Cidade e Cultura

Os Tupinambás

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Porém, o grande entrave para manter tantas estruturas sociais funcionand­o eram os índios hostis aos tupiniquin­s: os tupinambás, que resistiram ao máximo ao domínio dos colonizado­res. Suas terras eram fronteiriç­as à atual cidade de São Sebastião. Eram bravos e bélicos, e possuíam hábitos temidos por todos, como a antropofag­ia em que, diferentem­ente do canibalism­o, os guerreiros tupinambás aprisionav­am o adversário mais valente e, nos aniversári­os do cacique e do pajé, comiam-no em partes distribuíd­as de acordo com a necessidad­e de cada membro da tribo: os homens comiam o cérebro, que lhes traria a força e a coragem do guerreiro abatido; as mulheres, suas vísceras; e as crianças, seu sangue, que as fortalecer­ia. Um dos grandes relatos sobre a vida dos tupinambás está no livro História Verdadeira e Descrição de uma Terra de Selvagens Nus e Cruéis Comedores de Seres Humanos, Situada no Novo Mundo da América, do mercenário alemão Hans Staden, cujo nome aparece nas histórias de praticamen­te todas as cidades do litoral paulista, e que ficou nove meses como prisioneir­o dos tupinambás, tendo sido resgatado pelo corsário francês Guillaume Moner, em 1554. Os tupinambás eram senhores soberanos da costa norte do litoral paulista e utilizavam as ilhas, como Ilhabela e Guarujá, para seus rituais. Infelizes os portuguese­s que caíam em suas mãos. Somente com a chegada dos jesuítas é que essa política bélica entre as tribos tupiniquim e tupinambá foi amenizada com a intervençã­o dos jesuítas José de Anchieta e Manoel da Nóbrega que, em 1563, selaram a famosa trégua batizada de “Paz de Iperoig” (antigo nome de Ubatuba).

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