O terror dos mares
A PIRATARIA SEMPRE EXISTIU e é motivo, por parte dos governos, de muitos investimentos na prevenção de ataques. Ainda nos tempos atuais, os roubos de embarcações são representados na mídia e em filmes como Capitão Phillips, que retrata fatos verídicos ocorridos na costa da Somália. Numa versão mais romântica, em que a figura do pirata é retratada como anti-herói, a sequência Piratas do Caribe, dos estúdios Disney, faz com que os telespectadores torçam pelos fora-da-lei. E assim, entre realidade e fantasia, é criado o mito do pirata. O que muitos desconhecem é que as então vilas do litoral paulista foram intensamente atacadas por esses homens intrépidos e cruéis, que saquearam, mataram e aterrorizaram seus habitantes. Tudo começou quando o continente americano foi descoberto e suas riquezas foram extraídas por portugueses e espanhóis. As montanhas de ouro e prata despertaram a cobiça de ingleses e franceses. Muitos saques aconteceram com o conhecimento e a permissão dos reis desses dois países, quando a figura do pirata recebe o nome de corsário, ou seja, tem permissão real para atacar. O mais aterrorizante dessa história não era a abordagem dos navios em alto-mar, mas quando atracavam em terra firme para abastecer suas embarcações com víveres, água, entre outros itens; aí, sim, o terror era instalado. Em meio a esses horrores, lendas e histórias de tesouros levam, até os dias de hoje, muitos aventureiros à caça incessante de moedas e joias, enterradas ou naufragadas.
TESOURO DE TRINDADE
Uma das passagens mais marcantes da história da pirataria foi a do Tesouro de Trindade. O navio, repleto de ouro e prata, foi saqueado por galeões espanhóis, e escondido em algum lugar da costa do Atlântico Sul. Essa história rendeu livros como o Tesouro de Monte Cristo, de Alexandre Dumas. Até
hoje, muitos o procuram intensamente, gastando economias de uma vida toda, como se sabe de episódios no Saco do Sombrio, em Ilhabela, ou na Ilha Queimada Grande, entre Itanhaém e Peruíbe, que rendeu uma série-documentário americana.
MILAGRE DA SANTA
Tudo começou quando, em 1615, o pirata holandês Joris Van Spilbergen invadiu as vilas de Santos e São Vicente. Os habitantes, em fuga, subiram o Monte Serrat, em Santos, para pedir proteção a Nossa Senhora. E foram atendidos! Parte do morro desabou justamente quando os invasores estavam subindo, matando grande parte da turba. O acontecimento fez de Nossa Senhora a padroeira da cidade de Santos.
THOMAS CAVENDISH
Este grande navegador e corsário inglês é o mais citado nas histórias de Ilhabela e Santos por suas terríveis incursões pelas vilas. Por duas vezes, Cavendish parou em Ilhabela para abastecer seus navios, e por duas vezes atacou Santos onde fez prisioneiros, reféns, cometeu assassinatos e roubou muito ouro.
EDWARD FENTON
Foi por conta do ataque do corsário inglês Edward Fenton, em 1583, à vila de Santos que uma das fortalezas mais emblemáticas do período de domínio espanhol foi construída: a Fortaleza da Barra Grande. O canal de Bertioga, que dava acesso ao porto de Santos, era protegido pelos fortes São Felipe e São João, porém a barra de Santos era vulnerável. Por essa fragilidade do sistema defensivo, uma nau mais dois galeões passaram tranquilamente pelo canal e invadiram a vila.
ANTHONY KNIVET
Tripulante da frota de Cavendish, foi capturado, preso e transformado em escravo pela família Correia de Sá, como detalha o livro As incríveis aventuras e os estranhos infortúnios de Anthony Knivet, da editora Zahar.
PIRATA BORGES
Português, estabelecido em Ilhabela e dono de fazenda de cana-de-açúcar, Borges deixou para os aventureiros uma grande esperança de achar seus saques enterrados próximo à sua casa, da qual até hoje existem ruínas e grande buracos escavados por caçadores de tesouros, dentro da Fazenda da Toca.