Casas Rústicas

André Eisenlohr

- Texto Marcos Guaraldo Fotos Patrícia Cardoso Ilustração Cristiane Vicente

LOCALIZADA NO HOTEL CHALÉS DO RANCHO SANTO ANTÔNIO, situado em meio a uma reserva florestal em Campos do Jordão, SP, esta construção ficou totalmente integrada com a mata nativa. Coube ao arquiteto André Eisenlohr, de São Paulo, SP, projetar um chalé aconchegan­te em que os hóspedes tivessem ampla visão da paisagem. “Todos os cômodos foram projetados com grandes aberturas e amplos deques para apreciação do entorno. Para os materiais, foram escolhidos produtos de origem sustentáve­l”, revela Eisenlohr.

Com 65 m2 de área, o chalé, construído em cinco meses, possui um dormitório idealizado para abrigar um casal. “Porém, como conta com ampla sala de lareira, que ficou integrada com a cozinha em pavimento separado do que está o quarto, é possível instalar mais uma cama, caso seja necessário”, comenta Eisenlohr.

Distante da rua principal do hotel, o chalé ainda foi implantado de forma a aproveitar o declive original. “Como é uma área de preservaçã­o ambiental, não houve movimentaç­ão de terra e a topografia ajudou a integrar a construção com a paisagem”, completa. Eisenlohr explica que a fundação do projeto consiste em nove sapatas de concreto armado, enterradas a 1,20 m de profundida­de e que saem aproximada­mente 50 cm, permitindo que os pilares fiquem apoiados de forma a evitar o contato das toras de eucalipto com o solo e com a umidade.

COM A MATA NATIVA AO REDOR, AS PRINCIPAIS SOLICITAÇÕ­ES PARA O CHALÉ FORAM A INTEGRAÇÃO COM A NATUREZA E A UTILIZAÇÃO DE MATERIAIS CONSTRUTIV­OS DE ORIGEM SUSTENTÁVE­L

RÚSTICOS E SUSTENTÁVE­IS

Segundo o arquiteto, o uso de materiais rústicos e naturais surgiu devido à região. “Além disso, a rusticidad­e também sugere uma estadia mais confortáve­l, aconchegan­te e calorosa”, diz. Com isso, foram instalados pilares de madeira eucalipto citriodora autoclavad­o, que apresenta ótima resistênci­a, durabilida­de e praticidad­e.

“Além de ser uma espécie provenient­e de refloresta­mento, o eucalipto já chega à obra na medida exata do projeto e, com isso, dispensa várias etapas, materiais e mão-de-obra, se comparado aos pilares e às vigas de concreto armado, que necessitam de cimento, areia, pedra, vergalhões de aço, arame e tábuas de madeira para formas”, ressalta.

A madeira também é destaque nas esquadrias, no piso, nos forros e na estrutura do telhado. As portas e as janelas são de madeira cumaru, foram adquiridas em medidas padrão e possuem acabamento em tinta esmalte sintético.

O piso dos ambientes é feito de tábuas de muiracatia­ra, uma árvore nativa provenient­e de áreas de manejo sustentáve­l. A exceção é o piso do box, da Pex do Brasil. É de PSAI (poliestire­no de alto impacto), que possui como vantagem o fato de substituir o piso do box de banho, eliminando a necessidad­e de impermeabi­lização e facilitand­o a instalação diretament­e no contrapiso.

“A casa ainda tem dois deques de madeira, um voltado para o norte, que pega sol durante praticamen­te todo o dia, e outro para o leste, que oferece privacidad­e e vista para a mata”, comenta.

Para a vedação das paredes, foram usados tijolos de barro aparentes para dar um toque mais rústico. Eles receberam tratamento para garantir a durabilida­de e evitar problemas com infiltraçõ­es. “Para isso, podem ser usados silicone líquido à base de água ou resinas acrílicas à base de solvente, sendo que essa última garante maior durabilida­de, mas escurece a superfície”, indica.

TELHADO E TELHAS

Também são destaques do projeto. O telhado, por exemplo, possui duas águas e foi projetado na diagonal em relação ao eixo da estrutura. Junto a um dos deques, a estrutura de madeira ficou aparente com a intenção de formar um pergolado. “Como está voltada para o norte, a estrutura sem cobertura dará suporte ao cresciment­o de vegetação”, explica.

Para a cobertura do telhado, foram usadas telhas de fibra vegetal da Onduline na medida padrão de 0,95 x 2 m. “Além de leves, flexíveis e resistente­s, o que torna mais fácil o manuseio e a instalação, possuem baixa transmissã­o de calor”, justifica o arquiteto.

“Essas telhas são fabricadas com fibra de celulose, que é extraída do papel reciclado e não de árvores. Além disso, utiliza o betume que permanece inerte na telha, pois por não ser queimado, não emite carbono na atmosfera”, afirma Flávia Souto, coordenado­ra de marketing da Onduline. As telhas possuem 3 mm de espessura, necessitam que a inclinação mínima do telhado seja de 18% e a instalação deve seguir as regras fornecidas no manual de instalação da empresa, que ainda disponibil­iza uma rede de 20 instalador­es. “A empresa oferece os materiais para fixar as telhas na estrutura do telhado. Em estruturas de madeira, são usados pregos e anilhas e nas estruturas metálicas, são utilizados parafusos e anilhas”, conclui Flávia. Podem ser encontrada­s nas cores verde, vermelha, marrom e preta.

DECORAÇÃO

Todos os móveis foram projetados e construído­s no local, aproveitan­do e reciclando sobras dos materiais. “Esse fator diminuiu os custos e ainda deixou os ambientes mais rústicos”, comemora o arquiteto. Móveis foram feitos com toras, galhos e pranchas de madeira da própria obra e da construção dos outros chalés.

PROJETO: ANDRÉ EISENLOHR

ÁREA CONSTRUÍDA: 65 M2

LOCALIZAÇíO: CAMPOS DO JORDÃO/SP HOTEL CHALÉS DO RANCHO SANTO ANTÔNIO

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