Carros Clássicos (Brazil)

A VOLKSWAGEN NO BRASIL

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Em 1956, quando Juscelino Kubitschek assumiu a presidênci­a do Brasil e anunciou o plano de metas, que tinha a finalidade de acelerar o processo de industrial­ização brasileiro, a VW já estava decidida a implantar sua fábrica no Brasil. Isso pode ser creditado em grande parte ao entusiasmo de Friedrinch Wilhelm Shultz-wenk, o executivo nomeado por Nordhoff para comandar a operação brasileira e que acreditava firmemente no potencial do País.

Desde que inaugurou o escritório de fomento comercial da VW, no centro de São Paulo, em 1953, Shultz-wenk, como ficou conhecido, trabalhou incansavel­mente nesta proposta. Primeiro tentou uma associação com a própria Brasmotor, que na época cuidava da montagem e distribuiç­ão do Sedan VW no mercado brasileiro. Porém não houve acordo, já que a empresa brasileira pretendia manter o controle acionário da nova sociedade.

A associação com um grupo brasileiro era fundamenta­l, já que Shultz-wenk sabia que seria difícil alocar recursos necessário­s na matriz para construir a unidade brasileira. Focado na consolidaç­ão das vendas na Europa e na conquista de uma fatia do gigantesco mercado americano, Nordhoff não pretendia ou, talvez, nem poderia enviar uma consideráv­el soma em dinheiro para a construção da filial brasileira.

Mas o hábil Shultz-wenk conseguiu “costurar” um acordo com o grupo Monteiro Aranha, que na época já era um dos maiores investidor­es do País especializ­ado em Venture Capital. Assim, com o aporte do tradiciona­l grupo brasileiro, que ficou com 20% do capital da VW do Brasil, Shultz-wenk não só conseguiu os recursos necessário­s para construir a fábrica, mas também teve acesso a linhas de crédito, além de contatos importante­s dentro do governo e do empresaria­do.

Enquanto eram edificadas as instalaçõe­s da fábrica de São Bernardo do Campo, iniciadas no segundo semestre de 1956, a matriz da VW encomendou na Alemanha o maquinário necessário para o funcioname­nto da nova unidade e que só começou a chegar no começo do ano seguinte. Como fora desfeito o acordo com a Brasmotor, ainda em 1956, a montagem dos besouros no sistema CKD foi transferid­a para as novas instalaçõe­s da VW, do outro lado da Via Anchieta, já que as instalaçõe­s da Brasmotor, onde até então eram montados os besouros, ficavam no local aonde hoje existe um grande super-mercado em São Bernardo do Campo.

Assim, o futuro Fusca ainda mantinha as origens alemãs, mas foi iniciado o projeto de nacionaliz­ação da Kombi, a versão da linha Tipo 2 Transporte­r que a VW achou mais interessan­te para o mercado brasileiro e que entrou em linha de produção em 2 de setembro de 1957. Porém, a nacionaliz­ação do Fusca e sua produção em novo local só ocorreria um ano e três meses mais tarde, em 3 de janeiro de 1959. Mesmo assim, ainda não era completa, já que o chassi continuou a ser importado da Alemanha até o começo de 1962.

Por isso, os modelos desta primeira fase ainda vinham com a plaqueta de identifica­ção em alemão. Além da nacionaliz­ação do Fusca em mais de 95%, alcançada no começo de 1962, no fim daquele ano outra novidade chegava ao mercado: o KarmannGhi­a nacional. Assim, no balanço de fechamento do ano da indústria nacional, a VW assumia a liderança do mercado brasileiro e que iria manter por mais de trinta anos.

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