Bancos revestidos com tecido (e opção de couro) e as conveniênc­ias próprias desses veículos de luxo incluem controles elétricos de vidros e espelhos retrovisor­es e airbag duplo. O travamento das portas é automático quando se atingem 40 km/h e há eficientes temporizad­ores para iluminação interna e limpador de pára-brisa. Outros itens internos são sistema de som com bandejas para CD e fita cassete e comandos no volante, painel com controle eletrônico de navegação, vidros escuros, acabamento do painel imitando madeira, chaves de segurança com chip imobilizad­or e spoiler traseiro com luz de freio do tipo LED. O sistema de ar-condiciona­do possui controles específico­s para os passageiro­s do banco traseiro e o espelho retrovisor interno inclui controle automático antiofusca­nte.

Diesel e gasolina, manual ou automático

O Rexton dispõe de transmissã­o automática ou manual nas versões RX 320 a gasolina ou RX 290 turbodiese­l, como a avaliada por Pickups & 4x4, equipada com motor Mercedes-benz de cinco cilindros, 2.900 cm3 e 120 cv. A transmissã­o automática de quatro velocidade­s oferece três variantes para o modo de mudar as marchas: mais lenta (que evita o tracioname­nto repentino em terrenos com lama ou escorregad­ios), normal ( utilizável a qualquer tempo) e Power (que permite uma pilotagem mais esportiva). Nos modelos a diesel, a tração 4x4 é acionada por botões no painel; as versões a gasolina oferecem o sistema in

sel. Durante a avaliação, o Rexton chegou a fazer 5,5 km/l, abaixo da média da concorrênc­ia, trafegando em auto-estradas modernas, a uma média de 100 km/h. Em estradas de terra, a suspensão mostrou-se inadequada para um veículo com tal classe. Composta por barras de torção na dianteira e feixes de molas semi-elípticas na traseira, tem curso limitado e relativa altura livre do solo, o que reflete as ondulações e imperfeiçõ­es do solo diretament­e na estrutura, criando ruídos e desconfort­o. Por outro lado, o engate e desengate da tração 4x4 e reduzida são simples e eficientes, monitorado­s sempre por luzes no painel. Não se enfrentara­m obstáculos mais compromete­dores com o Rexton. Mas experiment­ando sua capacidade de tração 4x4 em subidas com lama e estradas com erosões causadas pela chuva, na região serrana de Gonçalves (MG), o resultado foi positivo. Ele superou obstáculos, transmitin­do sensação de segurança e eficiência ao demonstrar muita facilidade de controle para completar um trajeto montanhoso. Em conclusão, se trata de mais uma opção eficiente e bastante exclusiva para aqueles que desejam um utilitário esporte atual e com ar exótico. tegral com bloqueio automático ABD (Automatic Braking Differenti­al, ou Freio Automático do Diferencia­l). Todos os modelos utilizam sistema de freios ABS. O Rexton chama a atenção no trânsito exatamente por suas linhas suaves e atraentes. O motor soa tranqüilo, quase imperceptí­vel. Os controles estão bem posicionad­os e as regulagens dos bancos são práticas. Todo o conjunto interno e os comandos transmitem sensação de segurança e facilidade de direção, mesmo se tratando de um veículo com quase duas toneladas. Nas estradas é possível manter médias em torno de 120 km/h sem esforço e até mesmo superar essa velocidade sem que o motorista perceba. Todavia, ao passar das 3.000 rpm, o motor se torna algo ruidoso, sugerindo que a relação de transmissã­o final é um pouco curta. O propulsor Mercedes, apesar de seus 120 cv, é tipicament­e um motor a diesel desenvolvi­do para uso na Europa, onde a velocidade e o torque não necessitam ser propriamen­te os de um esportivo. Isso, aliado ao elevado peso total do veículo, torna o Rexton lento nas retomadas e prejudica o desempenho nas subidas. Conseqüent­emente, o consumo de combustíve­l é alto para um veículo a die

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O motor de 4,9 litros com seis cilindros a gasolina é aquele usado pela pickup Ford F-1000. Os filtros de ar são de moto, por causa do tamanho e formato do capô. A cabine é feita de fibra de vidro e tem interior espartano.ateimosa carrega apenas o básico em matéria de equipament­os. Além da alavanca do câmbio, existem ainda acionament­o da tração integral, reduzida e guinchos dianteiro e traseiro.
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Preço: R$ 124.900 a R$ 144.900 Ficha técnica - Ssangyong Rexton

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