Criatividade construída
QUANTOS LUGARES NÓS RECONHECEMOS APENAS POR FOTOGRAFIA, sem nunca termos ido lá? Então, é por conta das características ou dos ícones arquitetônicos que ligamos o lugar ao seu nome. Portanto, a arquitetura identifica uma cultura, um povo. Por meio dela, podemos entender os recursos naturais utilizados, o desenvolvimento econômico daquela comunidade e suas relações históricas e sociais.
O desenvolvimento arquitetônico das cidades do litoral paulista é bem diferenciado e facilmente percebido quando o dividimos em três áreas: Litoral Norte; Santos, Guarujá e São Vicente; e Litoral Sul.
O porto de Santos fez com que a cidade se desenvolvesse economicamente e recebesse muitas influências estrangeiras, principalmente na fase áurea do ciclo da cafeicultura. Vários bancos e empresas internacionais se estabeleceram na cidade e muitos santistas também enriqueceram com o café. Quando uma cidade possui essa abertura social, o novo é sempre bem-vindo e valorizado. O resultado dessa aceitação se reflete nos inúmeros edifícios de estilos arquitetônicos diferenciados. Nesse aspecto, cidades fronteiriças, como Guarujá e São Vicente, se beneficiaram por abrigar principalmente a elite paulistana que procurava um local próximo para veraneio, pois o acesso a essa região era facilitada pela rodovia Caminhos do Mar – ou, como depois ficou conhecida, a Estrada Velha de Santos.
No Litoral Norte, locais como Ubatuba, que também abrigou um porto e onde originalmente a produção de cana-de-açúcar e depois de café promoveu o desenvolvimento da região em certo período, condição esta modificada quando as terras produtoras de café do Vale do Paraíba se esgotaram, podemos avistar várias edificações suntuosas, assim como nas cidades de São Sebastião e Ilhabela, grandes produtoras de cana-de-açúcar.
No Litoral Sul, a banana foi uma grande propulsora de desenvolvimento, em geral mais voltado para a agricultura. Então, a área urbana não recebeu tantos incentivos para grandes construções.
Como podemos concluir, é possível deduzir o desenvolvimento econômico e social de uma região pela observação das construções em sua área urbana.