NAUFRÁGIOS
Um mundo submerso à parte repleto de histórias e mistérios
Um verdadeiro cemitério submerso faz das águas de Ilhabela um perfeito festival para mergulhadores. Muitas são as explicações para tantos desastres navais, como por exemplo, o suposto magnetismo ou a “maldição” que o arquipélago possui. Mas deixando os “achismos” de lado, os fatos são concretos, pois mais de 10 grandes naufrágios ocorreram por essas bandas.
Dart
O cargueiro Dart levava, do porto de Santos para Nova York, o café do Oeste Paulista, além de 5 passageiros, malas postais e 56 tripulantes. Foi na noite de 11 de setembro de 1884 que uma forte tempestade empurrou a embarcação contra a Laje do Sapata, nos arredores de Alcatrazes e, logo em seguida, naufragou na Ponta de Sepituba, em Ilhabela. Todos os tripulantes e passageiros sobreviveram, exceto o Oficial Chefe Wilian T. J. H., que foi dado como desaparecido.
Caiçaras e mergulhadores chamam Dart de navio das louças, pois, por muito tempo, ainda encontravam-se, dentro dele, louças de porcelana inglesa com o brasão do correio britânico, que eventualmente eram vendidas na Vila.
Velásquez
O transatlântico Velásquez, da linha da Lamport & Holt, atracou no porto de Santos, vindo de Buenos Aires, para embarcar passageiros e 2.133 sacas de café, que seriam levadas para Nova
York. No dia seguinte, 16 de outubro de 1908, chovia forte e o mar estava muito agitado quando
Velásquez foi envolvido por uma vasta cerração. Não se sabe ao certo o motivo, mas há grandes probabilidades de que foi por erro de navegação que o transatlântico se chocou com as rochas de Bustamante, próximo à Ponta da Sela e afundou. Quase toda a tripulação e os passageiros se salvaram com botes.
Muitos mergulhadores visitam o Velásquez pelo seu fácil acesso. Ainda é possível ver muitos pedaços do navio envoltos por uma grande variedade de peixes coloridos e outros tantos tipos de vida marinha.
Hathor
Noite de 24 de março de 1909. A tripulação de 22 homens do Hathor, da armada Gourlay, deparouse com uma forte cerração, no trajeto entre Rio de Janeiro e Santos. O vapor encalhou na costa de Ilhabela, nos rochedos da laje próxima à Ponta da Sepituba.
Therezina (Ex Siegmund)
47 mil sacos de farinha de milho e outras cargas foram despachados do porto de Santos com destino à França, através do vapor brasileiro
Therezina. Mas o inesperado aconteceu. No dia 3 de fevereiro de 1919, a estação telegráfica do Monte Serrat de Santos foi comunicada do encalhamento do vapor sobre as pedras do chapadão sul da Ponta do Boi, em Ilhabela. Relatos das embarcações que buscavam o resgate da tripulação do Therezina descreviam o navio quebrado em dois, em estado de perda total. Felizmente, todos foram salvos. Os motivos do encalhe são desconhecidos, sendo melhor aceita a suposição de que a correnteza fez o navio sair da rota e bater na costa da ilha.
O Therezina tinha o nome de
Siegmund, pois teve sua origem na Alemanha. Foi confiscado pelo governo brasileiro por refugiar-se em águas nacionais sem permissão, sendo então rebatizado e transformado em navio cargueiro. Sua hélice está exposta em frente ao Museu de Naufrágios.