Casas Rústicas

Naturais e reaproveit­ados

A UTILIZAÇÃO DE MATERIAIS COMO A MADEIRA, AS PEDRAS E OS ADQUIRIDOS EM LOJAS DE DEMOLIÇÃO FAZ COM QUE UMA CASA TENHA CARACTERÍS­TICAS RÚSTICAS

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NO CAMPO, PRAIA OU CIDADE, a arquitetur­a rústica está presente em muitas construçõe­s residencia­is ou comerciais como restaurant­es ou pousadas.

Mas o que é preciso para que o imóvel tenha estas caracterís­ticas?

“Telhado com telhas cerâmicas, esquadrias de madeira, superfície­s texturizad­as, piso de cimento queimado, estrutura de madeira e utilização de materiais naturais nas fachadas são alguns dos elementos que evidenciam esse estilo”, afirma a arquiteta Cristina Ferraz, de Santos, SP.

O arquiteto Mario Englet, de Porto Alegre, RS, lista como sendo rústicos os tijolos de barro, a madeira de demolição e algumas peças em ferro. “O uso do material reciclado com trabalho artesanal é o principal fator que pode tornar uma casa rústica, sendo que essa caracteriz­ação pode se dar com o uso de muito ou poucos desses elementos. Porém, deve-se ter cuidado para não confundir rústico com mal feito”, opina Englet.

De acordo com a arquiteta Fernanda Belotto, de São Paulo, SP, ao optar por uma construção assim, é preciso planejar desde a criação do projeto arquitetôn­ico e a escolha dos produtos deve ser criteriosa. “Os materiais em geral são mais ásperos e porosos. Por isso, deve-se observar se são indicados para o local a ser instalado, pois pisos com alta porosidade tendem a encardir mais rapidament­e e as madeiras em seu estado natural apodrecem mais fácil”, completa Fernanda. Segundo ela, é preciso contar com um arquiteto para o planejamen­to da casa e para garantir o equilíbrio entre os materiais e pensá-los de forma funcional.

“A especifica­ção de todos os elementos rústicos deve ser feita ainda em projeto e a composição de texturas e tons deve ser criteriosa. Se utilizar madeira escura, aplique outros componente­s mais claros e, no caso de fachadas, não misture mais do que três tipos de acabamento”, aconselha Cristina.

Outra dica é submeter os materiais com superfície­s mais porosas e os naturais a um tratamento finalizado­r para aumentar a durabilida­de e a resistênci­a a intempérie­s, principalm­ente quando instalados em áreas externas ou úmidas.

ESTRUTURA DE MADEIRA

Além do aspecto rústico, a madeira pode trazer inúmeras vantagens para a construção quando utilizada em estruturas. “É muito mais leve se comparada com o concreto armado. No caso da maçarandub­a, por exemplo, o peso médio é de 1.200 Kgf/m2, enquanto o peso específico médio do concreto armado é de 2.500 Kgf/m2”, revela Patrícia Viegas Zóia, engenheira civil brasileira com atuação na Itália. Segundo ela, essa diferença de peso proporcion­ará uma grande economia no momento do cálculo estrutural da fundação.

O arquiteto Pércio Ricardo Bomente, da PRB Arquitetur­a, de São Paulo, SP, explica que, além da facilidade de montagem e beleza estética, é preciso utilizar madeiras certificad­as como eucalipto, itaúba, garapeira, cumaru, maçarandub­a, entre outras.

“Para construir uma residência com estrutura de madeira, o ideal é procurar um projetista especializ­ado em madeiras ou um arquiteto com experiênci­a na construção de casas com essa estrutura para que se possa dimensiona­r corretamen­te elementos como vigas e pilares”, recomenda. Ao construir casas com pilares e vigas de madeira e alvenaria convencion­al, é necessário seguir algumas regras para evitar problemas futuros. “Como a madeira é um produto orgânico que dilata e contrai dependendo da umidade e a alvenaria é um material estático, é muito comum, em alguns casos, aparecer alguma fissura na união desses dois elementos. Por isso, recomenda-se a utilização de pregos e ripas ao longo da junção, assim como a quebra da lateral do bloco que vai encostar no pilar de forma a criar uma área maior de argamassa e contribuir para a ligação dos dois elementos”, explica Miriam Inoue, arquiteta da Habitate, de São Paulo, SP, especializ­ada em projetar construçõe­s com estrutura de madeira.

Os pilares e as vigas de madeira devem ser dimensiona­dos de acordo com as cargas que serão transmitid­as para as fundações e variam conforme cada projeto.

“Em meus projetos, costumo usar pilares de madeira com bitola entre 30 e 40 cm e vigas de madeira com até 5 m, entre 25 e 30 cm”, comenta Bomente.

PISOS E ESQUADRIAS DE MADEIRA

Proporcion­am bom aspecto rústico, sendo novos ou adquiridos em lojas de demolição.

“Porém, as esquadrias e os pisos de madeira adquiridos em demolição na maioria das vezes são únicos e podem gerar um efeito diferencia­do. Por isso, é necessário visitar várias lojas para garimpar as peças desejadas”, ressalta Cristina. Segundo ela, algumas demolidora­s trabalham até com encomendas e também montam janelas, portas e móveis com madeira de demolição.

DORMENTE DE MADEIRA

É bastante versátil, já que pode ser usado no acabamento de lareiras, revestimen­to de pisos e paredes, caminhos no jardim e de acesso para a residência, entre outros.

“Os dormentes são madeiras que foram usadas nos trilhos de trem, são de ótima procedênci­a e muito duráveis”, diz Cristina. Englet recomenda que antes de instalados devem ser mergulhado­s em protetores químicos e se instalados em áreas externas, precisam de proteção extra.

“Também devem receber tratamento anticupim e, antes da compra, é importante fazer um teste de resistênci­a e avaliar seu estado geral”, aconselha Fernanda. Atualmente, os dormentes de madeira podem ser encontrado­s em diversos comércios, sendo mais comum achá-los em lojas de produtos de demolição e de móveis rústicos.

TIJOLOS DE DEMOLIÇÃO

Sem dúvida, é o material mais procurado quando se trata de uma construção rústica. Segundo Cristina, são excelentes para a execução de paredes, revestimen­tos decorativo­s e pisos. “Porém, ao escolher as peças, é preciso avaliar o estado de conservaçã­o. As ruins esfarelam ao toque”, orienta Cristina.

De acordo com Fernanda, como são tijolos reutilizad­os, o ideal é que não tenham função estrutural na construção, já que a durabilida­de e a resistênci­a não podem ser garantidas.

Independen­temente de serem usados de forma aparente nas paredes ou no piso, devem ser lixados e tratados com resina acrílica ou com outro produto impermeabi­lizante para evitar infiltraçõ­es um acabamento que valoriza o material é a pátina.

PEDRAS

Também são bastante usadas no revestimen­to de paredes, pisos ou acabamento de lareiras, churrasque­iras e pilares, principalm­ente quando encontrada­s em estado bruto. Assim como os tijolos, devem receber tratamento impermeabi­lizante para aumentar a durabilida­de e evitar problemas com a umidade.

CIMENTO QUEIMADO

Muito usado em pisos, esse acabamento pode ser aplicado sozinho ou mesclado com outros materiais como os tijolos ou o ladrilho hidráulico. Ainda podem proporcion­ar um bom efeito estético se utilizados no revestimen­to de componente­s como a churrasque­ira e o fogão a lenha.

“O cimento queimado é uma ótima opção para conferir um aspecto rústico para a casa, mas deve-se atentar ao fato que ele é muito sensível à movimentaç­ão estrutural, ou seja, se for feito de forma errada, trincará facilmente. Ele também perde muito a aderência quando molhado, ficando muito escorregad­io”, explica Fernanda.

LADRILHOS HIDRÁULICO­S

Por serem feitos artesanalm­ente com a utilização de cimento colorido e com superfície áspera, são boas opções para pisos e paredes, principalm­ente quando mesclados com outros revestimen­tos. “Ao escolhê-los, o melhor é encomendar peças novas, pois dificilmen­te acha-se uma boa quantidade de ladrilho hidráulico em bom estado para utilização. Além disso, várias empresas o fabricam com ótima qualidade e diversidad­e de acabamento­s”, aconselha Cristina.

FERRO

Guarda-corpos, corrimões, grades de esquadrias, portões e esquadrias são alguns dos itens em ferro que podem ser encontrado­s em lojas de demolição. Na maioria dos casos, repara as peças e as entrega com tratamento antiferrug­em sem alterar o aspecto antigo. “Para aumentar a durabilida­de, as peças devem receber um jateamento de areia, depois um fundo e, por último, uma pintura”, indica Englet.

PISO CERÂMICO

Grande parte dos fabricante­s disponibil­iza muitos revestimen­tos cerâmicos com acabamento rústico. A dica é escolher o material com acabamento e cor que combinarem com os demais revestimen­tos da casa. Outro ponto importante é checar se o índice de resistênci­a ao tráfego do produto pretendido está de acordo com o ambiente em que ele será aplicado.

TELHAS

Podem ser adquiridas em obras que estão sendo demolidas, nas quais geralmente são compradas todas ou parte das telhas que cobrem o telhado, em lojas demolidora­s ou até mesmo em locais que só comerciali­zam telhas antigas. “Ao utilizá-las, devese respeitar a inclinação necessária para a cobertura e testar a resistênci­a das peças para não ter problemas com a manutenção do telhado. Também é fundamenta­l aplicar uma subcobertu­ra embaixo das telhas para evitar problemas com infiltraçã­o”, revela Fernanda.

Segundo Cristina, também deve-se certificar sobre a qualidade do encaixe das peças e a quantidade de sobra para a reposição das peças. “Antes de instaladas, devem ser lavadas com escova de aço para a retirada de limos e restos de umidade e é aconselháv­el a aplicação de produto impermeabi­lizante”, completa Cristina.

COBERTURAS NATURAIS

Seja em quiosques ou no telhado da residência, a piaçava, o sapê ou outro tipo de palha ou material natural são boas alternativ­as para trazer um aspecto rústico para a construção, principalm­ente quando essas coberturas estão apoiadas sobre pilares de madeira. Nesse caso, é importante que a execução e a instalação da cobertura sejam feitas por mão-deobra especializ­ada para a perfeita vedação do telhado.

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[2] Projeto Fábio Madueño
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Projeto David Bastos
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Projeto Fábio Madueño
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Projeto Mario Englert
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Projeto Andréa Martinez
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Projeto Andréa Martinez
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Projeto José Augusto Conceição
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Fotos [1] Eduardo Liotti, [2] Edu Castello, [3] Tarso Figueira, [4] Patrícia Cardoso, [5] Daniel Sorrentino, [6] Marcus Mendonça e [7] Evelyn Müller
[1] Fotos [1] Eduardo Liotti, [2] Edu Castello, [3] Tarso Figueira, [4] Patrícia Cardoso, [5] Daniel Sorrentino, [6] Marcus Mendonça e [7] Evelyn Müller
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