André Eisenlohr
LOCALIZADA NO HOTEL CHALÉS DO RANCHO SANTO ANTÔNIO, situado em meio a uma reserva florestal em Campos do Jordão, SP, esta construção ficou totalmente integrada com a mata nativa. Coube ao arquiteto André Eisenlohr, de São Paulo, SP, projetar um chalé aconchegante em que os hóspedes tivessem ampla visão da paisagem. “Todos os cômodos foram projetados com grandes aberturas e amplos deques para apreciação do entorno. Para os materiais, foram escolhidos produtos de origem sustentável”, revela Eisenlohr.
Com 65 m2 de área, o chalé, construído em cinco meses, possui um dormitório idealizado para abrigar um casal. “Porém, como conta com ampla sala de lareira, que ficou integrada com a cozinha em pavimento separado do que está o quarto, é possível instalar mais uma cama, caso seja necessário”, comenta Eisenlohr.
Distante da rua principal do hotel, o chalé ainda foi implantado de forma a aproveitar o declive original. “Como é uma área de preservação ambiental, não houve movimentação de terra e a topografia ajudou a integrar a construção com a paisagem”, completa. Eisenlohr explica que a fundação do projeto consiste em nove sapatas de concreto armado, enterradas a 1,20 m de profundidade e que saem aproximadamente 50 cm, permitindo que os pilares fiquem apoiados de forma a evitar o contato das toras de eucalipto com o solo e com a umidade.
COM A MATA NATIVA AO REDOR, AS PRINCIPAIS SOLICITAÇÕES PARA O CHALÉ FORAM A INTEGRAÇÃO COM A NATUREZA E A UTILIZAÇÃO DE MATERIAIS CONSTRUTIVOS DE ORIGEM SUSTENTÁVEL
RÚSTICOS E SUSTENTÁVEIS
Segundo o arquiteto, o uso de materiais rústicos e naturais surgiu devido à região. “Além disso, a rusticidade também sugere uma estadia mais confortável, aconchegante e calorosa”, diz. Com isso, foram instalados pilares de madeira eucalipto citriodora autoclavado, que apresenta ótima resistência, durabilidade e praticidade.
“Além de ser uma espécie proveniente de reflorestamento, o eucalipto já chega à obra na medida exata do projeto e, com isso, dispensa várias etapas, materiais e mão-de-obra, se comparado aos pilares e às vigas de concreto armado, que necessitam de cimento, areia, pedra, vergalhões de aço, arame e tábuas de madeira para formas”, ressalta.
A madeira também é destaque nas esquadrias, no piso, nos forros e na estrutura do telhado. As portas e as janelas são de madeira cumaru, foram adquiridas em medidas padrão e possuem acabamento em tinta esmalte sintético.
O piso dos ambientes é feito de tábuas de muiracatiara, uma árvore nativa proveniente de áreas de manejo sustentável. A exceção é o piso do box, da Pex do Brasil. É de PSAI (poliestireno de alto impacto), que possui como vantagem o fato de substituir o piso do box de banho, eliminando a necessidade de impermeabilização e facilitando a instalação diretamente no contrapiso.
“A casa ainda tem dois deques de madeira, um voltado para o norte, que pega sol durante praticamente todo o dia, e outro para o leste, que oferece privacidade e vista para a mata”, comenta.
Para a vedação das paredes, foram usados tijolos de barro aparentes para dar um toque mais rústico. Eles receberam tratamento para garantir a durabilidade e evitar problemas com infiltrações. “Para isso, podem ser usados silicone líquido à base de água ou resinas acrílicas à base de solvente, sendo que essa última garante maior durabilidade, mas escurece a superfície”, indica.
TELHADO E TELHAS
Também são destaques do projeto. O telhado, por exemplo, possui duas águas e foi projetado na diagonal em relação ao eixo da estrutura. Junto a um dos deques, a estrutura de madeira ficou aparente com a intenção de formar um pergolado. “Como está voltada para o norte, a estrutura sem cobertura dará suporte ao crescimento de vegetação”, explica.
Para a cobertura do telhado, foram usadas telhas de fibra vegetal da Onduline na medida padrão de 0,95 x 2 m. “Além de leves, flexíveis e resistentes, o que torna mais fácil o manuseio e a instalação, possuem baixa transmissão de calor”, justifica o arquiteto.
“Essas telhas são fabricadas com fibra de celulose, que é extraída do papel reciclado e não de árvores. Além disso, utiliza o betume que permanece inerte na telha, pois por não ser queimado, não emite carbono na atmosfera”, afirma Flávia Souto, coordenadora de marketing da Onduline. As telhas possuem 3 mm de espessura, necessitam que a inclinação mínima do telhado seja de 18% e a instalação deve seguir as regras fornecidas no manual de instalação da empresa, que ainda disponibiliza uma rede de 20 instaladores. “A empresa oferece os materiais para fixar as telhas na estrutura do telhado. Em estruturas de madeira, são usados pregos e anilhas e nas estruturas metálicas, são utilizados parafusos e anilhas”, conclui Flávia. Podem ser encontradas nas cores verde, vermelha, marrom e preta.
DECORAÇÃO
Todos os móveis foram projetados e construídos no local, aproveitando e reciclando sobras dos materiais. “Esse fator diminuiu os custos e ainda deixou os ambientes mais rústicos”, comemora o arquiteto. Móveis foram feitos com toras, galhos e pranchas de madeira da própria obra e da construção dos outros chalés.
PROJETO: ANDRÉ EISENLOHR
ÁREA CONSTRUÍDA: 65 M2
LOCALIZAÇÃO: CAMPOS DO JORDÃO/SP HOTEL CHALÉS DO RANCHO SANTO ANTÔNIO