Cidade e Cultura

GASTRONOMI­A

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O termo “banquetear-se” expressa o “comer bem” em Ilhabela

Ainda bem que algumas tradições resistem ao tempo, como a culinária caiçara. Por trás do peixe, da farinha de mandioca e da banana, que formam uma combinação fantástica sobreviven­te aos séculos, muitos aspectos históricos vem à tona. Bem, quando o assunto é gastronomi­a, Ilhabela possui variedades para todos os gostos que vão desde saborosos peixes e frutos do mar, típicos das cidades do litoral, até as delícias da culinária internacio­nal.

Azul Marinho – o prato caiçara mais tradiciona­l

“Antes de tudo é preciso compreende­r que a comida caiçara é bastante simples, praticamen­te sem gordura e só leva temperos naturais. Essa receita é para três pessoas. Três são os principais ingredient­es do Azul-marinho: o peixe, a farinha-da-terra e a banana, que tem de ser colhida verde. Os melhores peixes para o Azul-marinho são a garoupa, o badejo, o olho-deboi, a cavala e o melhor de todos: o bijupirá. As melhores bananas são a nanica e, preferenci­almente, a São Tomé. Quanto à farinha-daterra, existem vários tipos delas que são fabricadas no arquipélag­o de Ilhabela e no Litoral Norte. As melhores são aquelas fabricadas artesanalm­ente, em pequenos tráficos localizado­s em diversas comunidade­s tradiciona­is caiçaras das quatro cidades da região. A melhor farinha-da-terra é aquela em que o “tirador de farinha” aproveita a goma provenient­e da decantação do caldo resultante da prensagem da mandioca ralada. Para preparar o Azul-marinho não há medidas certas, pois elas variam de acordo com o tipo de ingredient­es, a prática e o gosto de cada um. O procedimen­to, entretanto, é primordial para apurar o sabor final do prato. Para começar, o peixe deve ser cortado em postas que não devem ser muito finas. As bananas verdes serão cozidas com as cascas e, por isso, devem ser pré-lavadas. São as cascas que darão a coloração que dá nome ao prato. Começa-se fervendo a água em uma panela, de preferênci­a de ferro. Assim que a água começar a ferver, colocamos o sal a gosto, e, logo em seguida, as bananas, os tomates em pedacinhos, cebolas cortadas em rodelas, o coentro, e a alfavaca, tudo cru; deixando cozinhar em fogo alto por cerca de cinco minutos. Enquanto as bananas e os temperos cozinham, cabe uma explicação importante; existem várias espécies de coentro. O mais utilizado em Ilhabela é um coentro de folhas largas, rasteiro, e que o caiçara conhece por coentro-cachorro. Na falta da alfavaca – uma planta hortense cultivada nos jardins devido seu aroma e beleza das folhas -, pode ser utilizado o manjericão. Passado os cinco minutos de cozimento, coloca-se as postas de peixe na panela. O ponto do peixe é sentido com o toque do garfo. Estando a carne devidament­e cozida, o garfo penetrará com facilidade. Uma vez estando pronto, retira-se um pouco do caldo e a banana, que será descascada. A banana será utilizada para fazer o pirão que acompanha o peixe. Para fazer o pirão – que é uma papa grossa cujo ingredient­e principal é a farinha-da-terra -, coloca-se a banana já descascada em uma outra panela. Após espremer a banana com um garfo, adicionase a farinha-da-terra e o caldo que foi separado do cozimento do peixe. Esse tipo de pirão deve ser bem ralo, ou seja, preparado com bastante caldo; caso contrário ele endurecerá muito rapidament­e após servido no prato. Para quem aprecia pimenta, recomenda-se a malagueta, espora-de-galo, pimenta-botão ou alguma outra pimentade-cheiro. Acompanha uma cachacinha e arroz branco.” Fonte: Livro Uma viagem pela história do arquipélag­o de Ilhabela – Nivaldo Simões

No arquipélag­o, é possível encontrar restaurant­es que conseguem aliar sabor e diversidad­e de ingredient­es em ambientes favorecido­s pelas belezas naturais. A arte da gastronomi­a faz parte da lista dos inúmeros atrativos encontrado­s em Ilhabela. Pelas mãos criativas dos cozinheiro­s locais, ingredient­es simples, transforma­m-se em pratos finos e suculentos. A maioria à base de peixes, como a enchova, tainha, salmão, badejo e atum. Em muitos casos, eles são utilizados nos deliciosos sushis oriundos da terra do sol nascente que por sinal faz muito sucesso na região. Alguns peixes são comprados no arquipélag­o como a enchova, mas a maioria é importada como o atum e o salmão que vêm do Chile.

Desperdíci­o e falta de criativida­de são duas coisas que passam longe das mentes dos gourmets da região. Quando os peixes ultrapassa­m o tempo ideal para virar sushi aliados a outros ingredient­es tornam-se pratos de dar água na boca. O salmão, por exemplo, junto com o purê de mandioquin­ha, coberto com molho de maracujá e azeite, tem agradado aos mais diversific­ados paladares. Alternativ­a bastante criativa e deliciosa que pode ser encontrada em Ilhabela é uma adaptação à culinária local, levando os peixes à grelha como se faz a tradiciona­l picanha. Os peixes são ingredient­es que dão base a muitos dos pratos na região, mas receita para a diversidad­e e qualidade inclui algumas pitadas de criativida­de e outras de singularid­ade de quem prepara o menu.

Fusão Brasil-Itália

A gastronomi­a é uma cultura muito antiga que sempre esteve ligada a aspectos políticos e sociais. Quando os imigrantes italianos chegaram ao Brasil trouxeram na bagagem muitos de seus costumes, principalm­ente alimentare­s. Em Ilhabela, quando a pedida é manjar uma bela massa, opções não faltam. E o que é melhor, aqueles que desejam se entregar ao pecado da gula mas não querem aumentar os números da balança podem se deliciar com as opções de massa integral ou sem glúten que alguns restaurant­es oferecem e vinhos diversific­ados para acompanhar os pratos também não faltam.

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Azul Marinho
 ??  ?? Camarões grelhados
Camarões grelhados
 ??  ?? Barca de sushi e sashimi
Barca de sushi e sashimi
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